Por ocasião do aniversário da Rebetsin Chaya Mushka em 25 de Adar, esposa do Rebe Menachem Mendel Schneerson, ambos de abençoada memória, trazemos alguns fatos que ilustram sua personalidade e sua preocupação com o próximo.
Ela, Também, Pode Dar Bênçãos
Certa vez, a Organização Lubavitch para Mulheres enviou a Rebetsin Chaya Mushka, a esposa do Rebe, ambos de abençoada memória, um buquê de flores, junto com uma lista de indivíduos com pedido de bênçãos. Colocando de lado as flores para a Rebetsin, o secretário passou a carta ao Rebe que, observando que estava endereçada à sua esposa, pediu ao seu secretário para entregar a ela, dizendo: “Ela também é capaz de dar bênçãos.”
A Bebida Derramada
A Rebetsin era sempre sensível àqueles ao seu redor, como evidenciado pela recordação de Rabi Shmuel Lew. Atual diretor da Escola Lubavitch em Londres, Rabi Levi sempre visitava a Rebetsin com sua noiva e sua família antes de se casar.
“Havia uma linda toalha branca, e ela servia ponche em longos copos de cristal”, ele relatou.
“A certa altura, quando minha mão apanhou o copo e eu não havia notado um canudo, minha mão empurrava o canudo e ele batia contra o copo... todo o ponche acabou derramado sobre a mesa.”
“Sem perder um segundo, a Rebetsin, como se essa fosse a melhor coisa que pudesse ter acontecido na casa dela, disse que isso era um sinal de bênção.”
O sogro de Rabi Lew, Sr. Zalmon Jaffe, em seguida disse que a Rebetsin era “tão deliciada educada, que seria com certeza capaz de derramar um outro copo sobre o liquido já derramado.” E isso somente para não deixar um outro judeu constrangido.
O Desvio
O Rebe pediu que eu acompanhasse a Rebetsin quando saía de casa todo dia para tomar ar fresco. Geralmente, íamos até um parque em Long Island. Nos anos em que meu filho Ari era uma criança pequena, com frequência passávamos pela sua escola na Ocean Parkway para levá-lo junto; a Rebetsin gostava de brincar com ele, empurrando-o nos balanços no parque.
Um dia, quando estávamos próximas do parque, encontramos nossa rota costumeira fechada devido a uma obra na estrada, e fomos forçados a continuar dirigindo por uma rua paralela.
Quando passávamos por aquela rua, ouvimos o som de uma mulher gritando em russo. Quando parei no próximo farol, a Rebetsin voltou-se para mim e disse: ““Ouvi uma mulher gritando. Você pode voltar e ver o que aconteceu?”
Dirigi de volta até o início da rua. Ali vimos uma mulher de pé na esquina e chorando, enquanto perto dela, trabalhadores estavam carregando móveis e itens de uma casa e colocando-os num caminhão. A pedido da Rebetsin, estacionei atrás do caminhão e fui saber os detalhes do que estava acontecendo. O chefe de polícia explicou que a mulher não tinha pago seu aluguel por muitos meses, e agora estava sendo despejada de sua casa.
Quando contei para a Rebetsin, ela pediu-me para voltar e inquirir ao policial quanto a mulher devia, e se ele aceitaria um cheque pessoal; ela também pediu que eu não dissesse nada para a família que estava sendo despejada.
A essa altura, eu ainda não percebia para onde tudo isso estava levando, mas atendi ao pedido da Rebetsin. A quantia que a família devia era aproximadamente U$ 6.700. O chefe de polícia disse que não havia problema em aceitar um cheque pessoal, desde que ele confirmasse com o banco que o cheque tinha fundos. Ele também disse que se ele recebesse o pagamento, seus homens iriam carregar tudo de volta para a casa.
Quando informei a Rebetsin sobre os detalhes, ela pegou seu talão de cheques e, para minha surpresa, escreveu um cheque com a quantia total, e pediu-me para entregá-la.
O chefe de polícia fez um telefonema para o banco, e então instruiu seus funcionários a levarem tudo de volta para a casa. A Rebetsin imediatamente pediu-me para sair do local e dirigir rapidamente antes que a mulher percebesse o que tinha acontecido.
Eu estava completamente surpresa com aquilo que tinha visto. Mais tarde, quando estávamos no parque, eu não pude me conter e perguntei à Rebetsin o que a tinha feito doar uma quantia tão grande para uma pessoa estranha.
“Você realmente quer saber?” a Rebetsin perguntou.
“Sim, quero,” respondi.
“Então vou lhe contar,” ela disse.
“Certa vez, quando eu era uma menina, meu pai me levou para uma caminhada no parque. Ele sentou-me num banco, e começou a falar-me sobre a ideia de hashgachá pratit (Divina Providência). Toda vez – disse Papai – quando algo nos faz desviar da nossa rota normal, há um motivo divinamente ordenado para isso. Toda vez que vemos algo fora do comum, há um propósito pelo qual nos foi mostrado aquilo.
“Hoje,” continuou a Rebetsin, “quando vi o sinal ‘Retorne’ instruindo-nos a desviar da nossa rota regular, lembrei das palavras de meu pai, e imediatamente pensei comigo mesma: todo dia que passamos por essa rua, de repente a rua é fechada, e somos enviadas a uma rua diferente. Qual é o objetivo disso? Como isso está conectado comigo? Então ouvi o som de uma mulher chorando e gritando. Percebi que tínhamos sido enviadas ao longo dessa rota para um propósito.”
Especialmente Chocolate
Um aluno da yeshivá certa vez viu a Rebetsin Chaya Mushka carregando sacolas e as levou para ela até sua casa. Quando o aluno as levou pra dentro, a Rebetsin tentou dar a ele uma barra de chocolate.
Ele disse:
“Fui criado num lar chassídico e fui ensinado a cumprir uma mitsvá (mandamento) numa maneira completa e sem aceitar uma recompensa.”
A Rebetsin respondeu:
“Também fui criada num lar chassídico e fui ensinada que quando algo é dado, a pessoa deve aceitar, especialmente chocolate!”
A Rebetsin Virou a Garrafa
Outro exemplo da suprema Hiskashrut da Rebetsin é um episódio que aconteceu durante a noite de Simchat Torah de 5746.
Durante um Farbrenguen o Rebe instruiu que todos deveriam virar seus copos de cabeça para baixo. O Rebe explicou que os copos dos braços da Menorá no Beit Hamicdash eram colocados de cabeça para baixo simbolizando que a energia emana do Beit Hamicdash para o mundo inteiro.
Similarmente, nossa Shlichut é não se preocupar com nós mesmos, mas gerar e distribuir energia judaica ao mundo inteiro.
Ao dizer isso, o Rebe terminou o conteúdo de seu próprio copo e virou-o de cabeça para baixo e em seguida todos começaram a cantar. Após o farbrenguen, alguns dos chassidim presentes foram visitar a Rebetsin e disseram a ela o que tinha acontecido no Farbrenguen.
Quando eles chegaram para contar sobre o Rebe virando seu copo, a Rebetsin perguntou espantada:
“Un der man hot take azoi geton? – E meu marido realmente fez isso?”
Dizendo isso, ela imediatamente pegou uma pequena garrafa de Mashke que estava sobre a mesa e a virou.
Os Chassidim são Meus Filhos
A Rebetsin não tinha seus próprios filhos, porém quando uma criança a visitava em casa e perguntava: “Onde estão seus filhos?” ela respondia que todos os Chassidim eram seus filhos.
Você Vai falar Iídiche Com Seus Filhos
Por Sorah Shemtov
... Então eu tive uma chance de contar à Rebetsin sobre meu próximo noivado. É claro, falava com ela na terceira pessoa.
Eu disse: “Vim falar com a Rebetsin quando eu estava procurando um marido, e agora, graças a D'us, encontrei alguém, e vamos escrever ao Rebe para pedir sua bênção para ficarmos noivos. Portanto eu quis compartilhar aquelas notícias com a Rebetsin.”
“Qual é o nome do rapaz?” ela perguntou.
“Seu nome é Levi Yitzchak Shem Tov.”
“Ele é neto de Bentzion Shemtov?”
“Sim,” respondi.
Então a face da Rebetsin se iluminou. “Agora estou muito feliz, porque agora sei que você vai falar com seus filhos em iídiche.”
Acho que o motivo pelo qual ela disse isso foi porque minha família é muito americana em ambos os lados, e a Rebetsin conversava comigo, com minha irmã e meu pai em inglês. Mas Levi Yitzchak e sua família falavam iidiche, e a Rebetsin entendia que iídiche seria uma parte das nossas vidas. Aparentemente, isso era algo muito importante para ela.
Depois que nos casamos, não tivemos filhos durante muitos, muitos anos. Mas por mais difícil que fosse passarmos por isso, sempre soubemos que se a Rebetsin dissera que iríamos falar iídiche com nossos filhos, então os filhos viriam. Não haveria apenas um filho, mas certamente mais do que um, porque ela dissera filhos.
E graças a D'us, hoje falamos iídiche com nossos filhos.
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