Fui criado em Kfar Chabad, Israel, numa família de dedicados chassidim Chabad. Após completar meus estudos na yeshivá, trabalhei como paraquedista na FDI. Isso foi em 1989, e eu fui colocado no Líbano, num local repleto de terroristas.
Imagine meu espanto quando - pouco antes de sair numa perigosa missão militar – liguei para casa e meu pai me contou que tinha recebido um telefonema do escritório do Rebe em Nova York. Aparentemente o Rebe tinha desejado assegurar que eu iria celebrar adequadamente meu aniversário – que cai em Chanucá – e iria cumprir todos os costumes e observâncias de aniversário.
Eu sabia que dois anos antes, após o falecimento de sua esposa, a Rebetsin Chaya Mushka, o Rebe anunciara a “Campanha de Aniversário”, ligando para todos usarem seu dia de aniversário – que é como um Rosh Hashaná pessoal – como um dia de introspecção, de tomar boas resoluções, e de realizar um farbrenguen com amigos.
Mas como o Rebe sabia que meu aniversário estava chegando? Já fazia quase dois meses que eu começara a servir no Líbano, e durante esse tempo eu não tinha ido para casa nem escrito para o Rebe.
No dia seguinte liguei para casa novamente para trocar ideias do que fazer sobre o meu aniversário, somente para ouvir meu pai me dando notícias ainda mais surpreendentes: o escritório do Rebe tinha ligado novamente para dizer que o Rebe decidira me dar um conjunto de tefilin como presente. Agora eu fiquei totalmente chocado. Dois telefonemas do escritório do Rebe em dois dias! Um presente do Rebe! Mas por que tefilin? Eu já tinha tefilin que meu pai comprara para mim na época do meu Bar Mitsvá.
Consegui uma folga perto de Chanucá e pude celebrar meu aniversário com a minha família. Eu também soube que o escritório do Rebe já tinha contatado Rabi Avraham Krishevsky em Jerusalém e pedido a ele para preparar um conjunto de caixas com tefilin de couro. O escritório do Rebe também contratou um escriba para escrever os rolos de pergaminho que Rabi Krishevsky então iria colocar dentro das caixas.
Quando os tefilin estivessem completos e prontos para uso, Rabi Krishevsky pretendia levá-los para Nova York, onde ele estava planejando estar para as celebrações do quadragésimo aniversário de liderança do Rebe. Ele presumia que o Rebe desejaria ver o presente e entregá-lo a mim com suas próprias mãos.
Quando meu pai soube disso, ele ordenou uma bolsa especial de veludo bordada com as palavras: “Um presente do Rebe para Efraim Karasik, Tevet 5750,” e a deu ao Rabi Krishevsky, para que ele pudesse colocar os tefilin dentro.
No 9º dia do mês hebraico de Shevat de 1990, quando o Rebe estava distribuindo dólares para tsedacá, Rabi Krishevsky apresentou o tefilin a ele. Após verificar com seu secretário, Rabi Leibel Groner, que Rabi Krishevsky estava no processo de ser pago pelo seu trabalho, o Rebe entregou os tefilin de volta a ele para que pudessem ser entregues a mim em Israel.
Pouco depois, recebi os tefilin, e tenho colocado desde então diariamente.
Cerca de um ano mais tarde, estive num acidente de carro e feri minha mão esquerda. Passei por cirurgia e parecia que tudo estava bem. Mas após uns poucos meses, quando voltei para um exame, ocorreu que o osso não tinha se recuperado adequadamente, e outra operação foi necessária. Obviamente, escrevi ao Rebe e pedi sua bênção. A resposta do Rebe foi checar meus tefilin.
Quando eu os tive checados, o escriba encontrou um problema com o tefilin que eu tinha colocado sobre minha mão esquerda – a mesma mão que eu tinha ferido! Havia um pequeno buraco na letra hebraica chaf na palavra yadchá que significa “sua mão”, e que vem do versículo que diz: “Você deve atá-los como um sinal sobre sua mão.” Obviamente, eu imediatamente tive aquilo corrigido.
Quando chegou o dia da cirurgia, fui examinado pelo chefe do departamento. Ele quis olhar para meus registros médicos antes de operar e decidiu mandar-me para outro raio-x. “Nenhuma cirurgia é necessária. Tudo está bem. Você está liberado para ir!”
Toda manhã quando coloco os tefilin do Rebe, olho para as palavras que meu pai tinha gravado na bolsa, e pergunto a mim mesmo: “O que me fez tão especial? Por que eu mereci tamanho presente do Rebe?” E não tenho ideia. Por mais que eu tenha tentado pesquisar isso, ainda não encontrei um caso semelhante do Rebe enviando um conjunto de tefilin para mais alguém. Perguntei a meu pai se ele tinha escrito algo fora do comum para o Rebe que pudesse ter causado isso. Ele negou que tivesse escrito algo fora do usual – ele tinha apenas pedido ao Rebe para abençoar toda a família e mencionou que eu estava servindo no Líbano. O Rebe certamente sabia como a situação era perigosa ali e tinha pedido aos soldados das FDI para colocarem tefilin como uma medida para salvar vidas. É possível que o Rebe desejasse fortalecer-me espiritualmente e dar-me proteção adicional.
Este pensamento esteve na minha cabeça por um longo tempo, e poucos anos atrás eu descobri algo muito interessante: numa reunião de todos os soldados que serviram junto comigo no Líbano há trinta anos, ouvi repetidamente ser mencionado que no decorrer da nossa estada de nossa companhia no Líbano – apesar de tudo que passamos ali – nenhum de nós foi ferido, e todos retornamos saudáveis e inteiros em corpo e mente.
Não tenho uma explicação para isso, mas acredito que haja uma conexão com a bênção do Rebe que, longe em Nova York, se preocupava conosco e rezava por nós, assegurando que deixássemos ilesos a zona de guerra.
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