Professor…
Cambridge, Massachussets

Saudações e bênçãos

Esta vai em resposta à sua carta recente.

Começando com o parágrafo final da sua carta, sobre a conveniência de fazer uma mudança – na minha opinião seria aconselhável você continuar no seu cargo atual em Cambridge, o que também seria benéfico para seus pais. Não vejo como a sua mudança para Erets Yisrael fortaleceria sua influência sobre o seu filho, principalmente pelo fato de que a geração mais jovem ali tende a sentir e agir mais independentemente da influência paterna. De qualquer forma, como você passou um ano ali recentemente, com certeza está familiarizado com a situação em Erets Yisrael a esse respeito.

Sobre aquilo que você pode fazer para guiar seu filho na direção da Torá – sem dúvida você sabe que atualmente é mais fácil para os pais influenciar filhos adolescentes através da mediação de amigos do que tentando diretamente eles mesmos.

Os filhos que começam a sentir que estão ficando adultos são inclinados a desprezar o conselho dos pais porque temem que estes ainda os consideram imaturos (ou algo semelhante), mas seriam mais receptivos ao mesmo conselho vindo de fontes "objetivas". Portanto, seria bom se você pudesse encontrar amigos em Boston que tentassem influenciar seu filho na direção correta. Isso seria mais eficaz se feito de maneira a não tornar óbvio que eles estão intervindo a seu pedido.

Talvez haja uma chance de persuadi-lo a freqüentar uma yeshivá – como a Yeshive University, por exemplo – com um dormitório onde ele ficaria sob a influência de colegas adequados.

Porém eu gostaria de falar sobre outro tópico, e confio que você o levará em conta. Fiquei um tanto surpreso por você não mencionar em sua carta os seus contatos com nossos irmãos atrás da Cortina de Ferro, nem faz alusão a qualquer atividade destinada a ajudar os muitos que saíram daquele local. Você indubitavelmente sabe que grande porcentagem deles precisa de encorajamento em termos de incorporar Torá e mitsvot na vida e conduta diárias. A influência (moral e espiritual) de alguém que também é fugitivo do mesmo lugar, e conhece os problemas por si mesmo, tem chance de ser mais eficaz, especialmente quando acompanhada por um exemplo vivo.

Obviamente, existem aqueles que talvez você considere não apropriados para este tipo de atividades comunitárias. Porém se este, ou qualquer outro motivo, pode ter sido desculpável em tempos normais, não pode ser válido em épocas de emergência, especialmente quando se trata de pikuach nefesh, pois isto supera qualquer outra coisa! Desnecessário dizer que não é minha intenção fazer sermões. Porém vendo o que está acontecendo a muitos dos nossos irmãos que deixaram a Cortina de Ferro – porque ninguém tentou fazer contato com eles – não tenho outra opção exceto transmitir o SOS deles.

Que D'us conceda que você tenha boas novas sobre todo o mencionado acima. Com estima e bênção,