Esta história ocorreu há mais de 25 anos, em Boston. Sr. M. era um judeu ortodoxo moderno da classe média, bem-sucedido. Ele tinha um filho religioso que havia se tornado um estudante proeminente da Boston University.
O garoto era tudo o que um pai judeu poderia desejar; inteligente, bonito, bem educado e, mais importante, observante das leis da Torá. Ele rezava todos os dias com Tefilin e fazia todas as refeições na cafeteria casher da universidade.
Então, um dia, o menino ligou para casa e disse ao pai que não precisava mais pagar o restaurante casher.
O pai não entendeu e perguntou: “Por que meu filho? Você está cozinhando sua própria comida? Ou decidiu se tornar vegetariano?”
“Não, pai!” O menino respondeu. “Não tenho comido nada casher já há alguns meses. Decidi que estou dando um tempo ao judaísmo.”
Essa noticia caiu como uma bomba na cabeça do Sr. M., ele tentou de algum modo convencê-lo do contrário, mas foi como conversar com uma parede, o garoto tinha decidido que não queria ser diferente dos outros. Sr. M. tentou de tudo, falou com os amigos do filho, pediu ajuda a alguns rabinos, mas nada adiantou.
Ele ficou deprimido, começou a se culpar; ele não deveria ter mandado seu filho para a universidade. Ele nunca teria imaginado que isso aconteceria. O menino parecia tão feliz, tão livre! O que poderia ter levado a essa situação?
Em seguida ele sentiu raiva. Seu filho era um ingrato! Depois de tudo o que tinham feito por ele! Ele sabe o quanto o judaísmo significa para seus pais e não dá a mínima?!
Pior ainda, com o passar do tempo já nem conseguia olhar para seu filho, era como se visse o seu próprio fracasso. Ele nem queria mais encontrar com ele, e aos poucos estava enlouquecendo. Um de seus bons amigos percebeu como ele estava se sentindo e aconselhou-o a encontrar-se com o Rebe de Lubavitch.
O Sr. M. não acreditou que o amigo estava propondo isso como solução, mas ele o convenceu dizendo que não custaria nada e que o Rebe fazia muitos milagres, sendo um grandíssimo conhecedor da Torá etc. Alguns dias depois o Sr. M. estava na fila para uma audiência com o Rebe, às 3 da manhã. A porta de madeira do quarto do Rebe se abriu, e alguém saiu com os olhos bem vermelhos. O Sr. M. e sua esposa entraram e acharam logo o Rebe muito simpático. O Rebe leu sua carta breve e falou:
“O senhor deve ter paciência. Não corte relações com seu filho. O senhor deve aceitá-lo como está e ter uma relação positiva com ele. No final ele retornará.”
O Rebe leu o bilhete novamente e acrescentou. “Poderá levar 18 anos, talvez 20 anos, talvez 22 anos, mas certamente ele retornará ao judaísmo.”
O Sr. M. deixou o escritório do Rebe como um novo homem; as suas palavras o acalmaram. Até aquele momento ele achava que deveria controlar seu filho... controlar tudo o que está a sua volta. Mas agora havia percebido que deveria deixar o futuro nas mãos do Criador; se acalmar e deixar o Rei do Universo tomar conta. Então ele esperou. Seu filho saiu de casa, e voltava de vez em quando, e então eles simplesmente derramavam amor sobre ele e deixavam o resto com D’us.
O tempo passou. Enquanto isso seu filho tornou-se um homem de sucesso e foi até escolhido pelo ex-presidente Clinton para participar do seu Conselho. A maior parte do tempo ele passava em Washington D.C., longe de casa. Seus pais continuavam lhe telefonando toda sexta-feira para lhe desejar um bom Shabat e bom Yom Tov antes de cada festa.
Então 18 anos depois de sair de casa, seu filho ligou para passar Rosh Hashaná em casa.
Seus pais ficaram radiantes de felicidade e o Rosh Hashaná daquele ano foi como o paraíso na terra. Mas depois se despediram e ele desapareceu por mais 2 anos recusando convites para passar o Shabat na casa dos pais.
Então ele ligou de novo por sua própria iniciativa e perguntou se podia passar Pêssach com os pais. Novamente o receberam de braços abertos e nos dois primeiros dias da festa o filho dormiu em seu quarto antigo se sentindo em casa e os pais nas nuvens! Então depois do segundo seder ele pegou o carro e se mandou de novo.
Mais dois anos se passaram até que ele fez contato com seus pais novamente. Mas eles já tinham aprendido com o Rebe a ter paciência. Esse telefonema foi aguardado durante anos: o filho os convidou para conhecerem sua casa.
“Não se preocupem.” Ele lhes garantiu. “Vocês podem comer na minha casa, está completamente casher.”
Ele tinha encontrado o emissário Chabad de Washington D.C., Rabino Levi Shemtov e todo o seu judaísmo tinha retornado como um raio, até mesmo a Torá que tinha aprendido quando criança. Pouco tempo depois casou-se com uma moça judia, tiveram filhos e ele realizou todos os sonhos de seus pais... uma família com o verdadeiro legado de Avraham, Yitshac e Yaacov.
De repente eles entenderam o que o Rebe queria dizer quando falou 18, 20 e 22 anos; esses foram exatamente os períodos no qual seu filho teve as mudanças que resultaram no retorno completo. Depois de 18 anos ele voltou para Rosh Hashaná, após 20 anos para Pêssach e depois de 22 anos para sempre.
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