Sou originalmente de Melbourne, Austrália, e embora tenha crescido frequentando uma escola judaica ao lado de amigos judeus, a ligação de minha família era fazer o Kidush nas noites de sexta-feira, participar dos sedarim de Pessach e frequentar o shul, sinagoga, em Rosh Hashanah e Yom Kipur .

Em 2002, eu morava em Oceanside, Califórnia, casado com uma mulher não judia. Naquela época, Rabino Boruch e Nechama Greenberg mudaram-se pela primeira vez para Oceanside como emissários do Rebe, para iniciar um centro Chabad . Eu estava entre seus primeiros apoiadores.

Eles organizavam serviços de Shabat uma vez por mês, e depois de participar várias vezes e aprender mais sobre o Judaísmo e as regras do Shabat (quando não é permitido dirigir), comecei a me mudar para a casa deles nessas ocasiões, já que eu morava bem longe.

Entre os vários outros jovens que participavam desses minyanim estava um fuzileiro naval chamado Ben, que estava estacionado em Camp Pendleton. Com o tempo nos tornamos muito próximos.

Nas semanas em que não havia minyan, Ben ficava em minha casa e fazíamos grandes jantares divertidos nas sextas à noite com muitos amigos judeus e não judeus. Nós dois estávamos crescendo em nosso Judaísmo no mesmo ritmo, e através de nossas experiências compartilhadas desenvolvemos uma amizade muito forte e profunda. Por fim, Ben deixou os fuzileiros navais e voltou para a Filadélfia, e a última notícia que tive dele foi que estava planejando uma viagem a Israel com o Birthright.

A essa altura, minha esposa e eu percebemos que estávamos indo em direções diferentes e passamos por um divórcio muito amigável. Eu queria muito começar uma família judia, mas encontrar uma esposa foi muito difícil. Eu sabia que queria viver um estilo de vida de Torá, mas ainda não estava nesse nível em minha observância pessoal. Eu estava numa encruzilhada, com um pé na minha nova jornada judaica e o outro pé ainda firme no meu antigo estilo de vida. Eu estava longe da minha família na Austrália e meu melhor amigo acabara de se mudar. Minha família não ficou muito feliz com meu repentino interesse pela religião, e o resto dos meus amigos em Oceanside, embora me apoiassem, realmente não tinham como se identificar mais comigo. Eu me senti isolado, vulnerável e emocionalmente perturbado. Eu precisava desesperadamente de alguma orientação, então decidi ir ao Ohel, local de descanso, do Rebe.

Peguei um voo noturno do aeroporto John Wayne, em Long Beach, Califórnia, para Nova York, pousei no aeroporto JFK bem cedo pela manhã e fui com um táxi direto para o Ohel . Depois de ir ao micvê e rezar o serviço matinal de Shacharit , sentei-me para escrever minha carta ao Rebe. Abri meu coração, detalhando minha situação e pedindo clareza e bênçãos. Eu me expressei nestas palavras: “Rebe, preciso de um abraço”. Eu precisava de alguém para me apoiar e me dar a sensação de estava sendo protegido.

Era uma manhã fria de inverno e o Ohel estava praticamente vazio quando cheguei. Mas enquanto eu estava lá, absorto em recitar Tehilim, os Salmos , muito mais pessoas começaram a chegar e a passar por mim. Em algum momento, alguém ficou bem ao meu lado, mas não prestei atenção, pois estava muito concentrado em minhas orações. De repente, fiquei surpreso ao ouvir a pessoa ao meu lado mencionando meu nome hebraico, “Gaby ben Leah ”.

Olhei para cima e fiquei surpreso ao ver que meu bom amigo Ben estava bem ao meu lado! Ele tinha acabado de retornar de sua viagem a Israel pelo Birthright, pousado no aeroporto JFK cerca de 45 minutos após a minha chegada, e também veio direto para o Ohel. Nós dois não sabíamos dos planos um do outro e ainda assim estávamos lá, lado a lado, sem perceber. Quando Ben mencionou meu nome hebraico, ele estava rezando pelo meu bem-estar; ele não tinha ideia de que estava bem ao meu lado!

“Ben!” exclamei. “Gaby!” ele disse, igualmente surpreso, e nos abraçamos com grande entusiasmo.

Ciente de que estávamos no Ohel, rapidamente nos acalmamos e continuamos com nossas respectivas orações, mas naquele momento senti que o Rebe havia me enviado o abraço que eu tanto precisava.

Ben e eu passamos a manhã juntos em Crown Heights colocando em dia os acontecimentos dos últimos meses. Eu comprei um par de tsitsit já que essa foi a resolução que tomei no Ohel.

Naquela manhã, recebi a clareza e o apoio de que precisava para tomar as decisões adequadas que colocariam a minha vida no rumo que escolhi seguir. Hoje estou, graças a D'us , casado e criando uma família Chabad, tudo graças às brachot do Rebe.

Embora eu nunca tenha conhecido o Rebe antes de seu falecimento, experimentar o que me pareceu uma resposta clara de uma forma tão poderosa e surreal me permitiu desenvolver uma conexão profundamente pessoal com o Rebe hoje.


Reimpresso com permissão de A Chassidisher Derher.