Pergunta:
Quando Moshê viu as coisas dando errado no Egito, ele reclamou a D'us: “Por que fizeste o mal a este povo? Desde que me enviaste, as coisa têm piorado em vez de melhorar!”
D'us não sabia que as coisas tinham piorado? D'us não sabe aquilo que está se passando em Seu mundo? Por que Ele precisou que Moshê dissesse a Ele?
Resposta:
D'us vê tudo e sabe tudo, mas às vezes você precisa de um relatório vindo de baixo.
Aqui está um exemplo. Como compositor de músicas na Universidade de Columbia da Inglaterra (que tinha uma ótima faculdade na época), estabeleci para mim mesmo a tarefa de escrever um quinteto de cordas. Com muita ajuda do meu mentor, trabalhei durante meses para compor uma peça original de contraste complexo e forma clara. Finalmente, a peça ganhou o primeiro lugar em sua categoria num festival de artes da província.
Lembro-me claramente da manhã em que pela primeira vez colocamos a partitura na frente do quinteto. Isso foi nos dias anteriores aos sintetizadores de instrumento, portanto eu nada tinha ouvido até agora, exceto aquilo que podia ser duplicado no piano, mais as construções na minha própria mente. Como você pode imaginar, foi difícil eu me manter sentado e não sair dançando pelo piso enquanto minha música criava vida à minha frente.
Então o músico que tocava baixo parou o ensaio. Tirou um lápis e começou a mudar algumas notas. Quase saltei no pescoço dele, mas meu mentor agarrou-me pelo braço. Eu podia ver que ele estava lendo em voz alta os meus pensamentos: “Que chutzpah! O contraponto está perfeito! Tudo foi conferido pelos meus professores. A forma é linda – passei meses fazendo isso! Ele pensa que conhece a intenção do compositor melhor que o próprio compositor?!”
“Eles fazem isso,” disse ele. “E geralmente estão certos. É diferente quando você está tocando lá de dentro.”
D'us tem duas visões da realidade. Uma é a grande visão lá do alto. Dali, a feiura se mescla ao contexto para criar uma beleza ainda maior. Tudo é belo e ideal, um todo perfeito.
Então Ele tem a visão vinda de dentro. Dentro do tempo, do espaço, dentro dos confins de um corpo de carne que range de dor e é ofendido pelo sofrimento; uma visão para a qual o agora é mais real que mil anos no futuro. A visão não do Compositor, mas daqueles que precisam tocar a música. E às vezes aquilo que parece magnífico visto do alto, é o abismo visto de dentro. Ambas as visões são verdadeiras. Ambas as visões são D'us.
Na Torá, a vista do alto é apresentada na voz de D'us. A visão de D'us vinda de dentro é apresentada na voz de Moshê. As duas vêm juntas para compor a suprema verdade da Torá. Moshê estava simplesmente praticando um hábito judaico comum: reclamando a D'us. Podemos chamar de prece. É o lápis que nos foi dado pelo Compositor. Prefaciamos nossas preces com o versículo: “D'us, abre meus lábios, para que minha boca possa falar Teu louvor.”
Pedimos, em outras palavras, que nossas preces sejam as palavras de D'us vindas de dentro, falando com D'us enquanto Ele está no alto.
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