Embora eu venha de uma família de chassidim Radomsker, fui educado em escolas não chassídicas – frequentava Torah Vodaas em Nova York no curso médio e então a yeshivá Telz em Cleveland, e recebi minha ordenação rabínica de Rabi Moshe Feinstein, o legendário educador da lei judaica na América.
Eu ainda ia para tribunais chassídicos, e quando surgia um problema, era ali que eu ia em busca de ajuda.
No Shabat, no inverno de 1968, enquanto morávamos em Montreal, minha esposa Frieda deu à luz ao nosso segundo filho, Yossi. Ela tinha entrado em trabalho de parto na manhã da sexta-feira e chegamos ao hospital cedo para evitar qualquer violação do dia sagrado. O bebê nasceu naquela noite sem complicações e ficamos muito felizes.
Fui para casa dormir e voltei após as preces matinais, pois o hospital – Jewish General – estava a uma considerável distância. Mas quando cheguei, imediatamente vi que havia problemas. O bebê tinha sido colocado numa incubadora e estava ligado a todos os tipos de instrumentos; parecia que estava tendo problema para respirar, e os médicos e as enfermeiras estavam correndo para lá e para cá, muito preocupados.
A situação do bebê não melhorava durante o dia, e nosso pediatra me informou que Yossi teria de ser transferido para o Hospital Infantil naquela noite, porque ali eles não conseguiam descobrir qual era o problema.
Enquanto minha esposa ficava no Jewish General, eu segui a ambulância que transferiu o bebê para o outro hospital onde foi levado para a emergência. Após passar um longo tempo, quando presumi que estavam cuidando dele, um médico foi falar comigo. “Sr. Abramczyk, temos de ser realistas,” ele disse. “Este bebê pode não sobreviver a essa noite.” Aquelas foram suas palavras exatas, e me deixaram em choque.
“O que eu devo fazer?” perguntei, tremendo.
“Vá para casa,” ele respondeu. “Não há nada que possa fazer aqui, e manteremos contato pelo telefone. Se houver alguma mudança, informaremos você.”
Então fui para casa. Naquela hora, era meia-noite e eu rezava em lágrimas. Então comecei a pensar a quem eu poderia chamar por ajuda – quem entre os tsadikim estaria acordado naquela hora para ser capaz de dar uma bênção ao meu bebê para sua recuperação.
Liguei para Rabino Moshe Feinstein, é claro. E chamei a todos em quem podia pensar. Chamei o Rebe Bobover no Brooklyn. Chamei o Rebe Skverer em New Square. Chamei até o Rebe Guer em Israel. Todo foram muito gentis. Cada Rebe me deu uma bênção de que D'us iria ajudar meu bebê. Cada Rebe me disse para não desistir e confiar em D'us.
E então liguei para o Rebe de Lubavitch. Eu sabia que o costumeiro farbrenguen comemorando o falecimento do Rebe Anterior em Yud Shvat estava programado para aquela noite, e estava em progresso. Liguei mesmo assim, e ouvi o telefone tocar e tocar, e tocar. Estava pronto para desistir, quando de repente o secretário do Rebe, Rabino Leibel Groner, atendeu.
“Você teve muita sorte,” ele disse. “Somente ouvi o telefone tocar por que o Rebe me enviou para pegar um livro para ele no escritório.”
O Rebe geralmente não pedia livros durante um farbrenguen, mas naquele momento ele o fez.
Implorei a ele: “Por favor, não desligue... Por favor, volte ao farbrenguen e coloque meu pedido na frente do Rebe.”
Fiquei no telefone, segurando a ligação, chorando e recitando salmos. Após cerca de dez minutos, Rabi Groner voltou e me disse que o Rebe tinha me dado uma bênção: “D'us vai ajudar você. Seja forte e não desista. D'us certamente vai ajudar você.”
Mas o Rebe não ficou somente nisso. Alguns dias depois ele me enviou uma carta muito calorosa, aconselhando-me a checar meu tefilin e minhas mezuzot. É claro, eu fiz aquilo, mas nada de errado foi achado.
Enquanto isso, o bebê começou a melhorar. Embora não fosse esperado que ele sobrevivesse à noite de sábado, ele ainda estava vivo no domingo.
Na quarta-feira, ele estava indo muito melhor, e minha esposa e eu fomos ao Hospital Infantil para uma conferência com o médico que estava cuidando do tratamento de Yossi. Na frente dele havia uma grande pilha de papéis, e ele a abriu e começou a ler para nós. Ele lia um relato médico após o outro, de um especialista diferente oferecendo uma potencial diagnóstico.
O primeiro relato dizia que era possível que o bebê tenha engolido parte do líquido amniótico durante o nascimento, mas ao examinar, isso provou não ser o caso. O segundo relato sugeria que ele poderia ter um buraco em um dos pulmões, mas aquilo também não era o caso. Página por página ele seguia, lendo as várias teorias e possibilidades, todas que tinham sido escritas. E então ele fechou o arquivo, olhou para nós e disse:
“Sr. E Sra. Abramczyk, façam um favor para si mesmos e um favor para o bebê.
Levem-no para casa e esqueçam que isso aconteceu. Seu bebê está 100% saudável.”
Essas foram suas palavras.
“Doutor,” eu disse, “não creio que vá entender isso, mas sabemos que este bebê é saudável pela graça de D'us.”
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