O Instituto Avner apresenta, no espírito de Chanucá, um encontro realmente notável, como narrado pelo Rabino Shalom Ber Segal de Bnei Brak, mostrando o poder especial do Rebe de enxergar além do olho humano e fazer milagres. Com agradecimentos especiais a Rabino Yerachmiel Tilles, diretor do Instituto Ascent, em Safed.
Milagre Especial
Há cerca de trinta anos, Rabino Shalom Ber Segal, trabalhava como diretor da Yeshivá Chatam Sofer em Bnei Brak. Certo dia ele notou algo fora do comum: um dos alunos estava estudando Tanya. Embora o Tanya, a obra fundamental do Alter Rebe sobre a Chassidut, seja universalmente considerado uma obra prima, é estudado principalmente pelos seguidores de Chabad. Portanto, Rabino Segal pediu ao aluno uma explicação.
"O Rebe de Lubavitch disse-me há um ano para começar a estudar o Tanya por causa de um milagre que ocorreu em nossa família," foi a resposta.
Após um pouco de estímulo, o jovem fez o seguinte relato:
Minha irmã de quinze anos (na época com treze) era o orgulho de sua escola; ativa, inteligente, e uma oradora muito talentosa. Porém, certa manhã, sem nenhum aviso, ela acordou incapaz de emitir um som.
A princípio minha mãe manteve-se calma e encorajadora. Então ela implorou, desesperada para que minha irmã emitisse um som, porém, ela somente chorava e escreveu num papel: ‘ quero falar, mas não sai nada.’
Em pânico, minha mãe telefonou a meu pai no trabalho, e ele também tentou ficar calmo: "Provavelmente é apenas laringite ou cansaço, ou até nervosismo. Não faz sentido correr para o médico; apenas um pouco de repouso vai resolver o problema."
Mas após três dias a família inteira estava histérica. Contactaram um professor médico em Tel Aviv, chefe de departamento num hospital. A princípio a secretária disse que teriam de esperar quatro meses, mas após ouvir a história, ela relatou-a ao professor, que concordou em atendê-los imediatamente. Meia hora mais tarde eles estavam batendo à porta dele.
O professor os recebeu cordialmente, mandou-os entrar, e pediu à minha irmã que se sentasse. Mas quando começou a examiná-la a expressão em sua face demonstrava raiva. Olhou para meus pais, atirou furiosamente o depressor lingual de madeira na lata de lixo, inclinou- se para eles e gritou: "Quem vocês pensam que estão tentando enganar? Acham que sou uma criança com quem podem brincar?"
A família ficou atônita."Não entendemos," gaguejou minha mãe. "O que há de errado?"
"Não entendem, é isso?" gritou o médico."Minha cara senhora, sua filha nasceu sem as cordas vocais! Ela nunca falou uma palavra em toda a sua vida!"
Meus pais se entreolharam, chocados.
"Não é possível!" gritou meu pai."Há apenas três dias ela falava perfeitamente! Durante anos, toda sua vida, ela falava lindamente! Pode perguntar ao diretor da escola. Era uma estudante destacada!”
Em minutos, a secretária do médico estava com o diretor na linha. O professor começou a inquiri-lo. Mas após alguns minutos agradeceu, desligou o telefone, e voltou-se para os pais."É impossível! Jamais vi algo assim na minha vida. Aposto minha reputação, mas é fisicamente impossível que esta menina jamais tenha falado."
Começou a andar de um lado para o outro, imerso em pensamentos. De repente parou, voltou-se para meus pais e disse: "Ouçam, não entendo o que está acontecendo aqui. Peço desculpas pelo que eu disse a vocês antes e por ficar furioso. Sinto muito, mas não há nada que possa ser feito, ou pelo menos nada que eu possa fazer."
Mas eles não desistiram. Há mais de um médico no mundo, pensaram eles. Portanto, durante os meses seguintes eles foram de médico em médico, ouvindo a mesma história, até que finalmente terminaram no consultório de um médico na Inglaterra que era considerado o melhor especialista. Ele era sua última esperança médica.
Mas ele também os desapontou.
Última Esperança
Ora, aconteceu que enquanto estavam na Inglaterra, meus pais ficaram na casa de um primo. Ao ver a expressão no rosto deles quando voltaram do especialista, ele sugeriu que procurassem o Rebe de Lubavitch.
"Se é que alguém pode ajudar, é ele."
Porém, meu pai não queria tomar parte nisso."Não faz sentido entrar em desespero," disse ele. "Não somos Chabadniks. Isso obviamente é algo vindo de D'us. Somente Ele pode ajudar, e certamente Ele ajudará," e assim por diante.
Porém, minha mãe estava disposta a tentar. Naquele dia compraram as passagens aéreas e dois dias depois chegaram à sede do Rebe no Brooklyn.
Naquela época não havia uma fila tão grande para ver o Rebe, e devido à natureza urgente da sua visita, foi marcada uma audiência na noite seguinte, quando o Rebe os atenderia em particular.
Mais tarde, minha mãe contou-me que no momento em que entrou na sala do Rebe, pela primeira vez sentiu que havia esperança: ali estava alguém que realmente se importava. Ela não conseguiu refrear seu coração ferido, e durante cinco minutos chorou e abriu sua alma. Quando terminou, o Rebe pediu que, se eles não se importassem, ele gostaria de falar a sós com minha irmã.
A Voz
Quando eles fecharam a porta, o Rebe olhou profundamente para minha irmã e disse: "Sei que você é uma moça inteligente e madura, e é por isso que vou lhe dizer isto: em sua encarnação anterior você fez coisas que não foram boas. Não é importante saber quais foram elas, mas sim que a única maneira de corrigi-las foi fazer sua alma vir a este mundo e ser muda de nascimento. No céu, porém, você tem alguns parentes muito sagrados, e pelo mérito deles você recebeu o poder da fala... até alguns meses atrás."
O Rebe fez uma pausa, até ficar claro que ela tinha entendido.
Ele continuou."Agora, você tem de fazer a sua parte. Se está disposta a aceitar organizar encontros toda tarde de Shabat, às quais convidará todas as mocinhas da sua área e falará com elas sobre o Judaísmo, será capaz de falar novamente. Você entende?"
Ela assentiu prontamente.
"Você concorda?" perguntou o Rebe.
Ela assentiu novamente, até com mais entusiasmo.
"Nesse caso," continuou o Rebe, com um sorriso, "diga sim."
"Com lágrimas rolando pelas faces, ela encarou os puros olhos azuis do Rebe. Sem hesitação, gritou: "Sim!"
A partir daquele momento, minha irmã falou normalmente, e todo Shabat ela faz uma festa à qual comparecem mais de cinquenta moças de todas as partes.
No ano seguinte meus pais me levaram para receber a bênção do Rebe. Ele perguntou aonde eu estava indo para estudar Torá, e quando lhe Disse, ele respondeu: "Como você está estudando numa Yeshivá chassídica, é uma boa ideia estudar Tanya meia hora por dia."
E é por isso que estou aqui, estudando o Tanya.
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