Muitos pais visitavam o Lubavitcher Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson (1902-1994), para conselho e consolo após perder um filho. O Rebe respondia com paciência e empatia, usando palavras de consolo e encorajamento. Aqui estão algumas das visões do Rebe sobre a terrível tragédia da perda de um filho. (O que se segue não é a íntegra das palavras do Rebe, mas um resumo de suas respostas e conselhos).

Qual é o Plano de D'us?

Reunindo Anos Perdidos e Uma Subida Para a Alma

Por que D'us levou meu filho tão cedo? Por que D'us não deu a ele ou a ela uma chance de se casar, ter filhos, ter uma vida plena? Qual é o plano de D'us? A resposta é “Não sabemos”. D'us dá a cada pessoa um número de anos para viver neste mundo. Somente em casos extremos é possível para alguém prolongar sua vida, ou fazer o contrário com algum terrível pecado, D'us não o permita.

A maioria das almas vindas a este mundo são encarnações daqueles que viveram previamente. Sua tarefa é completar aquilo que ficou faltando em sua vida anterior. É quase certo que aqueles que morrem jovens estão aqui para completar o número de anos que lhe faltou.

O retorno da alma ao céu é uma grande subida espiritual para a alma. A perda é somente para os enlutados deixados para trás. A certo ponto, a alma também sente alguma tristeza pois sabe que sua família está entristecida pela sua partida.

Pais Enlutados e Sensações de Culpa

Há algo que eu poderia ter feito para que meu filho estivesse vivo agora?

Às vezes sentimos que se apenas tivéssemos feito isso e aquilo, nosso filho ainda estaria aqui. Pensamentos de teoria, ‘poderia ter, e deveria ter’ nos torturam. Quando as famílias são responsáveis e amorosas, elas precisam saber que fizeram tudo que podiam para ajudar o filho. O restante estava além do seu controle. Em última análise, tudo está nas mãos de D'us.

Pai e Filho Estão Sempre Conectados

O Vínculo é Para Sempre

A alma vive para sempre, e portanto o vínculo entre pai e filho também é para sempre. Embora não possamos ver nosso filho fisicamente, o nosso filho nos vê. A alma está muito mais viva nos âmbitos superiores e ainda se preocupa com a família e os amigos neste mundo. Assim como cuidamos do nosso filho quando ele ou ela estava aqui, ainda podemos fazer coisas para nossos filhos depois que eles faleceram.

Fazer atos de bondade para outros, estudar a Torá de D'us, oferecer palavras de encorajamento para aqueles que precisam – essas são coisas que dão à alma que partiu imenso prazer e permite à alma atingir alturas espirituais maiores no Céu. Quando conectamos a lembrança do nosso filho com uma ação física, é como se o filho ainda está aqui tendo um efeito palpável neste mundo físico.

Por Que Estou Lamentando Se Meu Filho Está Feliz No Céu?

Somos apenas seres humanos

Como nosso filho agora está liberto de todo o sofrimento físico e é feliz estando ainda mais perto de D'us do que antes, por que prantear? Por que deveríamos ficar tristes se nosso filho está feliz? Não acreditamos na imortalidade da alma? Não acreditamos que D'us sabe o que está fazendo?

D'us sabe que somos seres humanos. Não podemos mais ouvir, ver ou sentir nosso filho neste mundo. Não podemos mais nos conectar com nosso filho num nível físico e ficamos entristecidos por isso. D'us espera que tenhamos sentimentos de luto. É por isso que a Torá nos orienta a observar rituais de luto por um determinado período de tempo para nos dar uma saída para nossos sentimentos de perda, tristeza e confusão sobre a morte de um ente querido.

Meu Filho Fica Triste Se Eu Estou Feliz?

Absolutamente Não

Como pais enlutados, pensamos que nosso filho irá se sentir abandonado ou triste se encontrarmos felicidade em nossas vidas. Podemos sentir que se nossa tristeza diminui, iremos esquecer nosso filho. Embora este sentimento seja natural, este não é o caso de maneira alguma.

Devemos lembrar que nosso filho vê e ouve o que está acontecendo com a família neste mundo. Se nosso filho vir que estamos tristes e infelizes além do tempo prescrito pela Torá para tal luto, então o filho também está triste. De modo oposto, quando voltamos à vida normal e produtiva, o filho pode realmente ser feliz no céu. Sobre esquecer do nosso filho, não precisamos nos preocupar. Jamais esqueceremos do nosso filho. Como foi dito antes, o vínculo entre pai e filho é para sempre, e nunca será diminuído pela passagem do tempo.

Não Posso Parar De Lamentar Pela Perda do Meu Filho

O Que Eu Deveria Fazer?

Depois que sua esposa, Rebetsin Chaya Mushka. Faleceu, o Rebe perguntou: Como podem nossas mentes compreensivas se reconciliarem com um coração ferido? Como pode nosso luto ser amenizado pelo tempo dos rituais de luto que a Torá prescreve?

Nosso intelecto entende que luto tem uma linha do tempo. Nosso luto quando está distante do tempo da tragédia deveria ser menos intenso que nos dias e semanas que vieram antes. Nosso coração emocional não aceita essa linha do tempo. Sentimentos de luto podem ser não abatidos após semanas, meses ou até anos.

Porém, D'us deseja que façamos a transição de um enlutado para um membro produtivo da nossa família e comunidade. Devemos ficar em contato com as necessidades da nossa família bem como as nossas próprias necessidades. Nossas famílias precisam de nós para serem indivíduos plenamente funcionais. Precisamos fazer isso também para nossa própria saúde mental e física.

Como fazemos isso? Tornando-nos ativos num comportamento produtivo que apreciamos. Os pais enlutados deveriam fazer todo esforço para espalhar a luz da Divindade no mundo fazendo atos de bondade e gentileza. Qualquer ato que fazemos em memória de nosso filho não deveria ser feito com tristeza, mas com alegria. Assim, nos tornamos um exemplo positivo para nossa família e para os outros.

É Como: Lidamos Com o Luto Que Importa

Eu gostaria de resumir o conselho do Rebe assim: Tristeza e luto é uma reação humana normal à perda de um filho. O que é crucial é como lidamos com nosso luto. O Rebe não quer que nosso luto nos consuma até o ponto quando não podemos mais funcionar adequadamente física e emocionalmente. O Rebe sempre enfatizava que ‘fazer’ é a melhor terapia que temos para nosso bem estar emocional. Que possamos todos encontrar maneiras apropriadas para expressar nosso luto e embarcar em ações duradouras para a memória de nossos filhos.