Quando sabemos que algo horrível aconteceu a outra pessoa, D'us não o permita, sentimos o sofrimento dela? Ou simplesmente seguimos em frente com a vida?

Qual é a primeira coisa que fazemos quando somos informados de um acidente fatal, por exemplo?

A maioria de nós se pergunta: onde foi – perto da minha casa ou da escola do meu filho? A vítima poderia ser um membro da família ou um amigo meu?

Quando sabemos que não foi perto de ninguém que conhecemos, respiramos aliviados e continuamos com nossa vida. Sim, ficamos tristes, mas se nossa família está bem, a vida continua…

Rabi Pinchas Menachem Altr, o Rebe anterior da dinastia chassídica Gur, contou-me uma história que aconteceu em 1949:
Um dos discípulos de Rabi Yisrael Alter de Gur, conhecido como o “Beit Yisroel”, era muito rico e durante certo tempo morou na Nova Zelândia devido aos seus negócios.

“O que me surpreende é o que esteve na mente do Rebe durante quarenta anos – um micvê na distante Nova Zelândia!”

Certa vez, numa viagem a Nova York para visitar sua filha, o homem rico entrou num elevador e foi cumprimentado por um judeu que perguntou de onde ele tinha vindo. Respondeu que tinha acabado de chegar da Nova Zelândia.

O estranho perguntou: “Há um micvê (banho ritual) na Nova Zelândia?” O homem rico respondeu: “Estou lá a negócios, nada sei sobre micvê.”

O estranho disse: “Se um judeu se encontra em algum lugar, ele deve causar um impacto positivo.”

A porta do elevador se abriu, os dois homens saíram e seguiram caminhos separados. O homem rico perguntou à filha, que estava esperando por ele ali perto, sobre a identidade do homem que tinha estado com ele no elevador.

Ela respondeu que era Rabi Menachem Mendel Schneerson, genro do sexto Rebe de Lubavitch, que mais tarde se tornaria Rebe.

Passaram-se mais de quarenta anos, e durante esse tempo o empresário tinha envelhecido bastante. Há muito tempo deixara a Nova Zelândia e estava agora, novamente, visitando a filha em Nova York. Ele decidiu ir até o Rebe, na fila de istribuição do dólar.

Quando cumprimentou o Rebe, este perguntou: “Já existe um micvê na Nova Zelândia?”
O homem idoso ficou obviamente espantado.

“Perguntei a ele,” continuou o Rebe de Gur, “Diga-me, por que você ficou surpreso?”

Ele respondeu que foi surpreendido pela memória do Rebe; afinal, quarenta anos tinham se passado desde aquele encontro no elevador!

“E eu disse a ele,” concluiu o Rebe de Gur, “que me surpreendeu aquilo ter ficado na mente do Rebe durante quarenta anos – um micvê na distante Nova Zelândia. E como ele estava aborrecido por não haver nenhum micvê ali…”

Faça daqui a Terra de Israel

Estamos todos conectados, e está em nosso poder influenciar positivamente as pessoas que encontramos.

Qual é o significado dessa declaração? Como alguém pode pegar a terra de Israel – sua santidade e qualidades únicas – e imitar aquela atmosfera na Diáspora?

Para explicar, entramos numa discussão sobre Lei Judaica. No Shabat nos abstemos – por injunção bíblica – de carregar em domínio público. Os rabinos ampliaram essa restrição a uma área que a lei bíblica não ordenou, pois não é um “domínio publico”, e é um pátio fechado ou um bairro que contém múltiplas moradias particulares. Não se pode carregar entre duas propriedades privadas dentro desse local a menos que haja um eruv que “funda” as propriedades privadas. O eruv consiste numa substância alimentícia, geralmente matsá, colocada em uma das casas dentro do espaço – mas possuída em conjunto por todos aqueles que moram dentro dos parâmetros do eruv, portanto eles tecnicamente poderiam vir e comer daquele pão.

Sobre isso, aparentemente há uma contradição entre o Talmud Jerusalém e o Talmud Babilônico. O Talmud Jerusalém diz que a pessoa precisa apenas designar o alimento como o eruv; no entanto, não precisa realmente fazer uma transação para transferir o alimento da propriedade do indivíduo colocando-no na posse do público (i.e., tudo que vive dentro do espaço fechado). O Talmud Babilônico diz que a pessoa precisaria fazer uma transação para o eruv ser efetivo. O Rebe explica1 que, em essência, não há discordância. Pois o Talmud Jerusalém, escrito por sábios israelenses, está se referindo a um eruv criado na Terra de Israel; o Talmud Babilônico está se referindo a um fora da Terra de Israel.

A singularidade de Israel é que é natural para os judeus viverem ali, e os cidadãos sentem um apego inato uns com os outros. Fora de Israel, porém, as pessoas estão mais preocupadas com as próprias vidas, e se sentem menos apegadas aos seus correligionários.

A conexão natural entre judeus em Israel é o motivo pelo qual uma transação não é necessária para que o eruv entre em efeito. No entanto, fora de Israel, para que haja unidade, a fusão das propriedades das pessoas ocorrer, seria necessária uma verdadeira transação.

A partir dessa explicação, podemos também entender a declaração: “Faça daqui a Terra de Israel.” Este é um chamado para que criemos na Diáspora uma atmosfera unificada, uma sensação de pertencer, que existe naturalmente apenas na Terra de Israel.

Dê Aquilo que Você Sabe Ao Próximo

Quando o Rebe anunciava uma nova campanha, ele dizia: “Quando você encontrar alguém na rua, compartilhe com ele.” Esta é a essência da mensagem do Rebe: aquilo que você sabe, compartilhe com outros. Estamos todos conectados, e está em nosso poder influenciar positivamente as pessoas que encontramos.

Quando você é informado de uma tragédia, tente gerar compaixão, e ajude seu próximo o máximo que puder. Quando você souber que alguém perto de você está carente em conhecimento judaico, tente fazer contato com ele ou ela. Pois, na essência, somos todos um, como duas mãos num único corpo.