Em 1987, nos mudamos da África do Sul para os Estados Unidos, onde tivemos a sorte de conhecer o emissário Chabad em Tarzana, Califórnia – Rabi Moedy Einbinder – e fazermos parte da sua sinagoga.
Após termos morado ali por cerca de um ano, percebemos que Ryan, nosso filho com dois anos e meio de idade estava agindo de maneira estranha, ferindo-se constantemente, e então vimos bolhas na sua língua. Algo estava seriamente errado, então o levamos a um pediatra que imediatamente ordenou exames de sangue e Raios X. Em poucas horas, o diagnóstico foi informado. Ryan tinha leucemia, e foi levado imediatamente para o Hospital das Crianças.
Assim que tivemos uma chance, informamos Rabi Mordy do que estava acontecendo, e ele nos ajudou a escrever uma carta para o Rebe, pedindo uma bênção para pronta recuperação.
Logo depois, chegou uma carta do Rebe dizendo que ele rezaria por Ryan sobre o túmulo do Rebe Anterior, e que deveríamos informá-lo da recuperação de Ryan. Suas palavras exatas eram: “Vocês vão relatar boas notícias,” como se fosse certo que teríamos boas novas a relatar.
Àquela altura, Ryan era a criança mais doente no andar do hospital – entre todas as crianças que estavam ali com câncer, ele estava na pior condição e não comia nada. Mas, depois que o Rebe deu sua bênção, Ryan se sentou e tomou uma garrafa inteira.
Após os médicos começarem o tratamento, Ryan ficou isolado numa espécie de sala plástica projetada para filtrar todos os germes, pois ele era altamente suscetível à infecção. Tínhamos de usar roupas especiais, luvas e máscaras para nos aproximarmos dele.
Nesse ínterim, com a ajuda de Rabi Mordy, começamos a enviar relatos semanais de progresso ao Rebe, e graças a D'us, podíamos dizer que Ryan estava começando a se recuperar. Na verdade, a leucemia entrou em remissão bem depressa, embora ele ainda estivesse extremamente doente.
Naquela época surgiu a questão se deveríamos esperar que a remissão viria ou tentar um tratamento mais pró-ativo, que envolvia um transplante de medula óssea.
Não estávamos certos sobre o que fazer, e muitas pessoas estavam nos dizendo: “Ele já está em remissão, então por que assumir a chance de um procedimento tão arriscado?” É verdade que um transplante de medula óssea é muito perigoso porque envolve tirar a própria medula óssea da criança e então esperar que a medula óssea transplantada cresça. Durante este período, a criança fica suscetível a todos os tipos de doenças e seu corpo pode rejeitar o transplante, tornando os problemas ainda piores.
Mas o Rebe nos deu fortes conselhos para prosseguir, juntamente com uma bênção enfática de que deveríamos ter boas notícias para relatar.
Devido ao seu conselho, seguimos em frente com o transplante. Como ocorreu então, nossa filha Carli, que tinha um ano e meio a mais que Ryan, se provou uma perfeita doadora para ele.
Ela estava tão feliz a respeito disso. Quando soube que, dentre todos os membros da família que foram testados, ela era a melhor combinação para Ryan e poderia salvar sua vida, ela saiu correndo e gritando: “Eu ganhei! Eu ganhei! Eu ganhei!” Ela estava tão empolgada de ir ao hospital onde ela era o centro de atenção e todos iam visitá-la e levar-lhe presentes. Ela não estava nem um pouco assustada.
Antes do transplante, estávamos muito ansiosos e incertos sobre se esta era a ação certa, mas quando tivemos a resposta do Rebe para seguir em frente, nos acalmamos completamente. Sentíamos cem por cento que era a coisa certa a fazer.
O transplante de medula óssea foi bem sucedido, embora houvesse algumas complicações e Ryan ficasse confinado em casa por um ano após o procedimento.
Interessante, quando pela primeira vez falamos com o Rebe sobre a doença de Ryan, ele nos disse para checarmos todos os rolos de mezuzá em nossa casa. Quando checamos, vimos que um deles não estava casher – algumas das letras estavam borradas ou ajuntadas – e o problema estava no versículo da Torá que declara”… que seus dias, e os dias de seus filhos, possam ser prolongados sobre a terra…” Ficamos surpresos ao encontrar realmente que algo estava errado com a passagem referindo-se a crianças levando uma vida longa – aquilo era algo importante. E, é claro, logo corrigimos este problema.
Enquanto Ryan estava se recuperando em casa, o Rebe constantemente acompanhava seu progresso e até pedia a seu secretário, Rabi Leibel Groner, para nos ligar e mantê-lo informado.
Não conseguíamos entender como ele se preocupava tanto. Estava ocupado com muitas questões globais, porém se lembrava de nós e estava pensando em nosso filho. Uma coisa é enviar uma carta e receber uma resposta, mas é uma outra para o escritório do Rebe ligar para você em casa apenas para dizer: “O Rebe quer saber como seu filho está.” Não podíamos acreditar, e nos sentíamos muito honrados pelo seu constante envolvimento.
O cuidado e o interesse do Rebe também influenciavam outros membros da nossa família. Quando Ryan estava doente no hospital, muitos amigos e parentes aceitavam a observância da Torá em mérito da sua recuperação. E hoje, há cerca de trinta ou até quarenta famílias que se mantêm casher, guardam o Shabat como resultado da doença e da recuperação de Ryan. Eles viram que, através da intercessão do Rebe, suas preces foram atendidas e portanto foram levados a confiar em D'us e continuar a manter Sua Torá.
Infelizmente, nunca tivemos uma chance de encontrar o Rebe, mas quando fomos a Nova York, visitamos o Ohel, onde ele está enterrado perto do Rebe Anterior, e também fomos ao seu escritório apenas para sentir sua presença. Ficamos incrivelmente gratos por tudo que ele tinha feito por nós e por Ryan, que hoje tem vinte e seis anos de idade e está feliz e saudável.
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