Quando o Rebe completou setenta anos, ele incentivou seus chassidim a estabelecerem novas instituições. Tive a honra de estar presente no farbrenguen quando o Rebe celebrou seu 70º aniversário. Lembro-me nitidamente do Rebe dizendo que algumas pessoas estavam falando a ele que agora era tempo de descansar, diminuir o trabalho e se aposentar, mas ele ao contrário, acreditava que era o tempo para começar a trabalhar com vigor ainda maior, como declara o Pirkei Avot, Ética dos Pais: “aos oitenta [a pessoa atinge] força.”

Ele então concluiu: “Portanto como a partir dos setenta, estamos nos movendo na direção dos oitenta, no decorrer deste ano, pelo menos setenta e uma novas instituições devem ser estabelecidas.”

“Serei um parceiro com todo indivíduo que irá dedicar-se a este projeto,” o Rebe se comprometeu. “Com o dinheiro que tem sido doado para o Fundo dos Setenta, vou cobrir pelo menos dez por cento das despesas envolvidas em estabelecer essas setenta e uma instituições.”

Em 1972, eu já tinha atuado por sete anos como emissário do Rebe na Costa Oeste e quando ouvi as palavras do Rebe, imediatamente passei um recado através do seu secretário de que eu e minha equipe iríamos estabelecer sete dessas setenta e uma instituições.

Na minha opinião, há apenas dois tipos de pessoas neste mundo – aquelas que acreditam, e aquelas que não acreditam. Para aquelas que acreditam, tudo é possível, e não há perguntas. Para aquelas que não acreditam, não há respostas. Portanto, embora não soubéssemos de onde viriam os fundos, acreditamos e – junto com os emissários que se empenharam para a tarefa – conseguimos estabelecer não apenas sete centros Chabad, mas doze.

No dia seguinte, nossa delegação da Califórnia teve uma audiência com o Rebe durante a qual o presenteamos com uma coroa de prata para colocar em seu Sefer Torá pessoal. Convidei também o Rabino Chaim Itche Drizin, que então trabalhava ao norte da Califórnia como professor de Talmud Torá, para juntar-se a nós.

Perguntei a ele: “Você gostaria de atuar como emissário do Rebe?”

E ele respondeu: “Eu adoraria.”

Durante a audiência, apontei para o Rabino Drizin e disse ao Rebe: “Ele vai estabelecer o primeiro Beit Chabad dos sete que prometemos.”

E o Rebe nos olhou e sorriu.

Em 1965 quando fui para a Califórnia, o Rebe me disse: “Shlomo, zoist aynnemen gantz Califórnia – Shlomo, você deveria conquistar toda a Califórnia.”

“O que o Rebe quer que eu faça?” perguntei. “Eu deveria lidar primeiro com as cidades grandes ou com as cidades menores?”

“Concentre-se nas menores,” o Rebe respondeu. “Eu soube que há muitos estudantes judeus em Berkeley.”

Mas demorou um certo tempo para montar nossa equipe e organizá-la para ficarmos prontos para ir para lá.

Quando eu – junto com meu conselheiro e apoiador – Marvin Golsmith – estabelecemos o primeiro Beit Chabad no campus de uma faculdade em Los Angeles, demos ao Rebe uma cópia da chave. Ele a pegou e perguntou: “Para qual Chabad é essa?”

“Há somente um,” Marvin disse.

“Não seja tão humilde,” o Rebe respondeu. “Vamos espalhar do oeste para o norte, e do norte ao sul. E então para o leste onde realmente precisamos.”

Na verdade, isso é o que aconteceu em 1972. Abrimos um Beit Chabad em Berkeley(nordeste de San Francisco) com Rabino Drizin como diretor, e outro em San Diego (a cidade mais ao sul da Califórnia) dirigido por Rabino Yaakov Krantz.

Esses centros – e os outros que fundamos naquele ano – aumentaram os 220 Beit Chabad que atualmente se espalham pela Califórnia e Nevada.

Expandindo tão rapidamente, tínhamos de conseguir uma fortuna, e embora tivéssemos sucesso, ainda tivemos de pedir emprestado $200.000.

No ano seguinte, fiz um relato ao Rebe sobre todas as novas instituições. Mas não mencionei nada sobre o empréstimo, pois nunca me sentiria à vontade para pedir dinheiro ao Rebe. Achava que não era a maneira pela qual um filho deveria abordar um pai. O Rebe leu meu pensamento e me olhou:

“Você precisa de dinheiro?” ele perguntou.

Eu não respondi.

“Quanto você precisa – duzentos mil?”

Abanei minha cabeça em silêncio.

O Rebe então disse: “Darei a você duzentos mil dólares.”

Pensei que eu iria entrar em colapso! Jamais esquecerei aquele momento em que o Rebe abriu a gaveta da sua mesa e começou a contar as notas.

Ele me pediu para aproximar-me e me presenteou com um pacote de notas de cem dólares. “Estou lhe dando apenas mil dólares,” ele disse sorrindo. “Portanto agora vá e venda cada uma dessas notas por vinte mil, e você terá duzentos mil.” Aconteceu exatamente como ele dissera – com as notas que o Rebe me deu naquele dia, consegui tudo que precisava.

Minha primeira parada foi para ver um filantropo com quem eu tinha uma forte conexão. Eu o ajudei a realizar seu Bar Mitsvá tarde na vida e regularmente o ajudava a colocar tefilin. Eu disse a ele: “Estou trazendo a você uma bênção especial do Rebe,” e entreguei a ele uma nota de cem dólares.

“O Rebe vai manter você em suas preces, e com a ajuda de D'us, tudo que você precisar irá acontecer.”

Foi como eu consegui os primeiros vinte mil dólares. Imediatamente, liguei para o secretário do Rebe, Rabi Mordechai Hodakov, para relatar o que aconteceu e o que estava prometido a este indivíduo cujo nome hebraico eu também forneci. (O Rebe estava ouvindo na linha).

Minha primeira parada foi muito parecida. Este indivíduo em particular estava magoado porque seus netos se distanciaram dele, e não queriam mais se conectarem ao Judaísmo. Eu disse a ele para me dar seus nomes e que passaria ao Rebe.

Ele deu-me um cheque, e relatei o que acontecera a Rabi Hodakov com todos os detalhes. Como uma continuação da história, posso confirmar que os netos deste homem por fim retornaram ao Judaísmo.

Minha terceira visita foi a um sobrevivente do Holocausto que tinha uma questão semelhante e o resultado foi o mesmo. Então houve dois parceiros – cunhados, um sefaradita e o outro askenazita – que precisavam alavancar milhões de dólares para o desenvolvimento de um projeto. “Deem-me seus nomes em hebraico e irei transmitir seu pedido ao Rebe.”

Esses dois empresários sabiam que o Rebe era um homem sagrado, líder da geração, assim como Moshê foi o líder da geração do Êxodo. E sua fé foi recompensada. Um deles se tornou multibilionário, entre as pessoas mais ricas do mundo. O outro também está muito bem financeiramente.

Foi isso que ocorreu: todo doador teve suas preces mais ardentes respondidas. E pudemos dar ao Rebe uma chave para todo Beit Chabad que construímos naquele ano.