Os dois Sábios (o Báal Shem Tov e o Maguid) trocaram cartas durante 5513 (1752). O Maguid tinha sérias dúvidas sobre empreender a viagem; os boatos caluniosos espalhados pelos inimigos do Chassidismo o impediam de dar aquele passo. O Báal Shem Tov, em suas respostas, amenizava as suspeitas e hesitações do Maguid, insistindo para que fosse, antevendo que o encontro teria grande importância para o Chassidismo. O Maguid finalmente resolveu ver por si mesmo se o Báal Sehm Tov era tão notável como seus seguidores o consideravam.

A viagem até Mezibush foi longa e exaustiva, e o Maguid foi incapaz de estudar. Isso lhe causou muita angústia e ele começou a se arrepender da sua decisão. Consolou-se pensando que quando chegasse ao destino, certamente ouviria profundas palavras de Torá ditas pelo Báal Shem Tov. Quando seu coche finalmente chegou a Mezibush, ele não perdeu tempo em procurar o Besht.

Rabi Israel Báal Shem Tov recebeu cordialmente o visitante e contou-lhe uma história curta, aparentemente insignificante. A entrevista terminou. Eles se encontraram novamente no segundo dia e mais uma vez o Báal Shem Tov contou uma breve história.

Rabi Dovber, do tipo assíduo, para quem cada momento era precioso, arrependeu-se de ter ido até lá, desperdiçando tanto tempo. Fez planos de voltar para casa; partiria na mesma noite, assim que a luz da lua permitisse iniciar a viagem. Porém antes que pudesse partir, chegou uma mensagem do Báal Shem Tov pedindo-lhe que fosse até a casa do mestre. Ali chegando, o Báal Shem Tov lhe perguntou: “Você é bem versado em Torá?” Recebendo uma resposta afirmativa, o Báal Shem Tov indagou: “Está familiarizado com os ensinamentos da Cabalá?” Novamente, uma resposta afirmativa. O Báal Shem Tov então pediu ao Maguid para interpretar uma passagem em Etz Chaim, a obra fundamental da Cabalá Luriânica. Rabi Dovber examinou cuidadosamente a passagem e ofereceu sua interpretação. O Báal Shem Tov rejeitou suas palavras. Rabi Dovber deliberou outra vez e reiterou sua declaração anterior, acrescentando: “O significado desta passagem é aquele que declarei. Se tiver uma interpretação diferente, diga-me e veremos quem está certo.”

A esta altura o Báal Shem Tov lei a passagem para ele. Enquanto o Báal Shem Tov lia, pareceu ao Maguid que a casa tinha se tornado cheia de luz, e que um fogo Divino os rodeava. Para o Maguid, era como se ele realmente visse os anjos cujos nomes foram mencionados no discurso. Em seguida, o Báal Shem Tov disse: “Sua interpretação está correta, mas não existe alma no seu estudo.”

Rabi Dovber permaneceu com o Báal Shem Tov durante algum tempo, para aprender com ele. Relatos demonstram que o Maguid visitou o Báal Shem Tov somente duas vezes. A segunda vez ele permaneceu por seis meses. Rabi Dovber relatou que o Báal Shem Tov ensinou-lhe até os detalhes mais intrincados das diversas obras da Cabalea e a “linguagem dos pássaros e das árvores”.

Quando quis voltar para casa, o Báal Shem Tov não concordou, e retardou-o por diversas vezes. Ao lhe perguntarem o motivo, o Besht explicou que quando o maguid estava com ele, sua mente era como um “poço transbordante, e quanto mais se tira de um poço, mais a água brota.”

Embora Rabi Dovber não tenha visto o Báal Shem Tov outra vez, eles permaneceram em contato através de mensagens e correspondência. De tempos em tempos, Rabi Dovber serviu como líder interino dos Chassidim, na ausência do Báal Shem Tov, a pedido deste.

Embora de forma geral o Chassidismo se oponha à auto-mortificação, o Maguid parece ter continuado por algum tempo com seus hábitos primitivos. O Báal Shem Tov advertiu-o a abandonar esta prática e a cuidar da sua saúde.