Em 5699 (1909) Rabi Shalom DovBer estava cada vez mais perturbado pelas inovações introduzidas em determinadas instituições, chamadas de Torá, na Terra de Israel. Seguem-se trechos extraídos de uma carta que ele escreveu para Israel naquela época:

“Há um número crescente de distintos reformadores, cuja única meta é destruir a fé judaica e privá-la de seu caráter sagrado. Certamente astutos, eles persuadem pais, e mais ainda mães, que têm o coração mais mole, são mais facilmente convencidas e prontas a ceder às seduções de novas idéias, a entregar seus filhos à destruição certa…

“A experiência tem demonstrado que a menos que sejamos capazes de implantar a luz da santidade de Torá nos corações das crianças enquanto ainda são jovens e moldáveis, há pouca esperança de que elas venham a seguir o caminho da justiça. Aquele que deseja assegurar que seu filho crescerá no verdadeiro espírito da Torá e Judaísmo deve fazer tudo para que a criança não seja exposta à tentação destas novas idéias que são alheias a nossos antepassados.

“É difícil para qualquer pessoa permanecer calma face a agressões tão graves ao próprio coração do Judaísmo. Elas quebraram e cortaram em pequenos fragmentos a grandiosa estrutura da Torá, a mesma Torá que é a vida e alma de nossa nação, e por cuja preservação nossos ancestrais estiveram prontos a morrer, aos milhares, como mártires.”

Foi neste espírito que Rabi Shalom DovBer lutou contra as forças da reforma e assimilação e que tinham feito progressos dentro de alguns círculos de nosso povo. Quando a revolução bolchevique derrubou o regime czarista na Rússia, o país foi proclamado uma república, com o lema: “Liberdade para todos.” Rabi Shalom DovBer temia que o desejo de libertar-se de todos os vínculos e amarras tradicionais pudesse também invadir o mundo judaico e induzir as massas de judeus a jogarem fora as tradições de nossa fé e fazer o que bem entendessem em matéria de religião. Ele sugeriu que um forte corpo judaico fosse organizado por todos os judeus fiéis em cada cidade e aldeia da Rússia, para trabalhar como uma força unificada, deixando de lado “interesses individuais egoístas” para fortalecer a causa da Torá e do judaísmo em toda parte.

Uma atenção especial deveria ser prestada no sentido de encorajar a observância do Shabat, abatimento casher, pureza familiar e outras facetas vitais da vida judaica. Ele sugeriu ainda que estes grupos deveriam se consultar mutuamente sobre os problemas que encontrassem, e planejar suas atividades.

Rabi Shalom DovBer estava o tempo todo consciente de que o futuro do Judaísmo dependia inteiramente dos jovens, das futuras gerações. Portanto, ele enfatizou a importância de fortalecer o estudo de Torá, especialmente para crianças pequenas.

A liderança de Rabi Shalom DovBer, cobrindo um período de grande conflito político na Rússia e no mundo em geral, ilustrou claramente como os líderes de Chabad, cada qual em sua geração, levaram adiante a cadeia dourada da sagrada obra em prol da educação de Torá e a divulgação do conhecimento de Torá entre os jovens, onde quer que vivessem os judeus.

Eles trabalharam incessantemente para fortalecer todos os pontos fracos na fortaleza da religião judaica. Enfrentaram sem temor as forças que se atravessaram no caminho de sua obra sagrada ou que ameaçasse minar a nossa fé.