Esta história é um trecho do livro”My Story 2: Lives Change”. Obtenha sua cópia (no original em inglês) em: www.jemstore.com.
Yeshivat HaRambam U'Beit Yosef, uma yeshivá sefardita,foi fundada em Tel Aviv em 1955 e, naquela época, fui nomeado seu chefe, embora tivesse apenas vinte anos. Claro, era uma pequena yeshivá naquela época, mas cresceu muito. E, após um tempo, eu procurei um lugar onde pudéssemos crescer ainda mais.
Em 1972, viajei para os Estados Unidos para arrecadar dinheiro para um canteiro de obras e construção. Naquela época, alguns doadores da yeshivá – empresários que eram israelenses e que por acaso estavam nos Estados Unidos naquele momento – me encontraram e disseram que tinham um encontro com o Lubavitcher Rebe. Eles me pediram para ir com eles e eu concordei, embora soubesse muito pouco sobre o Rebe.
Pelo que me lembro, a reunião foi tarde da noite. Entramos no escritório do Rebe, e meus companheiros perguntaram tudo o que queriam — pelo que me lembro, eles buscavam conselhos sobre assuntos de negócios; o Rebe os abençoou e nos preparamos para partir. Até aquele momento, eu não havia pronunciado uma palavra, mas de repente, o Rebe falou: “O rabino que está com você deve ficar”. E então ele se levantou de sua cadeira e se dirigiu a mim diretamente: “Você é o rabino Avraham Chaputa?”
Fiquei surpreso que ele sabia meu nome. Respondi afirmativamente, e ele me pediu para sentar e começou a conversar comigo. Essa conversa durou muito tempo, pelo menos quarenta e cinco minutos. Ele falava fluentemente em hebraico puro, sorrindo o tempo todo. Eu diria que foi uma conversa maravilhosa, uma conversa muito agradável para mim.
Toda vez que um dos secretários do Rebe abria a porta, eles viam que o Rebe ainda estava falando comigo, então nos deixavam sozinhos. Eles abriam a porta a cada poucos minutos, porque havia muitas pessoas esperando do lado de fora; mas, isso não afetou o Rebe em nada. Ele continuou falando comigo, me fazendo todo tipo de perguntas sobre a yeshivá, os alunos, as aulas, etc. Também mencionei que estávamos pedindo à cidade para obter um novo canteiro de obras porque a yeshivá havia crescido.
Antes que a reunião terminasse, ele me pediu para incluir alguns ensinamentos de Chabad quando eu falasse com meus alunos. Eu respondi dizendo que minhas palestras eram geralmente variadas - além de fontes sefarditas e ensinamentos de Maimônides, eles também incluíam ensinamentos de várias escolas de pensamento Ashkenazi, incluindo Mussar (o movimento ético judaico), o mundo da yeshivá lituana e o Chasidismo. do Baal Shem Tov. No entanto, entendi que ele queria especificamente alguns ensinamentos Chabad em minhas palestras. Como já havia estudado o Tanya, obra seminal do fundador do movimento Chabad, concordei em fazê-lo.
Ao sair, mencionei que havia publicado muitos livros, e ele pediu para lê-los, dizendo ao seu secretário: “Qualquer livro que o rabino Chaputa enviar, por favor, traga-me imediatamente. E qualquer livro de Chabad que ele queira, por favor, dê a ele antes que ele vá embora.”
Retornei a Tel Aviv e – por mais incrível que parecesse na época – em pouco tempo as autoridades seculares da cidade nos deram um terreno para construir uma nova yeshivá.
Naquela época, eu havia sido nomeado para o Conselho Religioso de Tel Aviv, e pensei que a doação deste terreno tinha algo a ver com o meu reconhecimento pelo rabino Isser Yehudah Unterman, que havia sido o rabino-chefe de Tel Aviv e que tornou-se o rabino-chefe de Israel. Mas eu estava errado.
Só descobri o que realmente aconteceu trinta e quatro anos depois, em 2006, quando foram realizadas celebrações em homenagem ao término do ciclo anual de estudo da magnum opus de 14 volumes de Maimônides sobre a lei judaica, Mishnê Torá. Esses ciclos começaram em 1984, quando o Rebe instituiu a prática de estudar Mishnê Torá todos os dias. Como líder de uma yeshivá cujo currículo principal se concentrava em Maimônides, fui convidado por Chabad a participar do início do novo ciclo de estudos. Claro, eu concordei. Mas na noite em que fui falar lá, levei um choque.
Alguém me mostrou uma cópia de uma carta que o Rebe havia escrito em outubro de 1972 para Yehoshua Rabinovitz, então prefeito de Tel Aviv, que dizia em parte:
“É possível que minha carta o surpreenda, pois nunca tivemos a oportunidade de nos encontrar ou entrar em contato etc., mas como se trata de um assunto de interesse público, espero que você seja receptivo ao meu pedido, especialmente porque a resolução satisfatória deste assunto depende inteiramente de você...
“Este assunto diz respeito à Yeshivat HaRambam localizada em Hadar Yosef, Tel Aviv. Como fui informado, em frente à yeshivá fica um terreno que tem sido objeto de esforços da yeshivá para adquirir, mas a permissão formal para “uma mudança de designação” vem se arrastando...
“Embora eu não conheça os detalhes e as dificuldades do assunto, eu sei que isso toca na questão fundamental do estudo público da Torá - particularmente uma instituição da comunidade sefardita, cujos jovens têm desafios únicos: principalmente problemas de absorção depois de terem sido desarraigados dos países onde suas famílias viveram por centenas de anos e, agora, após chegarem à Terra Santa, eles se esforçam para se adaptar a condições de vida totalmente diferentes das que estavam acostumados, etc. certamente esta questão merece uma atenção redobrada e sua assistência deve ir até além…
“Estou escrevendo para apoiar o pedido deles e para adicionar o meu pedido também, dobrado e multiplicado, para ajudar o desenvolvimento em geral da yeshivá acima mencionada - e em particular, que o lote desejado seja dado a eles, que, de acordo com seu pedido, está localizado perto de....”
Fiquei surpreso — o Rebe estava solicitando que o prefeito nos desse um lote para nossa yeshivá! Naquela reunião, ele me ouviu dizer que eu precisava de um terreno para que pudéssemos expandir e admitir mais alunos. Mas eu não tinha pedido que ele me ajudasse, nem esperava que ele o fizesse. No entanto, ele assumiu a responsabilidade de fazer o que pudesse para garantir esse terreno para nós.
Seus olhos estavam abertos e cuidando de tantos lugares – ele não era apenas um Rebe para seus chassidim; ele se importava com o mundo judaico inteiro.
Foi realmente uma coisa maravilhosa. Não tenho dúvidas de que o pedido do Rebe desempenhou um papel fundamental em nosso recebimento da terra.
Construímos um prédio muito grande, que acomoda centenas de alunos. E uma boa parte disso eu credito à intervenção do Rebe. Ele viu o mundo inteiro diante dele. E ele se importava. E ele agiu.
Faça um Comentário