Após a Guerra dos Seis Dias em 1967, e a liberação dos territórios da Judéia e Samaria, fiquei envolvido na construção de novos bairros ali. Decidi usar meu conhecimento financeiro e a experiência que tinha adquirido em ativismo político na causa de desenvolver assentamentos judaicos naquelas regiões. Mas, embora tivesse boas conexões políticas, tive dificuldades para conseguir empréstimos bancários, que eram essenciais para este objetivo.

A questão específica do assentamento judaico em Hebron realmente acendeu um fogo em mim. Um dos motivos para isso foi que eu tinha uma conexão pessoal com a cidade. Nasci ali em 17 de agosto de 1929, e meu brit foi feito em 24 de agosto, o dia do massacre em Hebron, quando os árabes irromperam através da cidade matando sessenta e sete judeus e ferindo muitos outros. Portanto eu realmente queria expandir o pequeno assentamento judaico ali. Queria criar uma conexão entre Kiryat Arba e Hebron, duas cidades que estavam separadas por uma terra vazia sem ninguém, possível de adquirir naquela época. Minha ideia era chamar o novo assentamento de “Kiryat Chabad,” na esperança de atrair chassidim Chabad para lá, para renovar o histórico assentamento Chabad em Hebron que ocorrera no Século 18.

Após Menachem Begin se tornar primeiro ministro em 1977, conversei com ele e falei do meu plano sobre Hebron. Expliquei meus desafios para conseguir o dinheiro para adquirir a terra e conseguir a segurança exigida para investir em infra estrutura nos assentamentos. Propus que o governo estabelecesse uma empresa nacional de seguro para este objetivo. Essa companhia, Inba, foi criada e, por causa dela, fábricas foram construídas e tanto Hebron quanto Kiryat Arba foram beneficiadas.

Na mesma reunião, também apresentei outra ideia. Estávamos então nos aproximando do 50º aniversário do massacre de Hebron. E como meu avô, Rabi Tzvi Pesach Frank, tinha uma conexão com o Rebe Anterior (que ele conheceu quando o Rebe Anterior visitou a Terra Santa pouco antes do massacre), eu sugeri que eu viajaria a Nova York para convidar o Rebe atual, em nome do governo israelense, a tomar parte numa cerimônia memorial para aqueles que foram massacrados em Hebron e na fundação do novo bairro ali. Pensei que essa visita certamente iria encorajar os chassidim Chabad e se estabelecerem na cidade.

Begin estava cético, mas disposto a apoiar esse movimento, e ao final de 1978, viajei a Nova York, onde foi arranjado um encontro com o Rebe às 2 da madrugada. Isso me impressionou, porque devido à saúde do Rebe – ele tinha sofrido um forte ataque cardíaco no ano anterior – a reunião não poderia durar mais que quinze minutos.

Cheguei na hora marcada e fui recebido pelo secretário do Rebe, Rabi Binyomin Klein, que imediatamente me levou à sala do Rebe. Não esquecerei o calor com que ele me recebeu : “Shalom Aleichem Reb Yaakov!”

“Transmito calorosos cumprimentos do Primeiro Ministro Begin,” eu disse, e o Rebe respondeu: “Como ele está?”

Após informá-lo, sabendo que meu tempo era limitado, tentei ir direto ao assunto. Falei ao Rebe sobre meus planos sobre expandir o assentamento judaico em Hebron em geral e sobre a ideia de desenvolver um assentamento Chabad para conectar Hebron com Kiryat Arba em particular. Mas o Rebe estava mais interessado no meu passado. Então contei a ele as circunstâncias do meu nascimento e também sobre meu avô, Rabi Tzvi Pessach Prank, que tinha sido rabino chefe em Jerusalém e que ajudara a cumprir o desejo do Rebe Anterior de visitar Me’erat HaMachpelah, a Gruta dos Patriarcas, onde Avraham, Yitschac, Yaacov e suas esposas, Sarah, Rivka e Leah foram enterradas. Isso envolveu muito conflito com aqueles que controlavam a área.

O Rebe parecia comovido ao ouvir isso e perguntou mais detalhes sobre a visita do Rebe Anterior – quanto tempo o Rebe passou no local, e se ele conseguiu entrar em locais onde os judeus não podem entrar atualmente.

Quando eu vi o quanto isso era importante ao Rebe e como ele estava interessado nos detalhes da visita, disse que hoje também é possível tentar e arranjar isso se o Rebe fosse a Israel para uma visita. Descrevi meus planos em detalhes sobre a unificação e a expansão da presença judaica em Kiryat Arba e Hebron, e sugeri ao Rebe que deveríamos conseguir mais cem famílias para morar ali. Mencionei as atrações – não apenas a proximidade do local sagrado de Me’arat Machpelah, mas também nossos planos de abrir fábricas e estabelecer vinhedos na área.

O Rebe parecia aprovar isso, e mencionou que a cidade de Hebron era conhecida pelos seus ótimos vinhedos.

Eu propus termos uma cerimônia festiva para o lançamento da pedra fundamental para Kiryat Chabad em Hebron no décimo quinto aniversário da visita do Rebe Anterior à cidade. O Rebe sorriu e disse que em seu atual estado de saúde, seria difícil para ele viajar, portanto não achava que poderia ir. Eu disse ao Rebe que Hebron transmite muita força, e também que certamente não seria um problema visitar os locais mais guardados dentro de Me’arat HaMachpelah.

Mas o Rebe explicou que ele estava em meio a desenvolver e fortalecer seu trabalho de expansão judaica ao redor do mundo, acrescentando: “Sei que isso não é Eretz Yisrael, mas ainda precisamos tomar conta da Babilônia também.”

Ele expressou preocupação que se ele fosse a Israel, não poderia sair, como pela lei judaica, e continuar a obra que tinha começado na América.

Eu disse que o Rebe Anterior visitou e retornou depois, mas o Rebe disse que para o Rebe Anterior a visita fora “uma parada ao longo do caminho” – pois ele estava viajando de Latvia aos Estados Unidos. Ir especificamente a Israel era algo maior.

De qualquer forma, o Rebe me agradeceu muito pelo convite, e disse também que o plano de assentamento era muito interessante. Não estou certo de que ele aprovou o projeto particular que eu tinha em mente, porque ele sentia que Chabad é para se espalhar por todo Israel e que os chassidim não deveriam deixar outros lugares para se estabelecer em um local em particular. Dito isso, ele claramente aprovou o estabelecimento de territórios, e perguntou-me sobre meus planos para outros locais na região. Mencionei Elkana, Ariel, Ma’ale Adumim e outros, e o Rebe me encorajou a continuar nessa direção.

O encontro durou muito mais que o tempo previsto – cerca de uma hora e meia, terminando às 3h30 da madrugada. Percebi que o Rebe parecia ter toda a paciência do mundo e não estava com pressa de me mandar embora.

Saí com as bênçãos do Rebe para a saúde do Primeiro Ministro Begin, e para sucesso em todos os meus esforços. Ao abençoar-me, ele disse que é impossível descrever a grande importância do trabalho no qual eu estava envolvido e para que continuasse com vigor para estabelecer todos de Israel.