Quando me ofereci para fazer um donativo substancial a Chabad, recebi uma surpreendente resposta do Rebe, que me deu uma grande visão sobre seu modo de pensar e, literalmente, salvou minha vida.
Tudo isso começou quando, na década de 1980, meu sócio e eu nos envolvemos num investimento financeiro na cidade de Melbourne, Austrália, onde moramos. Compramos duas pequenas propriedades no centro da cidade e, após mantê-las por alguns anos, fomos abordados por uma grande empresa japonesa que queria comprá-las. Essa companhia japonesa estava planejando construir uma enorme loja naquele local e nos fizeram uma oferta que não poderíamos recusar. Então fechamos negócio e recebemos uma quantia substancial.
Discuti sobre isso com minha esposa, Sylvia, e ambos pensamos que seria uma boa ideia fazer algo para Chabad com este dinheiro. Após a devida consideração, finalmente decidimos que iríamos construir um hospital para crianças em Crown Heights, onde a sede de Chabad está localizada e onde vive uma significativa comunidade Chabad. Queríamos que o hospital funcionasse de acordo com a orientação do Rebe.
Como éramos de Melbourne e não conhecíamos muitas pessoas em Crown Heights, procuramos um dos secretários do Rebe, RabinoYehudaKrinsky. Fomos a Nova York, nos encontramos com RabinoKrinsky, entregamos a ele o cheque e voltamos para casa para esperar a resposta do Rebe.
Chegou pouco depois na forma de uma carta com três páginas, datada em 15 de Tamuz, 5746 – ou seja, 22 de julho de 1986.
O Rebe iniciava a carta citando o dito dos nossos sábios: “A recompensa de uma mitsvá é a própria mitsvá,” e então continuou:
“O que pode um ‘obrigado’ vindo de um ser humano acrescentar à recompensa Divina na qual tudo já está incluído? Mas é certamente para expressar meu grande prazer ao ver outro conhecido ditado dos nossos sábios tão eloquentemente confirmado na ação concreta, ou seja, o ditado de que ‘um coração judeu está sempre acordado’ – acordado e sensível às mitsvot de Hashem, especialmente como no seu caso, sensível à necessidade de divulgar Torá e mitsvot para o beneficio de muitos.
Ele prosseguiu abordando a questão de como usar melhor a doação “de acordo com sua intenção”. E em seguida havia uma longa exposição do relacionamento entre ciência médica e Lei Judaica:
“Nossos sábios declaram: ‘A Torá traz refuá [cura] aio mundo.’ O significado disso não é que a Torá nega a ciência médica em alguma maneira. Pelo contrário, a Torá declara que, em questões de saúde, é necessário consultar um médico e seguir suas instruções – ao mesmo tempo não esquecendo – que o médico nada mais é que o agente de [D'us].”
Então o Rebe analisou as atuais abordagens da ciência médica – que ele chamava de abordagem “terapêutica” e a abordagem “preventiva”. A abordagem terapêutica trata a doença, enquanto a abordagem preventiva visa a eliminar a doença. Ele continuou:
- “Desnecessário dizer, embora não haja maneira de se afastar da necessidade de medicina terapêutica, a medicina preventiva é, idealmente, o método mais desejável… Para a medicina preventiva ser mais bem sucedida e eficaz, é necessário começar desde a primeira infância – começando com vacinação, escovar os dentes para prevenir cáries, uma dieta balanceada, e assim por diante. Com respeito às crianças judias, é preciso estrita observância das leis de cashrut das comidas e bebidas, e é bem conhecido como isso afeta o desenvolvimento mental e físico.”
Sobre o nosso desejo de que nossa doação fosse colocada num hospital para crianças segundo a lei judaica, o Rebe declarou: “A Torá é a mais eficaz medicina preventiva” e então seguiu para expressar a opinião de que “a melhor maneira de implementar sua intenção e atingir resultados incomparavelmente melhores do que se pode imaginar, é aplicar sua contribuição na área de chinuch(educação) de Torá para crianças.”
Ele mencionou várias atividades Chabad, que iam desde administrar creches casher até ajudar os idosos, e concluiu:^
- “Tendo isso em vista, é minha opinião considerada que se sua tsedacá é usada nessa maneira, seria no verdadeiro espírito da sua ideia e intenção. Pois, usada dessa forma, irá ajudar a assegurar crianças saudáveis, física, mentalmente e espiritualmente, para que não haja necessidade de estabelecer um hospital especial para crianças segundo a halachá, pois elas terão sido criadas plenamente de acordo com a halachá.”
Eu entendi. Tanto suas necessidade espirituais quanto as físicas podem ser satisfeitas seguindo a Torá. Se você seguir a Torá, ela será seu curador. E portanto, a educação de Torá é a maneira mais básica e mais importante de impedir qualquer doença.
Por fim, eu não sei onde o dinheiro que doamos foi exatamente, mas deixamos o Rebe decidir para onde deveria ser investido. Sentimos que nossa conexão com o Rebe foi bastante fortalecida como resultado, e embora nunca tivéssemos o privilégio de encontrá-lo numa audiência privada, viemos quase todo ano para assistir seus farbrenguens em Simchat Torá. E também, nos conectamos com ele quando distribuía dólares para caridade.
Eu, pessoalmente, comecei a estudar ensinamentos chassídicos numa maneira maior – aquele foi o ponto de partida para mim – o tempo todo guardando na mente as sábias palavras do Rebe. Elas mudaram minha vida, bem como a vida de minha esposa e dos meus filhos, e elas nos guiam até o dia de hoje.
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