A cena foi impressionante. A comemoração do centenário do Rebe, em 2004.

Em Washington, DC, mais de 700 líderes judaicos de 42 países, da Costa Rica à Turquia, reuniram-se para dar início ao centenário do Rebe – "de abençoada memória," dizem os cartazes, para que você não tenha idéias equivocadas.

Rabino Chefe de Israel, Rabi Yisrael Meir Lau:

"No início do século passado, nem mesmo em nossos piores pesadelos poderíamos imaginar os tempos que viriam. Porém, em retrospecto, vemos que em preparação para tudo aquilo, para ajudar na cura, D’us deu um raro presente ao povo judeu e à humanidade em geral: aquela alma especial e sem par do Lubavitcher Rebe, de justa memória." Hoje, "Não há um canto do globo onde as pessoas não tenham ouvido falar de Chabad-Lubavitch. E isso deve-se a um homem."

O Rebe enviara Rabi Yosef Kantor à Tailândia nove anos antes. Agora, no saguão do Capital Hilton, Rabi Kantor diz casualmente: "Teremos 1.500 pessoas para os sedarim que serão realizados dois em Bangcoc, um em Chiangmai, um em Samui."

Rostos judaicos familiares na capital falam de suas conexões de Chabad: como o Senador Joseph Lieberman sabia que poderia contar com um minyan Chabad para dizer o cadish, mesmo em Tashkent; como o filho de Stuart Eisenstadt frequenta o Chabad em sua universidade; como o embaixador da Costa Rica também é o presidente do Chabad costarriquenho; como o embaixador dos Estados Unidos no Uruguai leu a Parashat HaChôdesh no Chabad de Montevidéu. O porta-voz da Casa Branca, Ati Fleischer, vai até o Hilton, descrevendo-se como um "Lubavitcher Reformado". Fleischer não estava procurando uma bênção: ele deu as bênçãos. O Rabino de Chabad, Rabi Levi Shemtov, falou sobre a época em que Fleischer – que é um Cohen – abençoou- na sinagoga de Chabad em Washington.

E só para constar nos registros, Rabi Shemtov, encarregado do evento do centenário, disse aos repórteres: "O objetivo do Rebe não era ser o Mashiach" – o messias – "mas era seu objetivo trazer Mashiach", fazendo do mundo um lugar melhor.

Um pogrom em 1907: Menachem Mendel se esconde com as crianças e tenta fazê-las silenciar, para que não sejam detectadas por gangues errantes. O pequeno Schneerson, de cinco anos, dá um pedaço de doce a uma criança, conta uma história a outra, acaricia a face de uma terceira. Após os pogrons, após os comunistas, após os nazistas, após décadas, o idoso Rebe envia seus emissários às crianças judias de Nikolaev.

Eli Wiesel evoca a imagem bíblica do rosto de Yaacov aparecendo a Yossef durante as épocas difíceis. Às vezes, com o mundo da maneira que está, diz Wiesel, "Vejo a imagem do Rebe – seus olhos, a maneira que ele tinha de ouvir, seu jeito de falar. O perigo é maior que antes, pelo menos desde 1945. [Em Israel], cheguei a uma conclusão muito pessimista, que não é uma questão de território. Eles simplesmente não nos querem. Se o Rebe estivesse aqui, o que diria? O que devemos dizer? Os judeus precisam ser mais judeus. Um judeu sozinho não pode ser judeu; um judeu precisa estar com seu povo. E portanto, não há um lugar no mundo onde não haja um reflexo do Rebe”.

Ele casa-se com Chaya, a filha do sexto Lubavitcher Rebe, em Varsóvia, em 1928. Na noite anterior, os Lubavitchers dançam o novo príncipe coroado pelas ruas. Quem jamais o conheceu tão bem quanto Chaya Mushka? Ela esteve com ele nas universidades de Paris e Berlim. Ela se lembrava daquele Shavuot durante a guerra em Vichy, e de passar fome em Nice. Eles viajaram de Marselha a Barcelona, e foram de navio para formar um lar em Crown Heights.

David Ivry, o embaixador de Israel em Washington relembra que quando era o comandante da Força Aérea Israelense no início da década de 1970, os emissários do Rebe estavam sempre ali para apoiar seus comandados. A filosofia do Rebe, disse Ivry: "Nenhum judeu deve ficar sozinho, jamais."

É 1967, logo após a Guerra dos Seis Dias. O Rebe diz: "Há duas coisas que devemos evitar a todo custo. A primeira é não cair na armadilha de atribuir esta vitória à nossa habilidade militar;" esta é simplesmente a forma que D’us canalizou Seus milagres. A segunda coisa a se evitar é o medo. Muitos judeus, incluindo aqueles que lideram o governo de Israel, ainda precisam se libertar da intimidação perante a 'opinião mundial.' Espero que eles não percam tempo despachando todos os tipos de delegações a Washington com a mensagem de que estão preparados para devolver o território conquistado na guerra. Eles não entendem que não conquistaram nada por eles mesmos, mas com D’us, e a terra com seus locais sagrados.

George Rohr, um empresário de New York, no hotel de Washington fala a um grupo de estudantes sobre a época em que iniciou um serviço para principiantes em sua congregação. Procurou o Rebe, esperando aprovação.

"Falei ao Rebe sobre este serviço especial para mais de 130 judeus sem nenhuma formação judaica e o sorriso do Rebe desapareceu. Ele contemplou-me com aqueles penetrantes olhos azuis, e eu soube que deveria ter dito algo errado. O Rebe disse: ‘O quê?’ Deu-me uma chance de repetir o que dissera, e o fiz. O Rebe disse: ‘Nenhuma formação judaica?’ Olhou-me como se eu tivesse insultado seus filhos. O Rebe disse: “Volte e diga-lhes que eles têm a formação de Avraham, Yitschac e Yaacov, Sarah, Rivca, Rachel e Leah.’ Então seu sorriso voltou e ele deu-me uma bênção.”

A cada domingo, o Rebe ficava de pé no hall do 770 de Eastern Parkway e distribuia mais de 6000 dólares em notas de um, entregues uma a uma a indivíduos, com uma bênção e a condição de que as cédulas fossem usadas para caridade. Um chassid das filas de domingo declarou: "Quando Mashiach vier, será algo semelhante a isso," um ajuntamento dos tsadikim e dos solitários, pessoas em cadeiras de rodas, as estéreis e as grávidas, chassidim voltando do Alasca ou do Congo, milhares de judeus pedindo uma bênção, uma prévia da redenção, ou uma conversa com o Rebe em qualquer um dos sete idiomas.

Rabi Avraham Berkowitz, de 26 anos, é o diretor executivo da federação das Comunidades Judaicas, supervisionando mais de 400 instituições de Chabad na antiga União Soviética. No avião de Moscou a Washington, ele avista o antigo líder soviético Mikhail Gorbachev. "Ele sorriu para mim" – diz Berkowitz – "reconhecendo-me como um chassid." Gorbachev convidou Berkowitz a sentar-se. "Para onde está viajando?" perguntou Gorbachev. "Estou a caminho" – diz Berkowitz – "de Washington para o centenário do Lubavitcher Rebe, Menachem Mendel Schneerson." Gorbachev não reconheceu a palavra "Lubavitch" mas reconheceu "Schneerson." Ele disse que durante os anos soviéticos, o Kremlim ficara de olho num movimento subterrâneo judaico – os homens de Schneerson. Chegaram a prender alguns. Berkowitz disse que Gorbachev ficou atônito. "Você tem 26 anos. Nasceu em Michigan. E se muda para a Rússia! O que gosto nos seguidores de Schneerson é que vocês não estavam somente lutando a Guerra Fria e depois indo para casa, mas ficaram e estão construindo uma nova Rússia." Berkowitz tem um filho ainda bebê, um judeu russo.

Quando faleceu em 1994, eles vieram novamente, para o funeral de seu melhor amigo. Ele prometeu que, apesar de um século de sofrimentos, a história judaica teria um final feliz, uma era messiânica, você poderia dizer. Não havia outra maneira com a qual D’us pudesse terminar a história.

Nesta data de Guimel Tamuz em que celebramos seu aniversário de ausência, falecimento, o que você dá a um Rebe que se encontra no Outro Mundo?

Fortalece ainda mais a conexão colocando em prática seus ensinamentos, transmitindo seu legado e sua obra a todos a sua volta e sobretudo, seguindo seu exemplo: viver Torá e amar ao próximo com entusiasmo e alegria.