Nasci e fui criada na Austrália num tradicional e caloroso lar judaico, mas não fui apresentada a Chabad até que conheci meu futuro marido, Michel Meir, cuja família estava conectada com Rabino Yitzchok Dovid e Rebetsin Devorah Groner, emissários Chabad em Melboune.

Depois que nos casamos, também nos tornamos próximos dos Groner e, a certa altura, Rabi Groner me ofereceu um cargo de professora na escola Beth Rivkah para meninas e na Yeshivá para meninos, onde eu ensinava até que minha família aumentou e tive que dedicar meu tempo a ela, em casa.

Encontramos o Rebe pela primeira vez em 1985, quando fomos a Nova York a um jantar para arrecadar fundos em prol do Colel Chabad. Fomos apresentados a ele quando estava saindo de seu escritório. Nem sequer me lembro do que ele nos disse porque eu estava tão impressionada pela sua presença. Assim que ele me olhou com seus penetrantes olhos azuis, eu sabia que ele podia ver exatamente quem eu era e qual potencial havia em mim. Foi um momento muito comovente em minha vida.

Três anos depois, encontramos o Rebe novamente, e é quando minha história realmente começa.

Voltando ao passado, devo explicar que há uma história de câncer de mama na minha família, no lado da minha mãe. Minha própria mãe foi diagnosticada e faleceu seis meses depois, aos quarenta e nove anos de idade. Então outra parente foi diagnosticada quando ainda estava na casa dos trinta, embora após o tratamento ela tivesse se recuperado. E então eu mesma encontrei um tumor. Isso foi em 1988.

Fiz os exames solicitados, mas não ficou claro se era maligno ou benigno. Fui a quatro cirurgiões e todos admitiram que os raios-x não estavam claros, mas mesmo assim todos aconselharam que – por questão de segurança devido ao histórico família – eu realizasse uma dupla mastectomia.

Assim que descobri o tumor, meu marido ligou para o escritório do Rebe e pediu uma bênção para que tudo desse certo. Mas depois que eu tinha consultado os quatro cirurgiões – o que foi uma experiência desesperadora para a alma – meu marido sugeriu que viajássemos a Nova York para ver o Rebe pessoalmente. Fomos então durante chol hamoed, os dias intermediários de Sucot.

Logo depois que chegamos, fomos ver o secretário do Rebe, Rabi Yehuda Krinsky, e ele nos disse que no dia seguinte iria enviar dois alunos da yeshivá com o lulav e etrog do Rebe para mim, para fazer a bênção costumeira. O Rebe tinha dito que essa mitsvá ajudaria a trazer uma rápida recuperação para mim.

Quando os alunos da yeshivá chegaram com o lulav e etrog do Rebe, eu estava tão nervosa que, por um momento, esqueci a bênção correta, mas quando a fiz, senti que algo muito poderoso estava acontecendo.

Mais tarde, ficamos na fila para receber lekach, um pedaço de bolo de mel, do Rebe, e tenho uma linda foto daquele momento. Tenho o maior sorriso na face enquanto o Rebe me entrega o bolo, enquanto meus filhos estão ao meu redor, observando.

Quando retornamos a Melbourne, voltei ao meu especialista geral, que era um médico maravilhoso e também um amigo de família, e ele disse: “Pensei sobre mais um cirurgião que talvez você devesse visitar.”

Fiz como ele recomendou, e este cirurgião olhou para os exames e disse: “É realmente difícil afirmar somente com este material em mãos, portanto vamos fazer uma biópsia do tumor. E então podemos decidir como proceder.”

Após a biópsia, lembro-me de acordar da anestesia e do meu marido sentado ao meu lado dizendo: “Graças a D'us, não é nada, não é nada, não é nada. Tudo está bem.”

Isso foi há mais de trinta anos, e desde então tenho apreciado melhor minha saúde. Até agora, não falei publicamente sobre isso, pois é uma questão pessoal e é difícil falar sobre algo tão pessoal. Mas entendo o poder das palavras para chegar a outras pessoas. Nunca sabemos pelo que estão passando e como a sua vida ou fé em D'us pode ser mudada ao ouvir essa história sobre a bênção do Rebe.

Visitávamos Nova York com frequência, ficando na fila enquanto o Rebe distribuía dólares para tsedacá, num esforço para nos conectarmos com ele e continuar a receber suas bênçãos. Em uma dessas ocasiões, estávamos ali como uma família e, depois que passamos, o Rebe me chamou de volta para me entregar outro dólar, dizendo: “Este é para você, pois você é akeret habayit (a coroa, o pilar da casa].”

Fiquei impressionada pelas suas palavras. “O que isso significa para mim – ser o pilar da casa?” pensei. “Qual mudança devo fazer em mim mesma para merecer a importância desse título?” Então passei a entender que eu devo ser um modelo para nossa família e para a comunidade. Essa percepção ocorreu de muitas maneiras em minha vida, mas basicamente levou a abrirmos nossa casa para muitas pessoas.

A certa altura decidimos construir uma casa em St, Kilda East, perto da Yeshivá. Pensávamos que esta casa era o lar em que deveríamos viver, e ficamos muito felizes com aquilo que construímos. Pouco tempo depois, outra propriedade – uma grande casa antiga num enorme terreno na estrada principal – foi colocada à venda. Numa tarde de domingo, fomos olhar, apenas por curiosidade. E coincidentemente, naquele mesmo dia, aquela propriedade estava sendo leiloada.

Meu marido me surpreendeu fazendo um lance e comprando-a. “O que vamos fazer com duas casas?” perguntei, e ele respondeu que queria demolir esta grande casa antiga e transformá-la num local para casamentos da comunidade. Mas eu sentia que a propriedade tinha tal caráter – a construção estava lotada com tijolos de arenito que pareciam muito com as pedras de Jerusalém – e que seria errado destruí-la. Por fim, meu marido decidiu ligar para o escritório do Rebe para pedir seu conselho. A resposta veio na forma de uma pergunta:

“A nova propriedade está mais perto da sinagoga?”

A grande propriedade estava mais perto, portanto o Rebe nos deu sua bênção para nos mudarmos. Vendemos a casa onde estávamos morando, e a grande casa que tínhamos acabado de comprar tem sido nossa casa agora por mais de trinta anos. Tem sido um lar abençoado com alegria – temos realizado casamentos aqui, festas de brit milá e eventos comunitários. É realmente um salão aberto à comunidade, mas moramos nele, e nos sentimos abençoados por termos tido o privilégio de receber tantas pessoas e eventos.

Em conclusão, gostaria de dizer que sou grata todo dia pela vida que me foi dada, pela maneira que meus filhos cresceram para serem orgulhosos Lubavitchers, pelo trabalho que meu marido tem feito na comunidade Chabad, e, mais importante, sou grata pelas bênçãos do Rebe e por ter tido ele em nossas vidas para nos dar direção e estabelecer o rumo para as futuras gerações da nossa família.