Em maio de 1940, minha família chegou a Vichy, na França, para escapar dos bombardeios feitos pela Força Aérea nazista sobre Charleroi, Bélgica, onde meu pai era rabino.
Ao retornar de uma pequena sinagoga em Vichy numa tarde de Shabat, meu pai nos contou que tinha ouvido ali algumas palavras de Torá pelo genro do então Rebe de Lubavitch, que o tinha impressionado como um excelente erudito de Torá.
Travamos conhecimento com o Rebe. Lembro-me de encontrá-lo quando eu era criança ao caminhar com meu pai por uma rua em Vichy. Ele vestia um casaco com cinto e chapéu cinza. Em diversas ocasiões, minha mãe acompanhou a Rebetsin a uma fazenda nos arredores de Vichy para estar lá quando as vacas fossem ordenhadas, assim o leite seria casher.
Quando Vichy tornou-se a sede do governo francês durante a guerra, os estrangeiros foram forçados a partir. Após uma estadia de três meses em Vichy, mudamo-nos para Nice.
O Rebe também se mudou para lá, enquanto esperava para seguir aos Estados Unidos, Ele ficou durante algum tempo no Hotel Rochambeau, então localizado na Avenue Thiers em Nice. Ele comparecia aos serviços da sinagoga askenazita Ezras Achim, localizada no Boulevard Dubouchage, que tinha se tornado ponto de encontro de muitos refugiados, diversos rabinos famosos e personalidades judaicas que estavam fugindo da perseguição nazista. Ali encontrávamos o Rebe com freqüência.
Quando chegou a época de Pêssach, o Rebe pediu a meu pai para preparar-lhe vinho, aparentemente porque ele não confiava em ninguém mais. Meu pai ficou contente por prepará-lo para ele, usando uvas passas.
Em 1952, mudamo-nos para os Estados Unidos. Pouco depois da nossa chegada, acompanhei meu pai numa audiência privada com o Rebe, que nos deu conselhos e sua bênção.
Mantive contato com o Rebe. Na última visita que lhe fiz, ele me disse em yidish: Ich gedenk ayer taten – lembro-me de seu pai.
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