O Rebe deu-me sua bênção para “melhora substancial” em minha situação e concluiu dizendo que tínhamos acabado de celebrar a festa de Shavuot, quando comemoramos a Outorga da Torá e seus mandamentos no Monte Sinai. Esses mandamentos, ele escreveu, são canais pelos quais recebemos bênçãos de D'us tanto espiritual quanto materialmente.

Em outras palavras, o Rebe estava dizendo que, se eu me aplicasse em cumprir a Torá, poderia esperar transformar minha vida.

Verdade seja dita, fiquei um pouco desapontado por aquela resposta. Eu tinha esperado alguma bênção impressionante que iria transformar milagrosamente a situação sem meu esforço, portanto procurei místicos para orientação, que segui até ficar claro que fazer aquilo iria levar ao desastre.

Em retrospecto, percebo como o Rebe estava certo – naquela época em minha vida eu precisava fazer meu caminho dentro dos confins da natureza, enquanto deveria ao mesmo tempo confiar em D'us e pedir Sua ajuda. Se eu fizesse aquilo, as coisas iriam ficar melhores. Uma bênção milagrosa não era a solução. Mas então chegou um tempo em minha vida quando uma bênção milagrosa foi pedida e o Rebe prontamente a concedeu.

Isso aconteceu em 1986, quando minha esposa Chanah ficou grávida do nosso primeiro filho. Foi uma gravidez extremamente difícil e ela estava muito doente, vomitando oito vezes por dia. Se ela estivesse acordada, ficava nauseada. Ela vomitava tudo que ingerisse – até água. Ficou tão doente que não tinha mais força para se manter.

Os médicos a colocaram em fluidos intravenosos para mantê-la hidratada, pois suas veias quase tinham entrado em colapso. No terceiro mês de gravidez, ela já tinha perdido 10 quilos e parecia que estava à beira da morte.

Finalmente, os médicos decidiram que a situação estava se tornando perigosa para ela e para o bebê, e propuseram implantar um cateter para suprir total nutrição (TPN), e assim alimentar a ela e ao bebê. Se não funcionasse, seria requerido um aborto, porque ela não conseguiria levar a termo a gravidez.

Quando disseram isso, liguei para o Beit Chabad em San Diego onde então morava e falei com a Sra . Chana Boas. Seu conselho foi muito forte: “Você deve ligar para o Rebe! Prometa que vai ligar para o Rebe!”

Telefonei para o escritório do Rebe e falei com seu secretário, Rabi Leibel Groner, dizendo a ele exatamente o que estava ocorrendo, todos os detalhes da situação de minha esposa e que a cirurgia era iminente – na verdade, ela deveria voltar ao hospital dali a quatro horas. Ele disse que iria imediatamente até o Rebe pedir uma bênção.

No momento da minha conversa, eu estava no trabalho, e uma hora e vinte minutos depois, (lembro-me de olhar para o relógio), decidi ir para casa almoçar. Lembro-me como foi difícil ligar para minha esposa para dizer-lhe que eu estava a caminho de casa. Era muito doloroso ouvir a voz dela com total desespero. Dia sim dia não, essa pessoa a quem eu realmente amava estava sofrendo tanto que aparentemente perdera a vontade de viver. Portanto, hesitei se a chamava ou não. Mas liguei e fiquei surpreso ao ouvir uma voz feminina vibrante atender o telefone com “Alô!”

Eu não podia creditar que era minha esposa. Ela parecia tão normal!
“Chanah, é você?” perguntei em choque.
“Sim,” ela respondeu.
“Você parece muito melhor,” eu disse.
“Sim,” ela confirmou, “Levantei e fui à cozinha e tomei café da manhã, e na verdade segurei bem.”
“Estou indo para casa agora mesmo,” eu disse.

Dirigi acima do limite de velocidade e cheguei em casa em cinco minutos para encontrar a mulher que naquela manhã não conseguia se mover, não tinha vontade de viver, agindo normalmente. Foi uma surpresa e, é claro, cancelamos a cirurgia.

No dia seguinte recebemos um telefonema de Rabi Groner dizendo que o Rebe tinha uma mensagem para nós: “É o mês de Elul, e o Rei está no campo.” Com isso ele estava dizendo que, durante o mês antes de Rosh Hashaná, D'us está mais acessível.

O Rebe se preocupara o suficiente para ter seu secretário nos ligando de volta. Quantos milhares de pessoas estavam ligando para o Rebe toda semana? Porém ele reservou tempo não apenas para nos dar sua bênção mas também para enviar essa mensagem: “O Rei está no campo.”

Foi uma mensagem importante que transformava a vida. O Rei realmente estava no campo e ouvira nosso chamado por ajuda, E atribuo aquilo à intervenção do Rebe.

Um cético poderia dizer: “Ela teve um primeiro trimestre difícil e chegou ao fim dentro de uma hora e vinte minutos desde que você ligou para o Rebe. É apenas uma coincidência.” Mas para mim era milagroso. Sei que muitas mulheres têm dificuldade no primeiro trimestre, mas não do modo que minha esposa teve. Ela estava próxima da morte, e se não fosse pela sua repentina recuperação, ela não teria conseguido levar sua gravidez até o final. Mas ela conseguiu, e seis meses depois – em 24 do mês hebraico de Nissam, 1987 – ela deu à luz ao nosso filho Yonathan que agora atua como emissário Chabad em Temecula, na Califórnia.