Pergunta:
Qual o motivo de termos fotos de tsadikim (justos) em nossas residências? O judaísmo não condena a idolatria?
Resposta:
Na história do Êxodo do Egito, encontramos a figura de Moshê Rabênu (Moisés). D'us tentou convencer Moshê durante uma semana para que aceitasse ser o emissário Divino para libertar o povo da escravidão. No final, Moshê se convenceu, e tornou-se o personagem de maior importância no Êxodo. Após a abertura do Mar Vermelho, e a milagrosa salvação do povo, consta no versículo (Shemot 14:31): "Acreditaram em D'us e em Moshê, Seu servo." Vemos que este versículo compara a fé em D'us à de Moshê.
Por que será que D'us necessitou de Moshê para libertar seu povo? Ele não podia fazê-lo sozinho? Na verdade encontramos na Hagadá de Pêssach que D'us veio pessoalmente ao Egito para matar os primogênitos e libertar o povo, sem ter mandado um anjo ou emissário. Portanto, devemos afirmar que a presença de Moshê no Êxodo não veio "auxiliar" a D'us, porém havia uma conotação mais profunda.
O conceito de "Mitsráyim" (traduzido como Egito), literalmente significa "limitações". A escravidão do Egito era oriunda de um estado espiritual de limitações, ou seja, impedimentos no serviço Divino. Isto significa que o fato de estarem fisicamente no Egito como escravos se devia ao estado espiritual inferior em que se encontravam. Não eram apenas escravos do Faraó, mas principalmente, escravos do próprio mau instinto. Os judeus se encontravam então no mais baixo nível de impureza.
Para ocorrer o êxodo físico, era antes necessário a libertação espiritual e a busca de conceitos mais Divinos, como dizem nossos Sábios (Avot 6:2): "Não existe uma pessoa livre, senão aquela que se dedica ao estudo de Torá." Porém, o povo se encontrava muito afastado de D'us, e para aproximá-lo era necessário um intermediário. Aqui surgiu a importância de Moshê Rabênu. Por um lado era ele um ser humano; por outro lado, era totalmente anulado perante D'us. D'us poderia Sozinho libertar o povo judeu da escravidão física, porem era necessária a figura de Moshê para libertá-los espiritualmente e aproximá-los de D'us.
Por isto, Moshê Rabênu é chamado pelo Zôhar de Ra'yá Mehemná (lit., "pastor fiel"), porém este conceito pode ser interpretado como "o pastor da fé", ou seja, ele pastoreia, i.e., alimenta o povo judeu com fé. Por isto, a fé em Moshê foi comparada no versículo à fé em D'us, pois é Moshê que aproxima o povo de D'us.
O sagrado Zôhar afirma que existe em cada geração uma expansão de Moshê Rabênu. Este é o líder, o tsadic da geração. Também é chamado de Ra'yá Mehemná (o pastor da fé), tal como o primeiro Moshê; e serve como elo de ligação entre D'us e o povo.
A ligação com o tsadic fortalece a conexão com D'us. Este é o sentido da pessoa do Rebe, aquele que fortalece nossa fé e nos mostra o caminho aos Céus.
Quando D'us criou o homem, consta na Torá (Bereshit 1:27): "D'us criou o homem em Sua forma..." Ao cometer uma falha, a face do homem perde o semblante Divino. No entanto, os tsadikim, que não têm falhas, contêm em sua face esta forma Divina, servindo de inspiração ao serviço Divino.
Este é o sentido de ter uma foto do Rebe em nossa casa, e carregá-la seja onde for; pois somente o fato de observá-la nos serve de inspiração para reforçar nosso elo com D'us, elevando-nos espiritualmente. Isso nos traz bênção e proteção físicas, pois a libertação das limitações espirituais influencia diretamente a libertação dos problemas materiais.
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