Meu pai é neto do Dayan de Brisk. Em uma época difícil, antes da guerra, foi aproximado pelo Rebe de Lubavitch.
Ao ficar noiva, meu pai comentou que o Rebe estava dando berachot para noivas e perguntou se eu gostaria de ir visitá-lo. Concordei.
Ambos fomos ao 770 da Eastern Parkway. Entrei sozinha. Eu jamais vira olhos azuis tão penetrantes em toda a minha vida. O Rebe sabia exatamente quem eu era. Uma moça de Nova York prestes a se mudar para a Cidade do México, portanto perguntou se eu estava feliz com a ideia de morar lá. É preciso lembrar que eu tinha 19 anos na época e não entendia a dimensão do zechut, honra, que eu tinha de estar na presença do Rebe. Simplesmente respondi “não”.
O Rebe então perguntou a razão e eu respondi que estava preocupada; não sabia como iria educar filhos num local tão deserto (estamos falando de 1979, não havia nada então no México). O Rebe respondeu que até então Mashiach viria. Eu não era uma moça de Lubavitch e o Rebe viu que eu não me impressionara com sua resposta, portanto disse “mi yodea im leêt kazot higaat lamalchut.” – “Quem sabe se você chegou a realeza para atuar neste momento.”.
Não dei muita atenção. Saí. Casei-me, mudei para o México e tivemos quatro filhos.
Anos mais tarde, as irmãs de meu marido tiveram a ideia de abrir uma escola para as crianças da família. O chinuch, educação judaica, não era bom, carecia de uma boa escola no México. As escolas não religiosas eram excelentes, mas a opção para uma boa educação religiosa era praticamente inexixtente. Era Purim, e minha cunhada e eu estávamos conversando quando ela deu um “vort” sobre o passuk: “mi yodea…”
Dei um salto! Entendi a mensagem de tantos anos atrás, transmitida pelo Rebe em minha yechidut que este passuk na verdade nada mais era do que uma beracha, bênção, de sucesso para abrir uma escola e ensinar as crianças no México.
Abrimos a escola: Yeshiva Emuná. Atuei como diretora durante alguns anos, e todos meus filhos, sobrinhos e sobrinhas estudaram nela. Hoje a maioria está casada, as mulheres cobrem o cabelo e estão criando filhos adoráveis. Algo que não teria sido possível sem uma educação forte dessa escola.
Hoje moramos em Yerushalyim. Meu marido ainda trabalha no México e vai seguidamente para lá. Eu o acompanho algumas vezes por ano.
Não somos Chabad, mas sinto-me conectada com o Rebe e sua visão e preocupação com cada judeu e com a continuidade judaica no mundo inteiro.
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