14 de Sivan de 5724

Saudações e Bênção

Recebi sua carta datada a 21 de maio, na qual você escreve sobre seu passado e alguns pontos importantes em sua vida.

Em resposta, falarei sobre o ponto essencial em sua carta, ou seja, sua atitude em relação à observância religiosa, como você descreve, em especial à mitsvá específica que é vital para uma vida conjugal feliz, Taharat Hamishpachá [Leis da Pureza Familiar].

Você escreve que não entende a importância desta mitsvá. Isso não surpreende, pois fica claro da analogia de uma criança pequena sendo incapaz de entender um professor que está adiantado em conhecimentos.

Tenha em mente que a condição entre a criança e o professor é somente uma diferença de grau, e não em espécie, visto que a criança pode, a seu tempo, não somente atingir o mesmo nível do professor, como também superá-lo.

Ocorre o contrário na diferença entre um ser criado, seja ele a pessoa mais sábia do mundo, e o próprio Criador. Como podemos nós, seres humanos, esperar entender a infinita sabedoria do Criador?

É somente por causa da grande bondade de D’us que Ele revelou determinadas razões a respeito de certas mitsvot, que podemos ter algum tipo de vislumbre ou discernimento sobre elas. Fica bem claro que D’us nos deu os diversos Mandamentos para nosso próprio bem, e não para beneficiá-Lo. Portanto, fica claro qual deveria ser a atitude sensata em relação às mitsvot. Se é assim no que tange a qualquer mitsvá, muito mais no que diz respeito à mencionada mitsvá de Taharat Hamishpachá, que tem influência direta não apenas sobre a felicidade mútua de marido e mulher, mas também sobre o bem-estar e felicidade de seus filhos, netos e bisnetos.

Fica igualmente claro que os pais estão sempre ansiosos para fazer todo o possível por seus filhos, mesmo que haja apenas uma pequena chance de que seus esforços se materializem, e mesmo que estes esforços acarretem dificuldades consideráveis. E isso ocorre mais ainda neste caso, onde o benefício a ser derivado é grande e duradouro, ao passo que o sacrifício, em comparação, é ínfimo. Mesmo quando as dificuldades não são apenas imaginárias, é certo que elas diminuem progressivamente, com o verdadeiro cumprimento das mitsvot, de forma a terminarem por desaparecer por completo.

É desnecessário dizer que estou ciente do "argumento" de que há muitos casais não observantes porém aparentemente felizes, etc. A resposta é simples. Antes de mais nada, é sabido que D’us é muito misericordioso e paciente, e espera que o pecador retorne a Ele em sincero arrependimento. Além disso, as aparências enganam, e nunca se pode saber quais são os verdadeiros fatos sobre a vida de outra pessoa, especialmente porque certas coisas relacionadas a filhos e outros assuntos pessoais são, por motivos óbvios, mantidas no mais absoluto sigilo.

Na verdade, a respeito do cumprimento de Taharat Hamishpachá, até mesmo as frias estatísticas de relatórios e tabelas de especialistas, médicos e sociólogos, que não podem ser considerados parciais para com o judeu religioso, mostram claramente os benefícios conferidos àqueles círculos judaicos que cumprem Taharat Hamishpachá. Estas estatísticas têm sido divulgadas em diversas publicações, mas não é minha intenção prolongar-me sobre o assunto nessa carta.

Minha intenção ao escrever tudo isso é obviamente, não admoestar ou pregar, mas na esperança de que ao receber minha carta você considere o assunto com mais profundidade, e comece imediatamente a observar a mitsvá de Taharat Hamishpachá, dentro da estrutura do modo de vida judaico em geral que nosso Criador nos outorgou claramente em Sua Torá, chamada de Torah Chayim, a Lei da Vida.

Mesmo que lhe pareça haver algumas dificuldades a superar, pode estar certo de que você as vencerá, e que as dificuldades existem apenas nos estágios iniciais.

Sei que em sua comunidade há casais jovens que são observantes e você poderia discutir este assunto com eles, para conhecer todas as leis e regulamentos de Taharat Hamishpachá. Se, no entanto, você achar inconveniente buscar este conhecimento com amigos, existem livros publicados que contêm a informação desejada, bem como uma lista de locais onde há micvaot disponíveis.

Em seguida, falarei dos vários eventos indesejáveis que ocorreram em sua família e que o deixaram confuso, como escreve. Em vista daquilo que foi dito acima, isso não é inteiramente inesperado. Pois, visto que a essência de um judeu é viver segundo as ordens de D’us, fica claro que se alguém perturba o fluxo normal deste tipo de vida desobedecendo as ordens divinas, não surpreende que a pessoa se sinta confusa, carecendo da verdadeira fé em D’us, que é a única terra firme para um judeu.

Além disso, como as mitsvot são também os canais por meio dos quais se recebe as bênçãos de D’us, não admira que uma falta de observância impeça a realização das bênçãos Divinas.

Repito, não é minha intenção admoestá-lo quanto ao seu passado, mas se deseja seguir meu conselho, insisto para que comece agora a viver o estilo judaico de vida, com firme resolução e determinação, e isso certamente trará a você a realização dos desejos de seu coração para o bem.

Com bênção,