Como uma criança crescendo em Staten Island, eu tive um bar mitsvá, mas mal podia esperar para deixar o Judaísmo para trás. E fiz isso. Após frequentar a faculdade por dois anos, decidi viajar pelo mundo; tive a oportunidade de visitar muitos países, incluindo Israel, e passei a valorizar a riqueza de muitas culturas diferentes. Essa visão acendeu em mim o desejo de explorar o que significa realmente ser judeu, algo que percebi em minha curta estadia em Israel de que eu não tinha a mínima ideia.

Comecei frequentando algumas diferentes sinagogas ortodoxas, porque parecia que eu deveria começar checando a “marca original”, por assim dizer. Mas foi somente quando tive aulas ministradas por Chabad em Kansas que encontrei algo que parecia oferecer um estilo de vida onde um relacionamento significativo com D'us servia como uma motivação para tornar o mundo um lugar melhor.

A curiosidade me levou a matricular-me na yeshivá Chabad recém aberta para iniciantes em Morristown, Nova Jersey. Dentro de um mês decidi permanecer e, no decorrer dos cinco anos seguintes, estudei na yeshivá Chabad em Miami, na Flórida, e na yeshivá Chabad central em Nova York, onde por fim recebi minha ordenação rabínica.

Enquanto estudava em Morristown, tive o privilégio de ter minha primeira audiência pessoal com o Rebe, na ocasião do meu 21º aniversário. Isso foi na primavera de 1973. Antes daquela audiência, fiz todas as coisas que um aspirante chassid deve fazer antes de encontrar seu Rebe – rezei, estudei Torá, e fiz caridade.

Lembro claramente de entrar no escritório do Rebe e colocar sobre sua mesa a carta de solicitações que eu tinha preparado com antecedência. Então fiquei de pé e aguardei nervosamente. O Rebe parecia ler a carta intensamente e então olhou para mim e, naquele instante, meu nervosismo desapareceu. Instantaneamente me senti tão calmo e “em casa” que pude prestar atenção direta naquilo que o Rebe estava dizendo.

Em minha carta eu tinha dito ao Rebe que jamais recebera um nome hebraico, mas que meu nome em inglês era uma variante do nome de minha avó, Tova. “Neste caso,” disse o Rebe, “seu nome hebraico deveria ser Tuvia, que significa ‘D'us é bom.’” E então o Rebe me abençoou para ter sucesso em meus estudos. Meu estudo progrediu bem e, com o tempo, eu estava pronto para o casamento.

Enquanto eu estava saindo com Chaya, que mais tarde se tornaria minha esposa, encontrei um obstáculo. Ela me disse que estava insegura se deveria continuar a me ver. Ela era do tipo agitada, enquanto eu era um estudante calmo que ficava feliz em sentar e aprender. Além disso, ela teria preferido alguém com uma base Lubavitch, mas eu era claramente um recém-chegado. Eu me vestia um pouco diferente dos outros estudantes e mal conseguia falar iídiche.

Quando ela escreveu ao Rebe sobre seu dilema, ele respondeu: “Tishma ma shebefiv” – “Ouça o que ele tem a dizer.” Ela entendeu que isso significava que deveria prestar menos atenção às exterioridades e realmente me escutar. Ela tinha de me ouvir, e então decidir se eu era a pessoa com quem ela iria passar o resto de sua vida.

Quando ela me disse o que o Rebe respondera, entendi que eu tinha de ser totalmente sincero com todas as suas perguntas. Como resultado, encontrar-me com ela provou ser uma experiência poderosa porque eu sentia uma tremenda responsabilidade de ser completamente transparente. Eu queria muito me casar com ela, mas sabia que estava nas mãos de D'us se isso iria ou não acontecer. Felizmente, deu tudo certo. Estamos casados e felizes por quarenta e quatro anos.

Pouco depois do nosso casamento, tivemos uma audiência com o Rebe como casal, acompanhados por nossos pais. Depois que o Rebe abençoou a todos nós, bem como nossos futuros filhos, pedi uns poucos minutos a sós com ele, porque eu queria pedir sua orientação sobre um assunto privado.

Eu era um jovem baal teshuva, aquele que tinha se arrependido e retornado ao Judaísmo, mas queria a opinião do Rebe para assegurar que eu estava fazendo a coisa certa. Pensei que o Rebe me daria uma ordem específica – como “Memorize este discurso chassídico...” ou “Recite este Salmo todo dia...” mas eu estava aberto para tudo que ele iria dizer.

Seu conselho me surpreendeu. O Rebe disse: “Ajude outras pessoas a não vacilar e transgredir da maneira que você fez.”

Ouvi aquilo, absorvi e então me lembrei disso. Mas, sinceramente falando, levei anos para entender. Tenho pensado muito sobre isso, e o motivo pelo qual estou compartilhando aqui é porque penso que é um conselho importante. Essa foi a instrução do Rebe para um baal teshuva, mas poderia se aplicar a muitas pessoas numa variedade de situações.

O Rebe não estava me dizendo para trabalhar sobre eu mesmo – que obviamente é importante, mas não era o que eu precisava focar naquela época. Ele estava me dizendo para ajudar outros a melhorar e, ao fazer isso, eu iria melhorar também a mim mesmo. Se eu pudesse inspirar outras pessoa a evitar de ir contra a Torá mostrando a elas como se aproximar de D'us e como trazer mais santidade ao seu lar, eu estaria cumprindo minha missão na vida. Em vez de sentar e focar nos meus erros, eu deveria focar em ajudar aos outros.

Essa deveria ser minha tarefa se eu quisesse continuar meu processo de teshuva. Era o chamado da hora e, na verdade, como entendi mais tarde, refletia a abordagem do Rebe a muitas questões da nossa geração.

Casamos em 1977, um dia após o Rebe ter pedido por voluntários que seriam enviados a Israel, portanto nos inscrevemos para ir. O Rebe não nos selecionou para essa tarefa, mas um daqueles que foram escolhidos, alguém que eu nunca tinha conhecido antes, pediu a mim e à minha nova esposa para frequentarmos uma aula mensal que ele dava em Long Island.

Concordamos imediatamente, e também nos envolvemos em organizar um acampamento de verão para as crianças locais e então uma atividade anti-missionária no campus da Universidade Stony Brook. Tudo isso levou a uma nomeação oficial para nós, com as bênçãos do Rebe, para atuarmos como os primeiros emissários Chabad em Long Island, onde agora estamos há quarenta e três anos. Nossa esperança e prece é que ao continuar ajudando nossos irmãos judeus a se aproximarem da Torá estamos fazendo nossa parte em aproximar a vinda de Mashiach.