Meu relacionamento com Lubavitch começou quando Rabino Moshe Feller, há muito tempo representante Chabad em Minnesota, foi à minha loja, comprar alguns objetos para sua sucá.
Eu tinha crescido perto de Nova York, antes de ir para Minnesota para iniciar um negócio. Rabino Feller nasceu em Minnesota, e tinha retornado para lá como emissário Chabad apenas alguns anos antes de eu chegar ali.
Observei quando ele estava saindo da loja: barbas não eram estranhas então, mas ele usava tisitsit, portanto reconheci que ele era um judeu ortodoxo – e provavelmente, um rabino. Apresentei-me a ele, e aquilo se tornou o começo de um relacionamento muito longo e especial – não apenas para mim, mas também para meus filhos e minha esposa.
Por sugestão do Rabino Feller, minha esposa e eu fomos ver o Rebe e nos encontramos com ele várias vezes no decorrer dos anos. Também tive a oportunidade de frequentar um farbrenguen no 770 da Eastern Parkway, que o Rebe liderava com enorme espírito, e fui convidado a falar numa convenção para emissários Chabad, onde discursei para uma multidão de três mil homens.
A primeira vez que encontramos o Rebe foi em 1971, e eu ainda não era Senador dos Estados Unidos. Na verdade, eu ainda não estava na vida pública, eu era apenas um empresário de 41 anos de idade começando a criar meu caminho na vida.
Quando entramos no seu escritório no 770, fiquei profundamente impressionado pela aparência do Rebe. Quando alguém pensa no líder de um movimento global, espera um escritório que seja pelo menos um tanto grande. Mas o escritório do Rebe era pequeno e estava repleto de livros.
O Rebe falou comigo e minha esposa sobre educação. Ele disse para ensinarmos Torá aos nossos filhos e para educá-los como judeus. Esse era o tema recorrente de todos os nossos encontros com o Rebe. Ele sempre nos lembrava que o futuro do nosso povo está com nossos filhos e que é essencial para a geração mais jovem receber uma educação judaica. Ele também falava sobre a importância de criar escolas judaicas, e isso é algo que eu tenho ajudado em Minnesota.
Na verdade, foi a educação judaica que inicialmente me levou a tornar-me um verdadeiro apoiador do Movimento Chabad-Lubavitch. Eu ia a muitas das pequenas cidades em Minnesota, onde tínhamos lojas, e havia três ou quatro famílias judias morando ali – e às vezes até menos que isso. Descobri que Chabad tinha feito contato com todos eles, e enviei-lhes na época fitas cassete para que tivessem suas próprias pequenas “escolas de domingo” e seus filhos pudessem fazer o bar mitsvá.
A esposa do Rabino Feller, Mindy, também viajava a muitas dessas pequenas cidades, o que me impressionava porque o restante da comunidade judaica organizada não fazia isso.
Mais tarde, quando tornei-me um membro do Senado Americano, o Rebe continuou a falar sobre a importância da educação, não apenas em escolas judaicas, mas para todas as crianças. Ele acreditava que até nas escolas públicas deveria haver um elemento de Divindade. Ele sugeria frequentemente que houvesse um momento de silêncio – um momento para prece silente ou reflexão – ao princípio de cada dia.
O momento de silêncio era algo em que eu acreditava, e continuei a advogar para isso como Senador. Em 1983, o Senador Jacob Hecht de Nevada e eu introduzimos algumas declarações que o Rebe tinha feito sobre o assunto no Registro Congressional do Senado.
Como o próprio Rebe explicava naquelas declarações, para manter as regras civilizadas da lei e da ordem” das quais dependem nossa liberdade e nossos direitos humanos, as crianças precisam ser criadas com um senso moral. Se queremos que nossos filhos cresçam para se tornarem cidadãos respeitadores da lei, eticamente criados, cidadãos produtivos” eles precisam ter um senso mais profundo de certo e errado. O momento de silêncio é para dar-lhes tempo para pensar sobre o Ser Supremo que vigia como agimos – “O Olho que vê e o Ouvido que escuta,” era como ele se referia – ou, com a orientação de seus pais, pensar sobre seu propósito na vida ou em seus planos para o dia.
Infelizmente, as pessoas que dirigem a educação dos Estados Unidos não sentem que qualquer tipo de experiência religiosa, ou até a mera menção da religião, é apropriada em escolas. Isso é muito negativo, porque religião, é claro, desempenha um papel importante na sociedade como um todo, bem como na vida dos indivíduos, portanto crianças pequenas devem entender seu significado. Como o Rebe dizia, um momento de silêncio no início do dia iria seguir um longo caminho em “restaurar esse notável país para seus ideais éticos morais, assim, aumentando o bem estar e a segurança de todos os cidadãos.”
Eu tive outra experiência interessante no Senado sob circunstâncias semelhantes, mas numa outra ocasião. Eu tinha sido solicitado a ler no registro do congresso uma palestra que o Rebe tinha feito sobre o mandamento de “ser frutífero e se multiplique”. Na época, muitas pessoas estavam preocupadas com a crescente população do país, e estavam advogando por “crescimento zero da população”. Em resposta, o Rebe falou sobre a importância de ter famílias grandes. Ele fez o Rabino Feller pedir-me para ler seu discurso na gravação, o que fiquei muito contente em fazer.
Isso provocou a reação da esposa de um dos oficiais executivos chefes da General Mills, uma grande corporação nacional localizada ali em Minnesota, criticar-me. Numa carta muito severa, ela chamou o Rebe de “um líder religioso arcaico,” e disse que ele não sabia nada sobre o assunto.
Eles eram meus apoiadores, e essa foi uma carta difícil. Mas, respondi diretamente, e disse que o Rebe tinha um grande senso de vida moderna e não era, de maneira alguma, arcaico.
“O Rebe, que viu durante sua vida o assassinato de um terço do seu povo,” eu escrevi a ela, “tem todo direito de falar sobre multiplicar e aumentar o número da nação judaica.” (Embora eu devesse dizer, o Rebe estava falando sobre todos os povos e não apenas os judeus.)
A mensagem do Rebe era importante e – como alguém que conhecia muito sobre o assunto – justificava-se totalmente expressar aquelas opiniões.
Crescimento da população não era a ameaça que aquela senhora dizia ser.
Pessoalmente, o ensinamento do Rebe sobre aumentar famílias judaicas era algo que levávamos no coração. Tínhamos quatro meninos, um dos quais agora é muito observante. Isso pode ser pequeno pelos padrões Lubavitch, mas mesmo assim nos fez tornarmo-nos orgulhosos avós muitas vezes. E temos seguido o conselho do Rebe de dar a eles uma educação judaica – criamos todos eles para serem muito conscientes do nosso Judaísmo, de Chabad, e da Terra de Israel e o que significam para o nosso povo.
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