Por Rabino Yossi Kivman
Phil e Elaine Brown eram casados há muitos anos, mas não tinham filhos, apesar de terem consultado diversos médicos e tentado vários tipos de tratamento. Um dos médicos declarou à Elaine, sem rodeios: "Não há absolutamente nenhuma chance de que você algum dia possa conceber naturalmente".
Ao ouvirem tal declaração, decidiram adotar, dirigindo-se a uma organização de serviço social a fim de preencher os papéis necessários. O funcionário que atendia no departamento olhou para a ficha preenchida e disse: "É difícil encontrar crianças judias. A espera pode levar de um ano a dois ou três ou mais." Ainda assim, o Browns decidiram seguir em frente.
A agência analisou sua situação financeira, a sua educação, seus amigos, suas atitudes em relação às crianças, a atitude de seus amigos para as crianças, a sua atitude para com os filhos de seus amigos, e dezenas de outros fatores. Após 13 meses de questionamentos, o organismo finalmente pediu referências.
Ao mesmo tempo, Phil e Elaine moravam do outro lado da rua do rabino Kazen, de abençoada Memória, e da Rebetsin, Lubavitch shluchim em Cleveland. Cada vez que o rabino Kazen avistava Phil, ele dizia "Olá" e convidava o casal para jantar Shabat. Agora, embora Phil não soubesse o que fazer com um rabino com uma barba, a agência de adoção queria referências, e assim foi que Phil pensou que talvez pudesse conciliar negócios com amizade. Ele poderia obter uma excelente referência para a agência de serviço social - afinal, o que poderia ser melhor do que a referência de um rabino?
Durante o jantar, Phil e Elaine disseram aos Kazens que eles estavam procurando uma crianca para adoção. O casal Kazen disse-lhes que muitos casais foram abençoados com filhos depois de receber uma bênção do Rebe, e sugeriu que os Browns tentassem antes esta forma também.
Os Browns recusaram a sugestão educadamente, não estavam convincentes com a ideia e nem desejavam esperar mais. Entretanto, a Sra. Kazen, muito persistente, convenceu o casal a enviar uma carta.
Semanas mais tarde, o casal recebeu uma resposta. O Rebe sugeriu que eles começassem a observar a mitsvá de Taharat Hamishpachá, leis da Pureza Familiar. Embora ambos estivessem imensamente gratos ao Rabino kazen e sua esposa, e apreciassem sua preocupação, não se sentiam preparados para colocarem a mitsvá em prática, e desta forma deixaram a carta com o conselho de lado. A essa altura, todas as suas referências haviam sido verificadas, suas condições de saúde e financeira checadas. No entanto, não havia nenhuma criança disponível para adoção.
Certo dia, um funcionário da agência de serviço social veio visitá-los a fim de avaliar a situação como parte do processo de decisão. O casal recebeu gentilmente o funcionário, que não demorou para mudar sua atitude bruscamente. Começou a puxar as gavetas dos armários, vasculhar os armários, espreitou em baixo das camas e atrás das cortinas, como estivesse procurando algo. Após inspecionar cada centímetro da casa, ele partiu calado. Durante esse tempo, Elaine já tinha tomado uma importante decisão: "Vamos tentar o micvê", disse ao marido.
Os passos em direção ao cumprimento desta importante mitsvá, mandamento, que está intimamente ligado ao amor e fortalecimento da relação amorosa de um casal atraindo bênçãos sobre filhos e por todas as gerações trouxe o resultado desejado: ela ficou grávida com o primeiro de seus muitos filhos. Pouco depois, a agência ligou informando que tinham uma criança para adoção. Tiveram que responder que lamentavam por um lado, mas por outro estavam felizes de poderem gerar seu próprio bebê.
Um belo dia, Phil foi limpar algumas gavetas e notou a carta do Rebe. Leu-a novamente e viu que o Rebe tinha dito que iriam ouvir uma boa notícia. Esse foi exatamente o mês em que seu primeiro filho, Mordechai, nasceu.
Vários meses se passaram. Phil recebeu a notícia de que sua mãe estava em estado muito grave de saúde tendo que ser hospitalizada após perder a consciência. O médico sugeriu que chamassem imediatamente todos os filhos, reunindo a família: "Provavelmente resta-lhe apenas algumas horas de vida", disse ele. "É altamente improvável que ela recupere a consciência. Se sobreviver, será como um vegetal". Os filhos ficaram tão chocados que agiram como se tivessem começado o luto, D’us não o permita.
Foi então que a Sra. Kazen chegou. "Vocês ainda se correspondem com o Rebe?” perguntou aos Browns. "Pois tente e vocês irão ver que tudo dará certo após a sua berachá.”
A família ficou incrédula. A mãe estava à beira da morte, e aparecia essa senhora com uma sugestão tão inapropriada em uma hora destas que parecia até arrogante.
Um dos irmãos de Phil ficou tão furioso que teve a coragem de colocar a Sra. Kazen para fora do recinto. Mas não antes que ela pudesse anotar o nome hebraico da Sra. Brown, bem como de sua mãe. "Eu mesma vou escrever e enviar a carta ao Rebe por vocês", ela se comprometeu ao mesmo tempo que ia sendo empurrada porta afora do quarto do hospital.
Poucas horas depois, ela teve a chutspe (ousadia) de retornar, e foi logo falando: "Eu falei com o rabino Chodakov, que conseguiu abordar o Rebe no momento que ele estava saindo do 770." A família Brown profundamente triste, mal prestava atenção às suas palavras, e quase não ouviu quando ela lhes disse: “O Rebe mandou-me transmitir as seguintes palavras: ‘Diga a família que não há necessidade de se preocupar. Peça aos médicos para repetirem os exames e constatarão que cometeram um grave erro. Durante a manhã, tudo estará bem.’”
A resposta do Rebe não animou em nada os Browns. Eles não podiam entender como um rabino em Nova York poderia conhecer a condição de sua mãe com mais precisão do que os médicos que estavam tratando ela, do seu lado. Mas na parte da manhã, o quadro todo já apresentava mudanças e melhoras. A Sra. Brown acordou, pediu um copo de café e começou a ler o jornal, com a maior naturalidade, como se nada, nem algum perigo houvessem espreitado sua vida. Suas respostas para as perguntas eram perfeitas. Longe de se assemelhar a um vegetal, estava mais afiada do que nunca.
O irmão de Phil que havia sido tão indelicado com a Sra. Kazen, impressionado e arrependido por todas as atitudes que havia adotado em sua vida, decidiu adotar uma vida chassídica. "O Rebe não apenas deu uma bênção", explicou. "Ele estabeleceu um tempo. Ele estava correto o tempo todo. Eu senti que tinha que adotar um compromisso, então dei os primeiros passos para chegar aonde me encontro hoje.”
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