EDISON, N.J. — Esperança e unidade diante de todas as dificuldades foram o tema do banquete de gala da 41ª Conferência Internacional de Emissários Chabad-Lubavitch, que reuniu 6.500 rabinos e líderes leigos de mais de 100 países e de todos os estados dos EUA.
O banquete marcou a conclusão do encontro, também conhecido como Kinus Hashluchim, ao qual rabinos de Chabad e seus convidados vieram de todo o mundo para quatro dias de workshops, orações e apoio mútuo. O evento, considerado o maior encontro rabínico do mundo, começou no Brooklyn, N.Y., poucos dias após o funeral do Rabino Zvi Kogan, um dos emissários da equipe Chabad nos Emirados Árabes Unidos que foi sequestrado e assassinado em Dubai na semana anterior.
O programa iniciou com recordações sobre Kogan, seu amor pelas pessoas, seu sorriso caloroso e coração aberto a todos. Seus colegas relataram ao público que ele era como um irmão mais velho para todos, e sua perda trágica deixou um vazio na crescente comunidade judaica dos Emirados e no povo judeu ao redor do mundo.“Na manhã de domingo, recebi a ligação que nenhum emissário jamais deveria receber”, lembrou o Rabino Levi Duchman, diretor do Chabad-Lubavitch nos Emirados Árabes Unidos, “informando-nos que Zvi já estava no 'Mundo Vindouro'.”
A conferência foi conectada por vídeo à casa dos pais de Kogan em Jerusalém, onde sua família está de luto, e todos os 6.500 presentes recitaram o texto tradicional de conforto para a família.
Enquanto lamentavam a perda de Kogan e mostravam cenas de sua vida, Duchman e seus colegas proclamaram que a única resposta ao seu assassinato seria retornar aos Emirados e continuar o trabalho. “É o que Zvi teria desejado”, afirmou o Rabino Yehuda Marasow, emissário de Chabad em Abu Dhabi.
Marasow e outros colegas lembraram que crescer e construir, mesmo — ou especialmente — diante da tragédia, foi o chamado constante do Rebe, Rabino Menachem M. Schneerson, de abençoada memória. O Rebe construiu a rede de emissários do zero e convocou cada judeu a ser uma luz brilhante na escuridão, iluminando o mundo e revelando que, em sua essência, ele é um jardim de D’us.
"Estamos Mantendo as Luzes Acesas"
Seis emissários deram as boas-vindas formais aos colegas no Kinus, cada um representando uma região onde Chabad atua e falando sobre o tema Lech Lecha, o chamado de D'us ao primeiro judeu, Avraham (Abraão), para "seguir adiante" e espalhar o nome do Todo-Poderoso pelos quatro cantos do mundo.
O Rabino Leibel Fajnland, do Chabad de Reston e Herndon, Virgínia, discursou em inglês; o Rabino Shmuel Bistritzky, do Chabad de Savyon, Israel, em hebraico; o Rabino Yoel Migdal, do Chabad no Campus em Buenos Aires, Argentina, em espanhol; e o Rabino Chaim Danzinger, do Chabad de Rostov, Rússia, deu as boas-vindas à plateia em russo.
Danzinger relembrou a história de Reb Mordechai Lifshitz, um chassid que, em 1918, pediu permissão ao Quinto Rebe de Chabad, Rabino Sholom DovBer Schneersohn, para deixar a cidade. “Quem permanecerá aqui com os judeus de Rostov?”, perguntou o Rebe.
De fato, Lifshitz permaneceu em Rostov até o dia de sua morte, em 1969, cuidando dos judeus da cidade durante os anos mais difíceis da opressão soviética. “Estamos mantendo as luzes acesas em nossas comunidades até a vinda de Mashiach!”, declarou Danzinger.
Ele foi seguido pelo Rabino Mendy Mottal, do Beit Lubavitch Centre Siege, em Paris, e pelo Rabino Zalman Lent, representando o Chabad da Irlanda, que, por um momento, discursou em gaélico e anunciou a aquisição de um novo espaço para jovens profissionais e estudantes universitários no coração de Dublin.

Uma apresentação especial de vídeo deu aos presentes uma visão interna do trabalho de Chabad na linha de frente em Israel: o Rabino Guershon Shnur, de Chabad de Ganei Tikvah, falou sobre seu serviço como shliach (emissário) e reservista no exército. O Rabino Shalom Ber Hertzel comentou sobre as dificuldades enfrentadas por Israel e sobre seu papel único como rabino no extremo norte desde o início da guerra. Os dois, então, subiram ao palco para liderar a recitação de Tehillim (Salmos).
O Rabino Yehuda Krinsky, presidente do Merkos L’Inyonei Chinuch — o braço educacional do movimento Chabad —, dirigiu-se à plateia por vídeo, falando sobre o Rabino Zvi Kogan. Ele compartilhou palavras de consolo para a família de Kogan e para todo o salão do banquete, que estava repleto de seus familiares e amigos. Krinsky também agradeceu àqueles que estão servindo em Israel, fez orações pela libertação dos reféns e destacou que este ano marca 50 anos desde o início das 10 campanhas das mitsvot iniciadas pelo Rebe.
O Rabino-Chefe de Israel, Rabino Kalman Ber, reafirmou a promessa do rabinato de Israel de ajudar Chabad e seus emissários de todas as formas possíveis. Ele também falou sobre a grande perda do Rabino Zvi Kogan: “Ele deixou um grande vazio que nós, como shluchim, precisamos preencher”, disse. “Agora todos somos shluchim!”
Lições de Inspiração
Discursos foram feitos em muitos idiomas durante o Kinus Hashluchim deste ano, mas nenhum tão único quanto o do Rabino Yehoshua Soudakoff, de Chabad para a Comunidade Surda. Após uma apresentação em vídeo que exibiu seu trabalho, ele subiu ao palco para falar em sua língua nativa: a Língua de Sinais Americana (ASL):“A voz que vocês ouvem não é minha, mas as palavras definitivamente são”, ele disse por meio de um intérprete. “É difícil para uma pessoa surda encontrar seu lugar na comunidade. Transmitir Torá e eplicar sobre as mitsvot sendo surdo é um desafio. É por isso que fundei o Chabad para a Comunidade Surda.”
“Existem judeus surdos e judeus com diversas deficiências em todo o mundo. Vamos continuar nosso trabalho sagrado de alcançar cada um deles e inspirá-los, assim como eu fui uma vez inspirado”, disse ele, sendo muito aplaudido.
Primeiro Rabino em Andorra
Outro vídeo mostrou um urologista de Maryland, Dr. Brian Levin, que destacou o caminho que ele trilhou para se reconectar com o seu judaísmo.
Levin, que vive na cidade de Owings Mills, entrou em contato com seu emissário local, Rabino Nochum Katsenelenbogen, que lhe mostrou as aulas no Chabad.org, iniciando assim o seu caminho para uma observância judaica mais profunda. Logo, ele começou a estudar Torá regularmente e, em determinado momento, decidiu que precisava começar a usar a kipá no trabalho.
Foi aí que tudo mudou. Ao ver sua kipá, seus pacientes judeus começaram a conversar com ele sobre todos os assuntos judaicos. Por sua vez, Levin passou a perguntar a eles se já tinham tido a oportunidade de realizar uma mitsvá, desde tefilin até velas de Shabat. Levando em consideração o ensinamento do Rebe de que todo judeu tem oportunidade de ser um emissário e impactar seu ambiente, ele começou a ser um shliach por si mesmo. Levin começou a colocar tefilin em seus pacientes.
A palestra de Levin foi seguida por uma homenagem ao Rabino Moshe Kotlarsky, de 74 anos, o vice-presidente energético do Merkos L’Inyonei Chinuch, o braço educacional do movimento Chabad-Lubavitch, que faleceu após uma longa doença em 4 de junho (27 Iyar). A plateia aplaudiu em pé em reconhecimento à sua vida e trabalho. Kotlarsky era bem conhecido por seu papel no Kinus Hashluchim anual, dirigindo um exército de planejadores, funcionários e voluntários para garantir que cada detalhe do enorme evento fosse perfeito.
O filho dele, Rabino Mendy Kotlarsky, falou em nome de seu pai, parabenizando os rabinos presentes pelo trabalho deles, assim como invocando o nome de seu pai para incentivar os emissários a fazerem mais.
Um círculo rotativo de emissários conduziu a chamada anual dos emissários em todos os 50 estados e agora em mais de 100 países. Mottal, que recebeu os rabinos de Chabad de países europeus, da França à Eslováquia, anunciou que um casal foi enviado para Andorra, um de centenas de novos locais a receber emissários de Chabad este ano.
Lent anunciou a outra metade da Europa antes de Bistritzky fazer a sala entrar em uma dança coletiva com o anúncio dos 1.442 casais emissários de Israel e o restante da Ásia.
Danizger então anunciou os 209 emissários para a Rússia e a outra metade da Ásia, culminando nos seis shluchim e na delegação dos Emirados Árabes Unidos, antes de mencionar os emissários da África e aqueles da Australia e do Pacífico.
Migdal apresentou seus colegas da América do Sul, bem como do Caribe e da América do Norte, antes de Fajnland encerrar com os 2.383 emissários que servem nos EUA, listando todos os 50 estados.
A noite terminou como sempre: com cânticos, danças e a determinação renovada de cada emissário em cumprir sua missão, impactando Israel, o povo judeu e o mundo inteiro.

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