Meus ancestrais têm sido chassidim Chabad pelo menos há 150 anos, mas como vivíamos na Austrália, podíamos visitar apenas raramente o Rebe em Nova York – do outro lado do mundo. Fiz a viagem pela primeira vez em 1971, quando tinha dezenove anos.

Fui afortunado por conseguir obter um encontro com o Rebe logo depois da minha chegada, e eu esperava ansiosamente encontrar com ele, especialmente porque queria pedir sua bênção para um problema específico que eu estava passando.

Durante algum tempo, eu tinha sido afetado por dores de enxaqueca. Às vezes, chegavam com a frequência de uma vez por semana, precedidas por fachos de luz aparecendo perante meus olhos. Quando eu começava a sentir esses fachos, sabia que logo em seguida iria sentir uma dor forte. Eu tinha ido a médicos especialistas que prescreveram medicamentos diferentes, mas nenhum deles ajudava.

Eu tinha esperado pela bênção do Rebe para me recuperar dessa dor, portanto todos podem imaginar minha surpresa quando, além da bênção, o Rebe me deu uma receita médica. Ele disse: “Quando você começar a sentir os sinais de que uma enxaqueca está chegando – quando sente aqueles fachos em seus olhos – deveria imediatamente tomar Anacin.”

Anacin não era um medicamento que eu conhecia na época, e não estava disponível na Austrália (e ainda não está). Portanto respondi: “Não sei o que é isso.” O Rebe então pegou um pedacinho de papel, no qual escreveu apenas uma palavra a lápis: “ANACIN”, e me entregou.

No dia seguinte, fui a uma farmácia próxima que então pertencia à família Shpritzer. Eu disse ao farmacêutico que queria comprar Anacin. Com meu sotaque australiano, provavelmente não pronunciei bem o nome, porque ele não conseguia entender o que eu queria. “Para que é isso?” ele perguntou. “É para dores de enxaqueca,” respondi.

“Parece que você quer Anacin, mas esses comprimidos não são fortes o suficiente para curar dores de enxaquecas,” ele disse. Mas então os filhos de Shpritzer tinham vindo para ajudar. Eles até se ofereceram para me dar algo muito mais forte que poderia ser mais eficaz.

“Mas Anacin é o que o Rebe disse que eu deveria tomar para minhas enxaquecas,” protestei, e peguei minha carteira para mostrar-lhes o papel onde o Rebe tinha escrito “ANACIN”.

Depois disso não havia o que discutir. Eles me venderam todo tipo de Anacin que havia no mercado – normal, fraco, forte, etc. – e, graças a D'us, junto com a bênção do Rebe, o Anacin funcionou.

Anacin é uma pílula simples: combina aspirina com cafeína, é tudo. Mas quando eu tomava antes do início de uma dor de enxaqueca – cujas causas ainda são desconhecidas pela ciência moderna – funcionava como mágica para mim.

Agora, quase cinquenta anos depois, sempre que vou a Nova York e os Shpritzers me veem, antes mesmo de me saudar com Shalom ALeichem, ele dizem com um sorriso: “Anacin.”

Desde aquela audiência, nunca saí de casa sem comprimidos de Anacin, no caso de essas enxaquecas voltarem. Eu até as mantenho no meu assento na sinagoga. Mas muito raramente preciso deles outra vez. Também dei Anacin a pessoas que eu sabia estar sofrendo de enxaquecas mas, infelizmente, não ajudou mais ninguém. Fiquei convencido de que o Rebe prescreveu essa medicação somente para mim, e portanto funcionava somente para mim. Mas cerca de quarenta anos depois descobri que isso não era necessariamente assim.

Enquanto estava a caminho com minha esposa para férias em Israel há cerca de cinco anos, recebi uma ligação de um homem de Manchester chamado Zalman. Ele tinha visto um vídeo da minha entrevista no JEM – que tinha sido postada como parte da série semanal da “Torá Viva” – e tinha sido por causa da minha história da prescrição de Anacin pelo Rebe que ele queria vir com sua esposa a Israel para me conhecer.

E eles fizeram isso. Vários dias depois, durante uma refeição de Shabat, Zalman contou-me sua história. Ele tinha sofrido terrivelmente de enxaquecas durante muitos anos. Ele dirigia uma grande empresa, mas às vezes, no meio do dia ele tinha de deixar seu escritório durante um ataque de enxaqueca, ir para casa e deitar porque ficava incapaz de trabalhar. Quando ele viu o vídeo “Torá Viva”, teve uma forte sensação de que deveria ouvir a prescrição do Rebe porque também se aplicava a ele.

Ele decidiu fazer tudo que eu tinha feito então, e até comprou as pílulas na mesma farmácia à qual eu ia em Nova York. Felizmente, o Anacin funcionou para Zalman como fez para mim, e ele não podia me agradecer o suficiente por partilhar minha história. Ele sentia que assim como o Rebe tinha me ajudado a aliviar minhas enxaquecas, o Rebe também estava ali para ele. E ocorreu que ele não foi o único.

Anos depois, quando descobri que minha secretária também sofria de enxaquecas debilitantes, sugeri que ela deveria tentar Anacin como fora a instrução do Rebe para mim. Sendo dedicada ao Rebe, ela levou sua sugestão muito a sério, e ao contrário das medicações que ela tentara antes, Anacin funcionou também para ela.

Além do conselho médico que o Rebe me deu durante aquela audiência, ele também me deu conselhos sobre meus estudos, dizendo que pelo mérito de ter fixado horários diários para estudo de Torá, eu seria abençoado com sucesso material e espiritual.

Até hoje, lembro regularmente dessas bênçãos (bem como de muitas outras bênçãos que recebi do Rebe subsequentemente). Não há palavras para descrever adequadamente a gratidão que sinto ao Rebe por todo o bem que suas bênçãos têm trazido para mim e para minha família.