Quando o Rebe Shmuel de Lubavitch era criança ele geralmente era sério, mas com frequência um tanto travesso. Um dia, quando ele tinha seis ou sete anos e estava procurando um local calmo para se sentar e estudar Torá, ele decidiu tentar a seção das mulheres na sinagoga. Ele estava certo, no meio da semana o segundo andar da sinagoga estava vazio e era um local perfeito para estudar.

Ele estava sentado estudando durante algumas horas quando de repente o silêncio foi rompido pelo som de uma porta lateral abrindo seguido pelo choro de uma mulher. Ele caminhou em silêncio até a frente do balcão e olhou para o piso principal. Ali ele viu uma mulher de pé perante a Arca Sagrada, chorando incontrolavelmente.

“D'us, ajude-me por favor,” ela se lamentava. “Estou sozinha! Tentei trabalhar; tenho tentado de tudo. Mas a casa está vazia e meus filhos estão passando fome! Meu marido está morto tudo que eu tenho é a Ti. Por favor, responda as minhas preces, D'us!”

O corpo dela tremia com soluços de cortar o coração. O pequeno Shmuel sentiu que precisava fazer alguma coisa. Ela estava perturbando os estudos dele, e além disso, ele não podia ver sofrimento. Ele desceu por trás do muro baixo e disse na voz mais baixa que podia fazer: “Senhora! Senhora! Não se preocupe!”

O teto alto da Sinagoga vazia criou uma espécie de eco celestial que fazia parecer como se a sua voz estivesse vindo de toda parte. A mulher caiu de joelhos, olhou para o alto, ergueu as mãos na direção do céu e suspirou: “Oh! Oh! Obrigada, Senhor!”

Quando ele viu que estava funcionando continuou: “Não chore! Você vai ter dinheiro, Eu dando a você o poder de curar! Quando alguém estiver doente, apenas pegue um copo de água, faça a bênção “She’há’kol” (a bênção padrão de reconhecimento antes de beber água), tome um pouco, derrame um pouco para a pessoa doente, e então a abençoe. As pessoas pagarão a você muito dinheiro e você jamais ficará necessitada novamente!”

Então o menino pausou dramaticamente por um instante e disse: “Mas lembre-se! Nunca diga a ninguém como você recebeu este poder.”

“Oh, não direi, prometo!” Ela respondeu inocentemente. “Obrigada, Senhor. Obrigada! Não direi para ninguém. Oh, isso é maravilhoso!”

Ela se levantou e saiu da Sinagoga enquanto enxugava os olhos, certa de que um anjo tinha falado com ela, e voltou para casa.

Na manhã seguinte ela se levantou para trabalhar espalhando aquilo que tinha ouvido, e naquele mesmo dia alguém trouxe o pai doente para ser curado. Ela achou o médico um pouco estranho. Ela achou um pouco estranho mas fez como a voz tinha lhe dito no dia anterior e surpreendentemente, deu certo. O homem realmente se sentiu melhor!

A notícia se espalhou como um incêndio na floresta e logo as pessoas se alinharam à sua porta. Ela se transformou de uma mendiga numa mulher rica em apenas algumas poucas semanas.

Passaram-se os anos. Cerca de 25 anos depois o filho, Shmuel, se tornou o Rebe “Maharash” de Chabad, renomado em toda a Rússia pelo seu gênio e sua santidade. Milhares de pessoas iam ao seu centro em Lubavitch para obter suas bênçãos e conselhos. Então, num frio inverno ele ficou perigosamente enfermo.

Ele tinha pegado um resfriado, mas aquilo que começou com uma simples inflamação de garganta se desenvolveu numa grande ferida purulenta no fundo de sua garganta que estava ameaçando sua vida. Os médicos, temerosos de cortar por causa do local delicado, tentaram vários tratamentos, mas todos falharam e as coisas se deterioraram rapidamente; o Rebe desenvolveu uma febre alta e parecia não haver alternativa exceto operar.

Então alguém sugeriu que talvez, como último recurso, eles deveriam tentar Bubba (Avó) Sarah, Parece que havia esta senhora idosa judia em Vitebsk que tinha algum charme para curar pessoas e como não havia outra opção ela foi trazida, tremendo com reverência ao pensar que estava realmente na mesma sala com o sagrado Rebe Lubavitch, para curá-lo. O Rebe estava deitado de costas, a cabeça apoiada por um grande travesseiro, respirando com muita dificuldade e com dor evidente.

Mas antes que ela pudesse começar ele perguntou: “Primeiro você deve me dizer qual é a fonte de seu poder para curar.”

“Oh, Rebe!” disse a mulher idosa, “Por favor, não me peça para fazer isso. Prometi que não iria contar. Por favor, Rebe!”

Mas o Rebe insistiu. “Prometo que nada vai acontecer com você ou com seu remédio. Afinal, D'us também me diz coisas que são secretas, portanto Ele não irá se importar se eu souber seu segredo também. Em qualquer caso, não posso aceitar seu tratamento até que você me diga.”

Como ela poderia negar ao sagrado Rebe? Contou a ele a história inteira de como 25 anos atrás uma voz celestial falara com ela na sinagoga.

O Rebe de repente percebeu que era ele mesmo que tinha dado a bênção a ela e começou a rir. Era doloroso por causa do furúnculo, mas quanto mais ele pensava a respeito mais ele ria, simplesmente não conseguia parar. Sua família, escutando o barulho vindo de onde eles estavam na sala vizinha, pensou que o Rebe estava tendo algum tipo de ataque e correu ao quarto após chamar o médico. O médico chegou bem a tempo de ver que a risada exuberante do Rebe tinha abriu o furúnculo e agora tudo que restava era limpar a ferida.

Em poucos dias o Rebe estava de novo em pé, um homem completamente saudável!