Como emissário Chabad em Vancouver, tornei um hábito semanal visitar dois de meus apoiadores e amigos do ramo de eletrônico – Catl Stein e Ben Tessler – para estudar Torá com eles em sua empresa. Durante aquelas sessões, a conversa frequentemente era sobre o Rebe e o poder de suas bênçãos.

Eles tinham um advogado interno, um judeu chamado Brian Kershaw. Um dia em 1976 ou 1977, Brian perguntou-me: “O Rebe abençoa também não-judeus?”

“Claro,” respondi.

“Minha esposa está doente,” disse ele. “E eu gostaria que você pedisse uma bênção ao Rebe para a recuperação dela.”

Escrevi então uma carta para o Rebe, dando o nome dela e o de seu pai, como é o costume quando se pede uma bênção para um não-judeu. (Quando se pede uma bênção para um judeu, o nome da mãe é sempre informado porque, segundo a lei judaica, a identidade de um judeu é determinada pela mãe.)

Uma semana ou dez dias depois que a carta chegou a Nova York – isso foi antes do advento das máquinas de fax – recebi um telefonema do secretário do Rebe, Rabi Binyomin Klein, com a mensagem: “O Rebe gostaria de saber o nome da mãe dela.”

“Mas ela não é judia,”respondi.

“Eu sei,” disse Rabi Klein, “mas o Rebe perguntou o nome da mãe dela.”

Então liguei para Brian, e ele me disse que o nome de sua sogra era Anna mas, como eu, ele ficou intrigado pelo pedido do Rebe e comunicou isso à sua esposa. Ela por fim telefonou para sua mãe, que morava na França, e perguntou: “Você tem algum outro nome além de Ana?”

“Por que está perguntando?” a mãe queria saber.

Quando foi informada do pedido do Rebe, de repente ela ficou muito quieta. Então disse: “Ele deve ser um homem muito sagrado.”

Ela então confessou à filha que nascera de pais judeus e que, criança durane a Segunda Guerra Mundial, ela foi escondida num monastério. Quando a guerra terminou, ela não voltou às suas raízes judaicas, mas terminou se casando com um francês católico e levava uma vida cristã.

“Meu verdadeiro nome é Chana,” ela disse à filha. “Sou judia e você também.”

De alguma forma, o Rebe conhecia a verdade – que o tempo todo Brian era casado com uma judia.

Cerca de dez anos depois, ocorreu outro incidente que demonstrou novamente a extraordinária habilidade do Rebe em ver e saber o que os outros não podiam.

Em 1987, minha mãe veio de Nova York para visitar minha família em Vancouver, e enquanto ela estava conosco, sofreu um ataque do coração. Após ser hospitalizada, meu pai ligou para o escritório do Rebe para pedir uma bênção, mas voltou uma mensagem de que o Rebe tinha dito: “Eu já a abençoei com uma longa vida.” (Mais tarde eu soube que ele estava se referindo a 1965, quando ele tinha dado a ela aquela bênção.)

Minha mãe faleceu três dias depois. Ela tinha apenas sessenta e sete anos. Ficamos todos desolados e eu tive dificuldade tentando comparar a mensagem do Rebe com o que tinha acontecido. Mas então, quando eu estava fora fazendo compras, fui até o cirurgião que tinha operado minha mãe. Conversamos e ele mencionou para mim: “Sua mãe viveu uma longa vida.”

“Como pode dizer isso?” respondi. “Ela tinha apenas sessenta e sete anos!”

“Sim,” ele disse, “mas enquanto ela estava no hospital, descobri que ela tinha um defeito no coração. Pessoas que têm esse defeito geralmente não passam dos quarenta ou dos cinquenta anos, especialmente mulheres que têm filhos. Muitas morrem durante o parto ou logo depois. Portanto sua mãe realmente teve uma longa vida.”

Liguei imediatamente para meu pai. Ao ouvir isso, ele ficou bastante emocionado. “Agora entendo o que o Rebe queria dizer!” ele falou.

Minha mãe tinha quarenta e dois anos quando teve minha irmã, a filha mais nova, e foram três anos depois que o Rebe deu a ela aquela bênção para uma longa vida. Ela viveu mais vinte e dois anos depois daquilo!