Numa reunião de família que celebrava o nascimento de uma criança, o Rebe explicou os três motivos para se alegrar numa ocasião dessas: o júbilo de toda a nação pelo nascimento de um novo membro, a alegria dos pais por serem abençoados com um filho, e a alegria da criança por ter sido trazida ao mundo.
"Mas como podemos celebrar quando ainda não sabemos o que a criança será?" perguntou um homem.
"O nascimento marca o momento em que a alma entra no corpo" – disse o Rebe. "E como a alma está conectada diretamente a D’us, este é motivo suficiente para se alegrar."
Por que você nasceu?
Seu nascimento significa que você é filho de D’us. Seu nascimento não foi apenas um acidente; D’us escolhe cada um de nós para desempenhar uma missão específica neste mundo, assim como o compositor organiza harmoniosamente cada nota musical. Tire uma nota que seja, e a composição se desintegra. Cada pessoa tem seu valor; cada pessoa é insubstituível. Sua vida está sempre o levando na direção de seu destino, e todo momento é significativo e precioso.
Muitas pessoas parecem sentir que, apenas porque não escolhemos vir ao mundo, nosso nascimento é um golpe de coincidência ou do acaso. Isso não poderia estar mais longe da verdade. O nascimento é a maneira de D’us dizer que Ele investiu Sua vontade e energia para criar você; D’us sente grande alegria quando você nasce, o maior prazer imaginável, pois o instante do nascimento engloba o potencial de todas as futuras realizações.
Quando, exatamente, começa a vida?
No nascimento, a alma entra no corpo, criando uma vida que se sustenta, um ser humano autônomo. Um feto, obviamente, é um organismo vivo completo com cérebro em funcionamento, coração e membros. Mas é somente uma extensão, embora viva, da mãe. Contém a vida, mas ainda não é independente, sustentado por sua própria força.
Portanto, o instante do nascimento assinala o início de nossa missão na terra, que é transformar nosso mundo material num veículo de expressão espiritual e Divindade. O processo da vida é muito mais que simples biologia. Uma pessoa não está plenamente viva a menos que esteja sintonizada com o propósito mais elevado de sua alma, a menos que conheça sua missão.
Muitos de nós sentimos um lado espiritual em nossa vida. Talvez o busquemos apenas de tempos em tempos. Mas como estamos tão ocupados com nossa vida diária e tão famintos pela gratificação instantânea, esquecemos – ou jamais separamos tempo para aprender – por que, para começar, estamos aqui.
Cada um de nós tem uma opção: podemos estar meramente vivos no sentido biológico ou podemos ser realmente vivos, espiritualmente vivos. Mesmo como adultos, podemos viver da maneira que um feto vive – comendo, bebendo e dormindo, uma pessoa completa que carece de seu elemento mais vital: uma alma. Ou podemos aproveitar nossa capacidade para sermos espiritualmente sensíveis, e participar do mundo.
É tentador passar nossa vida num estado semelhante ao do feto. Até os Sábios admitem isso: ‘É mais agradável não nascer do que nascer." Não seria mais fácil passar pela vida aquecido e bem alimentado, protegido do mundo exterior, que suportar as difíceis batalhas da vida que todos teremos de conhecer?
De fato, muitos tentam se isolar, reagindo à vida mas nunca se envolvendo nela por completo. Sob esta ótica, vemos que o nascimento, acima de tudo o mais, é um desafio, o primeiro e talvez o mais difícil que jamais enfrentaremos.
Por um momento, pense sobre as experiências de um bebê. Agora tente imaginar seu próprio nascimento. Que momento monumental! Que sentimentos você teve? Que vozes escutou? Cientistas e psicólogos estão apenas começando a reconhecer aquilo que a Torá tem ensinado durante milhares de anos: que nossas experiências como recém-nascido têm um profundo impacto em nossa psique interior. Um recém-nascido é tão receptivo como uma esponja seca.
Escuta talvez ainda mais que um adulto; exatamente porque sua mente consciente ainda não funciona, e porque não entende as palavras, um recém-nascido é muito mais impressionável. Absorve tudo em seu ambiente na forma mais pura, sem ser adulterada pelo ego ou intelecto adulto.
A educação, portanto, começa no momento em que a criança nasce. Isso nos apresenta uma profunda responsabilidade sobre como nos comportar na presença de uma criança, e como tratamos as crianças desde o instante do nascimento. Lembre-se: a alma de um recém-nascido está completamente viva, com ouvidos abertos que escutam tudo.
Um respeitado rabino, quando bebê, era carregado com freqüência em seu cestinho para ouvir preces e canções. Ele cresceu e se tornou um grande erudito e, em reconhecimento à maneira pela qual fora criado, era cumprimentado muitas vezes com a bênção: "Abençoada seja aquela que lhe deu à luz."
ב"ה
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