Durante os anos em que atuei como prefeito de Afula, tornei-me muito próximo dos emissários Chabad da cidade – Rabinos Chaim Sholom Segal e Shlomo Segal – e passei a considerá-los não apenas como bons amigos mas como meus irmãos.

Então chegou a hora em que eu, e o conselho da cidade de Afula, decidimos presentear o Rebe com uma chave da cidade – uma chave dourada simbólica num estojo elegante – como um marco de apreciação pela importante contribuição que seus emissários estavam fazendo para a cidade.

Antes de realmente presentear o Rebe com a chave, comecei a atuar como membro do Knesset, e fui nomeado Vice-ministro da Defesa, tornando-me responsável pela proteção da fronteira de Israel.

Dois meses depois – durante Sucot de 1991 – fui visitar o Rebe em Nova York com minha esposa Ruti. Estivemos lá por alguns dias, e fomos recebidos pelos chassidim Chabad em Crown Heights. Na tarde de Hoshaná Rabá – que coincidia com domingo naquele ano – o Rebe estava distribuindo dólares, e fiquei na fila para entregar a ele a chave cerimonial da cidade de Afula. A conversa que tive com o Rebe nessa ocasião causou uma profunda impressão em mim.

Antes mesmo que eu conseguisse me apresentar, o Rebe começou a falar comigo em grande detalhe sobre os tipos de mísseis que o inimigo tinha e que poderiam colocar em perigo a frente interna. Fiquei surpreso pelo vasto conhecimento que ele demonstrava sobre os tipos de munição que nossos inimigos tinham e os perigos que poderia vir deles.

Fiquei ainda mais surpreso por aquilo que o Rebe me disse mais tarde na conversa: “Você é responsável não apenas pelo bem estar dos cidadãos que moram em Israel, mas também pelo bem estar de todos os judeus onde quer que morem no mundo.”

Fiquei impressionado por aquilo que ele estava me dizendo – que o sistema de defesa em Israel é, de fato, responsável pela segurança de todos os judeus. Essa era um visão muito ampla, sistêmica e me fascinou. Fui convencido de que ele estava certo – que é responsabilidade e dever de Israel garantir a segurança dos judeus em todos os lugares.

Poucos meses após este encontro – em 17 de março de 1992 – a embaixada israelense em Buenos Aires foi bombardeada, com vinte e nove mortos e mais de 240 feridos. Como Vice-ministro da Defesa, trabalhei para formar uma equipe de resgate para voar de Israel à Argentina, mas demorou mais de um dia para levantar voo. Então lembrei das palavras do Rebe, e decidi estabelecer uma equipe permanente de forças de resgate de emergência que ficariam de prontidão, capazes de voar de imediato para resgatar judeus onde quer que eles estivessem, se um desastre como esse acontecesse novamente.

Quando essa força de resgate de emergência foi organizada, eu a chamei de “Patrulha do Rebe para Resgatar Judeus no Mundo Inteiro.”

De fato, dois anos depois, em 18 de julho de 1994 – houve outro ataque a bomba contra a comunidade judaica em Buenos Aires, o mais mortal ataque terrorista da Argentina, resultando em 85 mortos e centenas de feridos.

Dentro de poucas horas um avião com a força de resgate foi despachado e foi trabalhar retirando pessoas do prédio no qual a bomba tinha explodido. Eles conseguiram salvar muitas vidas judaicas e fizeram um trabalho incrível, pelo qual receberam elogios e reconhecimento internacional.

Voltando à minha visita ao Rebe durante Simchat Torá de 1991, devo dizer que foi uma experiência extraordinária. Não posso descrever como é caminhar até a sinagoga enorme e ver milhares de pessoas se aglomerando, perto das paredes, nas colunas e janelas, quando caminhões especiais levam ar condicionado ao salão que está repleto em sua capacidade máxima. Ver o Rebe encorajando a entoação de cânticos com seus movimentos de mão, e o silêncio que cai quando ele está prestes a falar. Sentir a atmosfera eletrizante, e a tremenda alegria indescritível. Tudo que posso dizer é que aquele que não esteve em Simchat Torá com o Rebe jamais sentiu verdadeiro júbilo em sua vida!

Ao final da festa, eu estava presente a cerimônia kos shel brachá, quando o Rebe distribuiu vinho do seu copo aos milhares que passavam à sua frente. Eu era o último na fila, tornando-me a última pessoa no mundo que recebeu vinho do copo do Rebe, pois essa foi a última vez que este evento aconteceu. Poucos meses depois – em 27 do mês hebraico de Adar, 1992 - o Rebe sofreu um infarto do qual jamais se recuperou.

Além de ser um grande gênio da Torá, o Rebe foi antes de tudo um líder judeu. Ele se preocupou com a preservação do povo judeu, mesmo nos lugares mais remotos do mundo. Poucos são aqueles que fizeram tanto quanto Ele, mesmo nos últimos mil anos de história judaica. A contribuição do Rebe foi óbvia e importante, e por isso é admirado e amado.