Após mais de um ano ter passado desde o nosso casamento e ainda não termos sido abençoados com filhos, minha esposa e eu procuramos médicos. Durante um longo tempo, fomos de um para outro, cada qual supostamente mais especialista que o anterior até que, após cinco anos, encontramos um professor que era considerado o maior especialista na área. Ele examinou nosso histórico médico, realizou sua própria série de testes, e então ele frustrou todas as nossas esperanças. Ele nos disse em termos inequívocos que não havia chance de algum dia termos filhos naturalmente.

É claro, fomos completamente abalados ao ouvir esse veredicto. E como resultado, ficamos terrivelmente deprimidos.

Na época eu trabalhava como diretor da escola vocacional em Kfar Chabad, Israel – uma instituição que era supervisionada por Rabi Ephraim Wolff – e ele sugeriu viajarmos a Nova York para buscar o conselho e a bênção do Rebe.

Os membros da família de minha esposa – que não são chassidim – discordaram desse plano quando propusemos isso. “Há Rebes em Israel também,” eles diziam. “Vocês não podem enviar apenas uma carta?” perguntaram. Quando eles viram que não iríamos mudar de ideia, sugeriram que eu fosse sozinho. “Desde quando mulheres vão para ver o Rebe?” eles disseram.

No entanto, minha esposa sabia melhor. Dessa forma, ambos chegamos em Nova York entre Rosh Hashaná e Yom Kipur de 1967, e merecemos ter uma audiência privada com o Rebe.

Esperar fora do seu escritório abalava os nervos. Sentamos e recitamos Tehilim, enquanto nos sentíamos ansiosos e tensos. Mas no instante em que entramos e vimos seu sorriso caloroso e gentil, todos os nossos temores se dissiparam completamente.

O Rebe nos convidou a sentar, mas segundo as instruções que recebemos antes, permanecemos de pé. Entreguei ao Rebe uma carta com vinte páginas explicando por que tínhamos ido vê-lo, que incluía um relato sobre meu trabalho na escola vocacional e um resumo de nossa saga médica nos vários anos que se passaram.

O Rebe pegou a carta e folheou brevemente as páginas, olhando-as rapidamente – rápido demais, parecia, para ter realmente lido alguma coisa. Pelo canto do olho eu vi o rosto da minha esposa, que demonstrava desapontamento e confusão.

Colocando a carta de lado, o Rebe começou a abordar os tópicos que eu tinha escrito a respeito. Primeiro ele disse: “Você trabalha numa instituição que foi estabelecida pelo meu sogro, [o Rebe Anterior], e este é o veículo para todas as bênçãos que você precisa.” Então o Rebe deu-me instruções específicas para tentar contratar judeus sefaraditas como conselheiros da escola, pois a maioria dos estudantes vinha de lares sefaraditas. “Quando eles veem um modelo educacional de sua própria comunidade – que se comporta com reverência a D'us e cumpre mitsvot – será mais fácil para eles se identificar com esse caminho,” ele afirmou.

“Agora, sobre a questão médica,” o Rebe prosseguiu, começando a abordar com grande detalhe tudo que eu tinha escrito, mencionando as várias opiniões, testes e tratamentos, incluindo qual médico disse o que em qual ano. Enquanto ele estava falando, notei o choque no rosto da minha mulher. Em resumo, o Rebe discordava completamente das opiniões dos médicos, dizendo-nos: “Vocês não precisam de um milagre que está por trás da natureza. Que seja a vontade de D'us que vocês tenham filhas e filhos naturalmente.”

Ele então nos indicou um médico em Nova York que, ele disse, nos orientaria o que fazer em seguida. O médico nos indicou outro médico, mas ele não pôde nos ajudar. Quando relatamos isso ao Rebe, ele nos instruiu a retornar para Israel e ver o diretor do Hospital HaKirya Maternity em Tel Aviv. “Vocês podem dizer a ele que eu os enviei,” ele disse.

Fizemos como ele instruiu, e os testes e tratamentos em HaKirya duraram cerca de um ano. Durante todo esse tempo, fizemos relatos detalhados ao Rebe através de Rabi Wolff. A certa altura, após o médico sugerir uma nova forma de tratamento, chegou a resposta do Rebe: “O médico deveria fazer outra sugestão.” Quando dissemos isso ao médico, ele ficou aborrecido. “Por que o Rebe está se envolvendo?” ele exigiu. “Ele olhou para os dados? Ou vocês ouvem a mim ou ao Lubavitcher Rebe!”

É claro, dissemos isso ao Rebe, que nos instruiu a procurar outro especialista, Após mais tentativa e erro, finalmente encontramos o Professor Polishuk no Centro Médico Hadassah em Jerusalém. Ele examinou todos os dados e fez vários testes, concluindo que minha esposa deveria fazer cirurgia. O Rebe respondeu a isso: “Façam como ele aconselha.”

A essa altura a família da minha esposa começou a nos pressionar novamente. Eles estavam preocupados sobre os riscos associados com a cirurgia, mas estávamos determinados a fazer aquilo que o Rebe aconselhara. Na noite anterior à cirurgia programada, chegamos para testes pré-operatórios. Quando chegaram os resultados, o Professor Polishuk foi nos ver. Ele estava claramente chocado, quando falou para minha esposa: “Não sei o que aconteceu. Jamais vi um milagre dessa proporção: você está grávida! Sem cirurgia!”

Minha empolgação era tão grande que o médico ficou preocupado por eu ter de voltar dirigindo de Jerusalém até nossa casa em Bnei Brak, mas prometi que seria cuidadoso. Quando chegamos em casa, encontramos um envelope - uma carta do Rebe! Em todos os nove anos em que tínhamos sido casados e escrevemos ao Rebe, nunca tínhamos recebido uma carta dele – ele sempre respondia via seu secretariado. E aqui, no mesmo dia em que soubemos da gravidez, chegara uma carta do Rebe, e no final o Rebe tinha escrito de próprio punho: “Boas notícias!”

Nove meses depois, nosso primeiro filho nasceu, e o chamamos de Menachem Mendel em homenagem ao Rebe. Dentro de seis anos, todos os nossos cinco filhos tinham nascido – primeiro três meninos e então duas meninas – e fomos lembrados que o Rebe tinha dito “filhos e filhas”. Todos nasceram naturalmente.

Não posso explicar isso. Penso que deve ser que o Rebe queria que a bênção para filhos descesse sobre nós numa maneira natural, e quando ele viu que não estava dando certo com um médico, ele nos enviou para um segundo, e então para um terceiro, até encontrarmos aquele que acreditava que minha esposa poderia ter filhos e estava disposta a fazer o esforço para alcançar resultados.

Mas como o Rebe me disse, o verdadeiro condutor para nós recebermos as bênçãos que precisávamos foi através do meu trabalho educacional. Na verdade, quando tudo isso estava acontecendo, eu concordei em dirigir duas escolas de uma vez – uma pela manhã, e a outra à tarde. O trabalho era tremendo, mas a verdade é que quando ampliei o vaso para receber a bênção, ela chegou!