Publicado por JEM em: “My Encounter with the Rebbe”
Meus pais são de Varsóvia, sobreviventes do Holocausto, onde meu pai foi educado na yeshivá Tomchei Tmimim. Nasci logo após a guerra, em 1946, em um acampamento para refugiados onde meus pais aguardavam documentos para a America.
Aos 11 anos de idade, fui estudar na yeshivá Chabad em Crown Heights. Permaneci lá por muitos anos, e foi Lea que recebi minha ordenação rabínica. Em 1967, pouco antes da Guerra dos seis dias, o Rebe começou a primeira de suas campanhas de mitsvot a fim de aproximar judeus seculares. Alguns dos estudantes de yeshiva foram designados a chegar aos soldados judeus e pedir-lhes para colocarem tefilin. Fomos ao Campo Smith, em Peekskill, onde ficava a base do Exército da Guarda Nacional de Nova York. Isto foi durante a guerra do Vietnã e muitos meninos judeus juntaram-se a guarda nacional, por que mesmo que você tivesse que se inscrever por seis anos, não seria enviado para fora do pais.
Naquela ocasião, eu conheci o capelão da Guarda Nacional, Ed Donovan, um padre católico romano, que desde o começo quis me encorajar a tornar-me capelão, já que tinha obtido minha ordenação rabínica. Não havia capelães judeus suficientes, ele me disse, e que eu estaria suprindo uma necessidade real.
Eu não estava interessado, mas insistia no assunto toda a vez que eu visitava o Campo Smith. Até que um dia ele indagou, "Qual é o nome do seu bispo? Quero pedir-lhe para libertá-lo, para que possa se juntar ao exército."... Respondi que eu mesmo perguntaria. Naquela mesma noite escrevi uma carta ao Rebe solicitando seu conselho; deveria tornar-me um soldado e um capelão? A resposta do Rebe foi: “Nachon hadavar, azkir al hatzion ¬– é a coisa certa a fazer, rezarei por você no local de descanso de meu sogro.”
Foi dessa forma que minha carreira militar começou. Durante minhas missões militares, procurei o conselho do Rebe muitas vezes. Em outras ocasiões, o Rebe estendeu sua mão inesperadamente. Em 1983, durante a invasão dos Estados Unidos em Granada, fui implantado lá. Na quinta noite de Chanucá, estava a bordo de um avião militar quando de repente o piloto fez um sinal para eu colocar os fones de ouvido, por que eu tinha uma chamada. Era da central do Pentágono com uma mensagem para que eu chamasse urgentemente o Rabino Yehuda Krinsky, secretário do Rebe.
Quando consegui alcançar o Rabino Krinsky, ele me transmitiu o pedido do Rebe para que eu fizesse três coisas: tenta-se achar soldados judeus e desse a eles Chanucá guelt – dólares do Rebe os quais eu seria reembolsado; que ajudasse qualquer um deles que no que fosse necessário; e que eu colocasse tefilin em cada soldado judeu.
O último pedido me deixou atônito, mas como eu tinha recebido uma bênção do Rebe, eu disse ok. Naquele dia, eu estava correndo ao lado do Major General Jack Ferris, quando ele perguntou-me se eu estava planejando eventos para Chanucá. Respondi que estava organizando uma grande festa. Então ele falou: “Vou emitir uma ordem para que cada soldado judeu da Ilha de Granada seja dispensado do serviço militar para que possa participar”. Com isso, eu seria capaz de poder cumprir as três diretivas do Rebe.
No dia seguinte, estava voltando para meu porta-aviões quando o pneu do meu Jipe furou. Acontece que a roda estava travada, e o motorista então enviou um chamado para que os outros soubessem que precisávamos de assistência. O sol estava nos torrando e tirei meu capacete. De repente avistei alguém correndo colina abaixo, gritando Shalom! Era um soldao judeu que viu meu yarmulke (kipá/solidéu) com seus binóculos. Ele havia perdido a festa de Chanuca e também comentou que nunca havia celebrado seu bar-mitsvá.
“Vamos fazer seu bar-mitsvá agora!” disse-lhe, e coloquei tefilin nele ali mesmo.
Foi quando percebi o que o Rebe estava dizendo. Você sabe, inicialmente, quando me foi dito para colocar tefilin em cada soldado judeu, eu simplesmente não via como isso seria possível. Mas o pneu furado trouxe aquele judeu remanescente como resultado e a diretiva do Rebe foi cumprida ao pé da letra.
Tenho diversas histórias para contar, mas gostaria de compartilhar uma que é mais pessoal.
Quando teve início a Guerra do Golfo em 1990, fui convocado. Minha mãe ficou desesperada. Saddam Hussein havia declarado que mataria todos os judeus de Israel com gás, e isto era perturbador para ela – que havia sobrevivido ao Holocausto quando os nazistas exterminaram milhares de judeus em câmaras de gás. Então a levei até o Rebe.
Ao entrarmos, antes mesmo de minha mãe pronunciar uma só palavra, o Rebe disse: “Tudo acabará bem para Israel, tudo acabará bem para os judeus.” E imediatamente ela acalmou-se.
Comentei com o Rebe que não sabia exatamente para onde seria enviado ou quanto tempo permaneceria lá. Ao que o Rebe afirmou: “Quando quer que você esteja para partir, será por um breve período.”
Pouco antes de eu ser implantado, fui novamente ao Rebe _ dessa vez eu sabia que iria para a Arábia Saudita – e recebi uma bênção. Comentei com o Rebe que estava levando uma Meguilá, o Rolo de Esther, comigo pois esperava estar lá em Purim. Então o Rebe respondeu de forma estranha, que eu não entendi: “A Meguilá estará lá, mas você não lerá dela.” Deu-me uma pilha de dólares e mandou eu distribuí-los aos judeus que encontrasse – e foi o que aconteceu, encontrei muito mais judeus do que esperava.
Às 4h da manhã na noite em que eu partiria dos Estados Unidos, recebi um chamado do Pentágono – havia uma mudança de planos. Não seria enviado para a Arábia Saudita, mas para Israel. O comandante de Terra de lá pediu um capelão judeu e fui escolhido.
Só quando desliguei o telefone é que entendi o que o Rebe queria dizer. Havia outros capelões judeus junto às forças aliadas no deserto, e que iriam ler para os soldados a meguila em Purim. Mas, exatamente conforme o Rebe havia falado, eu não teria que fazer isto. Estava no meu caminho para Israel onde faria o meu dever em um tour: distribuindo os dólares do Rebe na remanecente Guerra do Golfo.
Tive tantos incidentes como esse durante minha carreira militar. Fosse em Granada ou Bósnia, Holanda ou Macedônia, fui colocado em uma posição única para ajudar outros judeus. Foi tudo resultado da previdência do Rebe.
Você sabe, às vezes podemos ter uma visão parcial e só enxergamos em linha reta. mas o Rebe possuía uma grande visão angular do mundo, e ele me colocou na posição para fazer algo especial. Ele me falou, “Nachon hadavar – é a coisa certa a ser feita.“
Eu tenho feito isso por um longo tempo até agora, graças a ele.
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