Vim de Israel para visitar o Rebe no mês festivo de Tishrei, 1973. Durante aquela visita, notamos muitas mudanças na conduta regular do Rebe. Ele chorava profusamente enquanto tocava o shofar em Rosh Hashaná, bem como no encerramento de Yom Kipur. Durante o decorrer dos Dez Dias de Arrependimento (no mesmo momento em que os inimigos de Israel estavam finalizando seus planos para um ataque surpresa, como soubemos depois), o Rebe convocou encontros de crianças “para subjugar o inimigo”. E ele passou horas distribuindo moedas, para caridade, às crianças – outra mudança de sua norma na época. Quando Yom Kipur começou, entendemos sobre o que era tudo isso.
Eu deveria ter uma audiência com o Rebe no dia após Yom Kipur, mas fui informado de outra mudança: o Rebe queria rezar no local de descanso do Rebe Anterior, e todas as audiências planejadas para aquela noite foram canceladas. Obviamente, isso era devido à difícil situação em Israel. Fui remarcado para depois de Sucot.
Entre as questões, eu esperava discutir sobre a gravidez da minha esposa. Na época, Chava Chaya estava grávida de nosso segundo filho. Porém, como eu disse ao Rebe, tudo estava sendo muito difícil até então, e repleto de problemas.
“Com a ajuda de D'us,” o Rebe me assegurou, “vocês terão nachas dos seus filhos.”
Notei que ele dissera “filhos” no plural, e entendi que não havia nada sobre o qual me preocupar. E tudo foi bem: nosso filho Itzik nasceu e também tivemos outro filho e uma filha, não muito tempo depois.
Mas então os problemas realmente começaram. Minha esposa teve uma sequência de seis abortos. Todo médico que consultamos dizia que se ela quisesse ter outro filho, deveria passar por uma cirurgia para corrigir um problema no útero. Na condição atual, eles advertiram, ela não deveria engravidar. Quando escrevemos ao Rebe, ele nos disse para seguir “o conselho de um médico que é um amigo.”
Em 1981, Chava Chaya ganhou uma rifa de uma viagem para visitar o Rebe no 770. Ela levou junto nossa filha mais velha, Shaindel Yaffa, e planejou pedir ao Rebe outra bênção para filhos.
Durante sua audiência, o Rebe primeiro falou com Shaindel. “Você acende velas de Shabat?” ele perguntou. Ela disse que sim, e ele lhe deu um dólar. Então ele voltou-se para minha esposa. Abordando suas esperanças, e ansiedades sobre dar à luz, ele mais uma vez instruiu que deveríamos consulta um “médico que seja um amigo.” Minha esposa saiu um pouco desapontada; ela tinha esperado por uma bênção – queria evitar completamente a necessidade de médicos.
Na reunião pública no próximo Shabat, o Rebe encorajou as pessoas a terem muitos filhos, algo que ele falava com frequência e entusiasmo durante aquele período. Toda alma adicional que vem ao mundo, ele disse, é outro lugar para a Divina Presença repousar.
Após o farbrenguen, minha esposa caminhou pela rua, refletindo sobre a palestra do Rebe bem como sobre seu sofrimento pessoal. Dali a poucos dias, ela teria de voltar para Israel, com suas preocupações ainda não resolvidas. Então, ela encontrou o Rabino Yaroslavsky, o rabino da comunidade Nachlat Har Chabad que não fica longe de onde moramos. Ele sabia algo sobre a nossa situação, e minha esposa partilhou suas incertezas com ele.
“Escreva ao Rebe que você gostaria de responder a este chamado para ter filhos,” Rabi Yaroslavsky aconselhou, “e que você está pedindo que ele a abençoe, e prometa que tudo vai dar certo, sem necessidade de ajuda dos médicos.”
Ela fez exatamente aquilo, e o Rebe respondeu: “Que seja com grande sucesso, e com saúde física e espiritual.”
Após uma resposta como aquela, ela viajou de volta a Israel sentindo-se muito mais encorajada. Não demorou muito e ela ficou grávida, e quando ela subsequentemente apresentou alguns possíveis sinais de outro aborto, lembramos da bênção do Rebe e mantivemos nossa fé de que tudo daria certo. E assim foi, com o nascimento de nossa segunda filha, Chana.
Mas depois disso, houve outro aborto. Mais uma vez, ela escreveu ao Rebe e pediu outra bênção para um filho saudável. A isso ele respondeu que iria rezar por nós no local de descanso do Rebe Anterior.
Logo estávamos esperando outro bebê, mas a certa altura, todos os sinais de aborto apareceram novamente. No Hospital Shaarei Tzedek de Jerusalém, minha esposa falou com um especialista, que fez um ultrasom. Após o exame, ele informou que tinha havido, usando o termo médico, “um aborto retido”. O feto já estava morto, e teria de ser removido rapidamente para evitar a possibilidade de septicemia, o que a colocaria em risco.
Liguei imediatamente para o Rabino Hodakov, o secretário do Rebe. Parecia que o Rebe estava presente, porque quando perguntei o que deveríamos fazer, ele fez uma pausa por um momento e tive logo a resposta do Rebe. “O Rebe disse para perguntar a um rabino”, ele disse.
Voltamos até nossa autoridade haláchica local, Rabino Yaroslavsky, que nos disse para esperar, para ter certeza de que não estávamos abortando um bebê vivo. Embora o médico dissesse em termos não incertos que o feto não estava vivo, o rabino estava inclinado a nos encorajar a esperar.
Então, após duas semanas, minha esposa começou a sentir grave dor abdominal. “Isso é exatamente o que o professor em Shaarei Tzedek disse que iria acontecer,” pensamos com nós mesmos. “Ele nos disse que poderia haver complicações se não fizéssemos o procedimento.”
Quando liguei novamente para o rabino Hodakov, ouvi o Rebe por perto. “Eu já disse a ele para perguntar a um rabino. Que seja bem sucedido.”
Quando retornei ao Rabino Yaroslavsky, ele nos disse para esperar até a festa de Shavuot. “Tenho um amigo próximo que é médico em Ashkelon, vamos falar com ele após Yom Tov,” ele propôs. Após Shavuot, chamamos seu amigo Dr. Shlazinger, que nos convidou para ir ao seu hospital em Ashkelon. Lá eles examinaram minha esposa, fizeram outra sonografia, e – maravilha das maravilhas – tudo estava bem!
“Mas então de onde vem a dor?” perguntamos. Após outro exame descobrimos: ela tinha uma úlcera no estômago, que não tinha nada a ver com a gravidez.
Graças a D'us, e apesar de outros vários problemas que surgiram nos meses seguintes, nosso filho Menachem Mendel nasceu saudável, assim como o Rebe tinha prometido. Até hoje, temos mantido o relato de que o professor em Shaarei Tzedek, determinando que o feto não estava mais vivo. Com a bênção do Rebe, pudemos testemunhar um verdadeiro milagre.
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