Paz e Bênção,

Recentemente, você mostrou-me uma carta que recebeu de um aluno da Colgate University em Hamilton, Nova York. Nesta carta, o missivista professa ser um verdadeiro pensador científico, e descrente no sobrenatural; ele também afirma que todos os fatos parecem estar em contradição com a existência de D’us, professa ser um "judeu liberal", etc., etc.

Não conhecendo o modo de criação deste estudante, nem o campo da ciência no qual ele se especializa, não posso tratar do assunto de modo mais aprofundado, especialmente em uma carta. Existem, porém, diversas observações gerais que posso fazer, as quais o mencionado estudante aparentemente deixou de lado, e que penso deveriam ser cuidadosamente consideradas por ele.

1 – A ciência não vem com conclusões precipitadas e crenças com a idéia de reconciliar e ajustar fatos a estas crenças. Ao contrário, lida com fatos e depois formula opiniões e conclusões. Abordar um assunto com a mente da pessoa abrigando idéias pré-concebidas não é o verdadeiro pensamento científico, mas uma contradição a ele.

2 – A ciência exige que nenhuma conclusão seja validada antes que pesquisa e estudo minuciosos sejam feitos sobre o assunto. A questão, portanto, apresenta-se: Quanto tempo e esforço o missivista acima mencionado devotou ao estudo da religião para justificar sua conclusão sobre o assunto?

3 – Um fato é considerado como um evento ou fenômeno atestado por testemunhas, especialmente onde a evidência é idêntica e vem de testemunhas de interesses variados, educação, origem social, idade, etc. Onde existe tal evidência, ela é aceita como um fato inegável, mesmo que não concorde com uma teoria científica. Esta é a prática aceita pela ciência, mesmo onde há diversas testemunhas confiáveis, e certamente centenas e milhares delas. A Revelação Divina no Monte Sinai foi um fato testemunhado por milhões de pessoas, e todas o relataram em seus mínimos detalhes, acuradamente, pois todo o povo de Israel estava ao pé do Sinai e presenciou o fato.

Sabemos que isso é um fato porque milhões de judeus atualmente o aceitam como tal, porque eles o receberam como tal de seus próprios pais, estes milhões por sua vez receberam a prova da geração anterior, e assim por diante, numa corrente ininterrupta de evidência transmitida de milhões e milhões de testemunhas, geração após geração, até chegar aos milhões de testemunhas originais que viram o evento com seus próprios olhos.

Em meio às testemunhas originais havia muitas que eram iniciadas nas ciências daquela época (i.e., o Egito), muitas realizações que ainda são desconcertantes hoje em dia; havia entre eles filósofos e pensadores, bem como pessoas ignorantes e sem instrução, mulheres e crianças de todas as idades. Apesar disso, todas elas reportaram o evento e o fenômeno conectado a ele sem qualquer espécie de contradição.

Tal fato é certamente indiscutível. Não creio que haja um outro fato que possa ganhar desse em provas e acurácia. Negar tal fato é tudo exceto científico; é exatamente o oposto da ciência.

Cá entre nós, é desafortunado que esta diferença básica entre a religião judaica e outras seja tão pouco conhecida, pois o Judaísmo é a única religião que não está baseada num único fundador ou uns poucos, mas é baseada na Revelação Divina testemunhada por todo o povo, totalizando vários milhões.

Isso responde também à declaração de que "a aceitação da Torá como sendo a única verdade é perigosa" pois "seus autores não passavam de homens… e como homens não poderiam ser infalíveis." Os judeus aceitam a Torá exatamente porque foi outorgada por D’us, não pelo homem, e foi entregue na presença de milhões de pessoas que viram e assistiram com os próprios olhos e ouvidos. É por isso que a Torá é a verdade absoluta, pois D’us é absoluto.

Estou anexando uma cópia extra, caso você deseje entregar ao seu correspondente. Com os melhores votos,

Cordialmente,