Cara Rachel,

Estou preocupada com minha filha de sete anos. Ela é uma menina muito doce, mas parece bastante insegura. Ela sempre pede permissão para fazer coisas para as quais ninguém precisa de permissão para fazer, e está sempre conferindo para ver se está fazendo a coisa certa. Por exemplo, ela pergunta: “Mamãe, deixei o garfo cair. Posso pegar?” E depois que dou permissão para pegar, ela diz algo como “Foi bom que eu peguei, certo?” Meus outros filhos jamais fazem perguntas assim - na verdade, se derrubarem um garfo, eles apenas o deixam no chão para alguém pegar! O que posso fazer para ajudar minha filha a ser mai autoconfiante?

Mamãe Preocupada

Cara Mãe Preocupada,

Como judeus, somos conhecedores do mandamento da Torá para honrar e respeitar nossos pais. Porém há uma grande diferença entre respeitar e ser inseguro. A mitsvá de kibud av v’em - honrar pai e mãe - exige que os filhos peçam permissão aos pais para fazer determinadas coisas. Por exemplo, é uma mitsvá pedir permissão para sair da mesa após uma refeição (como “Por favor, me dão licença?”). É uma mitsvá perdir permissão para explicar o próprio comportamento após ser acusado de algo errado (como em “Por favor, posso explicar?”). Até é uma mitsvá abster-se de obedecer a um dos pais (como em “sei que me pediu para usar um agasalho, mas por favor, eu poderia não usar, porque não estou com frio?”). No entanto, todas essas perguntas envolvem o relacionamento entre pais e filhos. No primeiro exemplo, o filho está saindo da presença de um dos pais. No segundo, o filho está explicando seu comportamento após ser confrontado por um dos pais. E no terceiro, o pai deu uma instrução ao filho.

A situação de sua filha é bem diferente. Ela precisa pedir permissão para funcionar independentemente. Se você tivesse criado uma regra de que ninguém poderia tocar coisas que estão no chão, então a pergunta dela seria permitida. Porém, na ausência de tal regra, sua filha precisa ser capaz de agir de modo independente. Não encoraje a dependência respondendo a tais perguntas. Em vez disso, encoraje-a a tomar suas próprias decisões.

Por exemplo:

Filha: Mamãe, derrubei meu garfo. Posso pegar?
Mãe: Você é quem sabe.
Filha: Peguei. Isso foi bom, certo?
Mãe: O que você acha?

O truque aqui é ser consistente. Crianças com este tipo de comportamento ansioso tendem a ser persistentes e até um pouco traiçoeiras em sua abordagem. Vão fazer a pergunta de uma maneira, e se não tiverem resposta, vão perguntar de outra maneira e depois de outra, até que a mãe finalmente dá a resposta que estavam querendo.

Por exemplo:

Filha: Oito da noite é hora de dormir, certo?
Mãe: O que você acha?
Filha: Acho que é, mas estou certa?
Mãe: O que você acha?
Filha: Bem, sei que não é às sete horas. Não é às sete horas, certo?
Mãe: O que você acha?
Filha: Quero saber o que você acha!
Mãe: Acho que você sabe todas essas respostas.
Filha: Sim, mas na noite passada fui para a cama pouco antes das oito, portanto posso ficar até às oito hoje?

E assim vai. Crianças assim não estão tentando deixá-la louca (embora possa parecer que sim). Elas estão passando por um processo de ansiedade. Desistir e ceder - dando-lhes a resposta que estão procurando - faz este processo ansioso ficar ainda mais forte no cérebro. Embora possa parecer cruel a curto prazo, o melhor que você pode fazer a longo prazo é ajudar a ansiedade a diminuir forçando sua filha a descobrir a própria verdade. Quando ela fizer isso muitas vezes, construirá sentimentos - e caminhos neurais - de confiança e segurança.