Quando me casei, já tinha sido ordenado rabino – tendo frequentado a yeshivá Chatam Sofer em Boro Park e então o Beit Midrash Elyon em Monsey – mas quando fui trabalhar, escolhi uma avenida pouco comum para alguém da minha origem. Tornei-me assistente de relações da comunidade para John Lindsay, um congressista dos Estados Unidos.
Em 1965, quando ele decidiu se candidatar a prefeito de Nova York, pediu-me para marcar para ele encontros com os mais importantes líderes judaicos da cidade, e o primeiro encontro que marquei foi com o Rebe de Lubavitch. Eles conversaram durante algum tempo, e depois que Lindsay saiu, ele disse: “Este homem é brilhante!”
Ele simplesmente não conseguia deixar de lado o sábio conselho que ele lhe dera. E então acrescentou: “Eu poderia me encontrar com ele novamente após eu ser eleito?”
“Claro,” respondi. “A porta do Rebe está sempre aberta. E ele quer ver líderes como você, para que possa dar algumas ideias sobre como dirigir melhor a cidade.”
De fato, Lindsay voltou lá diversas vezes, e ele até ajudou a manter a segurança para o Rebe. Quando os tumultos de Crown Heights irromperam em 1991, ele não era mais prefeito, e a nova administração não era tão receptiva. Mas eu ainda tinha contatos com o departamento de polícia, e consegui arranjar dois carros de polícia sem identificação para escoltarem o Rebe quando ele era levado de carro do Brooklyn ao Queens para rezar no Ohel, o túmulo do Rebe Anterior.
Na primeira vez que ele foi com a escolta, eu estava ali para garantir que tudo sairia bem. O Rebe notou-me de pé atrás do seu carro na pista, e fez sinal para que eu fosse até ele. Olhou em todos os seus bolsos e encontrou um níquel e o deu para mim com sua bênção. Aquele foi um dos presentes mais preciosos que me lembro de ter recebido.
No decorrer dos anos, eu via o Rebe sempre. Aparentemente, era costume dizer que encontrar o Rebe era algo valioso porque eu era repetidamente solicitado a levar outros políticos até ele – notavelmente o congressista dos Estados Unidos (mais tarde senador) Jacob Javits, que era o republicano liberal liderando o Congresso e chefe do Comitê da Casa de Assuntos Estrangeiros, e Louis Lefkowitz, que estava concorrendo para reeleição como advogado geral de Nova York.
O Rebe perguntou a Leikowitz: “Entendo que você teve um problema com crime nos metrôs – a que horas ocorreu a maioria dessas ofensas?”
“Entre 8 da noite e 1 da madrugada,” respondeu Leikowitz.
“Se é assim,” disse o Rebe, “então eu tenho uma sugestão. Se você puder mobilizar os oficiais da polícia aposentados, pode usá-los para patrulhar os trens à noite. Você tem milhares de aposentados que tem mais de quarenta anos de idade, pois eles podem se aposentar após vinte anos de trabalho. Eles já têm seguro saúde, uniformes e armas, e já passaram pelo treinamento necessário, portanto o custo será baixo. Tudo que você precisa fazer é pagá-los pelo tempo deles – as horas em que realmente entram e saem dos trens. Você me disse que custa pelo menos quarenta mil dólares para acrescentar um novo oficial da polícia à folha de pagamento, mas aqui você tem tudo por nada.”
“A ideia é fantástica,” respondeu Lindsay. “É uma das melhores ideias que já ouvi, mas a polícia jamais deixará isso acontecer. Se tentarmos isso em vez de contratar novos oficiais, eles entrarão em greve.”
Quando ele falou isso, o Rebe voltou-se para mim com um sorriso e disse: “Se ele realmente desejasse isso, ele poderia fazer.”
Penso que o Rebe queria dizer que se parar o crime era mais importante que conseguir votos, isso seria feito.
Quando estávamos dirigindo de volta, Lefkowitz me disse: “Gostaria que eu pudesse aceitar essa ideia, mas não posso ir contra a união.” Ele também queria ir ver o Rebe novamente.
Um dos últimos políticos que eu levei até o Rebe foi o governador de Nova York Nario Cuomo, o pai do atual governador. Antes do encontro, ele me fez muitas perguntas sobre o Rebe, portanto quando ele entrou pela porta, estava mais bem preparado que alguns outros que eu tinha levado anteriormente. Ele foi capaz de abordar questões sobre Judaísmo Russo e outras preocupações que eram importantes ao Rebe.
Naquela ocasião, lembro que o Rebe me deu um dólar extra e disse: “Gluck, o ativista público – desejo a você muito sucesso. Zol klingen in di gantze shtot – Que seu nome percorra toda a cidade.” Ouvir aquilo vindo dele foi como uma injeção de Vitamina B12 para mim – muito energizante!
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