Venho de uma respeitada família lituana que não tinha conexão com o Chabad ou caminhos chassídicos. Na verdade, exatamente o oposto. Meu bisavô, Rabino Boruch Ber Leibowitz, foi um dos discípulos seniores de Rabino Chaim Soloveitchik de Brisk, e fui enviado para estudar na Yeshivat Kamenitz em Jerusalém.

Mas em 1969, tive o privilégio de ser apresentado do ao Tanya, a obra principal do Rebe Anterior, o fundador do Movimento Chabad no Século 19. E a partir daquele ponto, minha conexão com Chabad ficou cada vez mais forte. Participava dos estudos de ensinamentos chassídicos na yeshivá Chabad, embora viesse uma ordem do Rebe de que isso tinha de ser com o conhecimento e a permissão dos meus pais.

Quando fiquei noivo em 1975, consegui, apesar da oposição dos meus pais, viajar a Nova York para pedir a bênção do Rebe para meu casamento vindouro. Numa audiência privada, o Rebe me cobriu de bênçãos e me encorajou a permanecer em Nova York até o casamento, pois seria melhor para mim ficar separado da minha futura noiva até então. “Você poderá aprender os tópicos da lei judaica que precisa saber antes do seu casamento também aqui,” disse o Rebe, “mas deveria escrever aos seus pais e futuros sogros para saber se eles precisam de você para as preparações do casamento.”

Mas quando eu disse ao Rebe que meus pais não tinham desejado que eu fosse a Nova York e estavam ma pressionando para voltar, ele instruiu-me a voltar depois de Purim que seria duas semanas mais tarde. O Rebe explicou sua instrução: “Não está claro se estar perto da noiva coloca você em risco de violar uma proibição da Torá ou um decreto rabínico, mas criar discordância certamente é proibido pela lei da Torá…”

Depois que estávamos casados a algum tempo e minha esposa não havia engravidado, resolvemos consultar um renomado especialista, Professor Berkowitz, que declarou que a minha esposa jamais conseguiria ter filhos. Não desejando aceitar seu veredicto, decidimos viajar a Nova York para as Grandes Festas e pedir a bênção do Rebe. Isso foi em 1976.

Conseguimos marcar uma audiência, que durou cerca de dez minutos, às 4 horas da madrugada. Quando dissemos ao Rebe aquilo que o Professor Berkowitz tinha dito e pedimos sua bênção, o Rebe citou um versículo do Livro Devarim, “Vishinantam livanecha – E ensinarás Torá aos teus filhos.” Ele disse que, embora o Talmud declare que “teus filhos” pode se referir aos alunos da pessoa, ele não queria que fosse assim em nosso caso. “Quero dizer filhos literalmente!” ele afirmou.

O Rebe repetiu essas palavras três vezes durante a audiência, e saímos com grande alegria.

Quando voltamos para casa, procuramos um outro médico e, como resultado do seu tratamento, minha mulher ficou grávida. Perto do nascimento, meu sogro queria que fôssemos ver outro médico e quem ele escolheu? Professor Berkowitz. Quando fomos até lá, ele não podia acreditar nos seus olhos!

Dois anos depois, nosso segundo filho nasceu após minha esposa passar novamente pelo mesmo tratamento, e depois ela deu à luz mais sete vezes, sem qualquer tratamento!

Durante a audiência com o Rebe, também falamos sobre o trabalho que ambos estávamos fazendo na área da educação. Mesmo antes de eu me casar, tinha dado aulas noturnas e organizado Shabat para meninos na sinagoga Tsemach Tsedec na Cidade Velha de Jerusalém. Tive grande sucesso ali, e quando falei isso ao Rebe, ele enviou-me quinhentos dólares para também fazer eventos para meninas, o que eu fiz.

Eu tinha mencionado ao Rebe que às vezes eu sentia “tremor no palco” quando tinha de falar perante as crianças. Ao me ouvir dizendo isso, o Rebe voltou-se para minha esposa e com um sorriso no rosto disse: “Perante D'us, ele não tem tanto medo…” querendo dizer que se alguém não tem tanto medo de D'us, por que deveria ter medo de crianças. Ele então aconselhou-me que eu aprendesse de cor o Capítulo 41 do Tanya, que fala sobre temor a D'us.

Alguns anos depois, na década de 1980, eu estava ajudando a organização Colel Chabad e, como resultado desse trabalho, recebi uma máquina de fax. Na época essa máquina era uma rara comodidade, e esta era uma das primeiras em toda Jerusalém. Como resultado, as pessoas iam à minha casa quando precisavam enviar cartas ao Rebe.

No começo dez ou vinte pessoas iam por dia, porém mais tarde o número de pessoas se intensificou, e o secretário do Rebe, Rabino Leibel Groner, recebeu permissão do Rebe para enviar suas respostas diretamente a mim. Eu não via as cartas que as pessoas escreviam – eu as passava no fax e as devolvia em seguida – mas as respostas eu lia, pois havia sido instruído a chamar as pessoas e passar as respostas do Rebe.

Os chassidim Chabad não eram os únicos que procuravam o Rebe; na verdade, judeus de todas as origens buscavam seu conselho. Por exemplo, o famoso psicólogo cognitivo, Professor Reuven Feuerstein, recebia respostas do Rebe a cada poucos dias.

Outro exemplo era um importante pesquisador da Universidade Hebraica, uma pessoa não religiosa, que frequentemente consultava o Rebe. Certa vez ele pediu uma foto do livro de preces do Baal Shem Tov, o fundador do movimento chassídico, que está na Livraria Chabad. Naquele livro de preces, na seção Bircat Hamazon, na bênção após a refeição que fala da mão aberta de D'us, a palavra há’kedoshá (significa “sagrado”) é escrita unicamente ha’guedushá (que significa “fluir”). E o Rebe enviou seu secretário para ter o precioso livro recuperado de sua biblioteca para que uma cópia pudesse ser tirada daquela página, que eu passei ao pesquisador.

Chegou ao ponto em que toda manhã eu recebia cerca de duzentas respostas para pessoas em todo Israel!

Eu começava fazendo telefonemas cedo pela manhã e continuava até duas da tarde, quando eu tinha de ir ensinar na Yeshivá Torat Emet. Eu dedicada muitas horas a esse trabalho, porque a alegria que as pessoas expressavam quando recebiam uma resposta ou bênção do Rebe era indescritível.

Em 1987, o Rebe pediu ao seus chassidim para aumentarem em seu estudo de Torá e relatar a ele. Muitas centenas de chassidim foram à minha casa para enviar ao Rebe um fax com seus relatos, e eu também enviava um meu. Nele, eu disse ao Rebe que estava resolvendo aumentar o tempo que estava devotando a transmitir as respostas do Rebe às pessoas que buscavam seu conselho.

Eu recebia como resposta, que o Rebe iria rezar por mim no túmulo do Rebe Anterior, e isso indicava o quanto era importante para ele que seu conselho e suas bênçãos fossem comunicadas de volta àqueles que estavam fazendo contato com ele.