No 19º dia de Tamuz, Moshê subiu ao Céu mais uma vez, lá permanecendo por quarenta dias, até o dia 29 de Av, implorando perdão a D'us.

Ele rezou: "Mestre do Universo, o Senhor mesmo levou-os ao pecado, já que os carregaste de ouro e prata durante o Êxodo do Egito. Um leão só dá uma patada se uma bandeja cheia de carne for colocada ao seu lado."

Moshê, então, apresentou seus argumentos a favor do povo com tanta intensidade que sentiu seu corpo todo ferver. Ele estava realmente doente de preocupação pelo pecado do bezerro de ouro.

"Por que, D'us, Tua ira deve arder contra o Teu povo que tiraste do Egito? Eles nunca tiveram a intenção de fazer do bezerro um ídolo; eles o fizeram com o intuito de criar um intermediário sobre o qual Tua presença pudesse pairar. Mesmo ao fazer o bezerro, eles não Te desprezaram; eles queriam me substituir.

"Mais ainda, leve em consideração o fato de eles terem vivido entre os egípcios, que eram idólatras."

Um pai decidiu que chegara a hora do seu filho começar a ganhar a vida. Ele alugou uma loja em uma área nada respeitável e trouxe-lhe os produtos necessários para que este se transformasse num vendedor de perfumes e cosméticos. Ao indagar um pouco mais tarde sobre o bem-estar do seu filho, foi informado de que este se associara com as libertinas da vizinhança. A ira do pai não tinha limites. "Vou matá-lo por isso!", exclamou. Mas um amigo da família rogou: "Como é que ele poderia ter se portado de outra maneira? Ele é jovem e inexperiente. De todas as possíveis profissões, você escolheu para ele a de um vendedor de perfumes e colocou-o num ambiente corrupto!"

Similarmente, Moshê implorou a D'us: "Não fique irado - Tu os tiraste do Egito, uma terra onde todos adoravam cordeiros. Eles estavam simplesmente imitando os costumes do Egito! Estão acostumados aos ritos daquele país e ainda não se habituaram aos Teus caminhos! Espere um pouco, e eles com certeza farão atos que serão agradáveis perante Ti!

"Se os destruir, os egípcios acreditarão que seus astrólogos predisseram a verdade ao afirmar que o povo de Israel pereceria no deserto. Deixe que a Tua cólera se extinga e revogue o decreto do Teu povo!"

Moshê estava pronto a perder a própria vida pelo povo, fazendo um trato com D'us: "Se não perdoá-los, apague meu nome do Teu livro."

Finalmente, Moshê fez uso da mais poderosa arma de defesa, o mérito dos patriarcas. Voltando-se em direção à caverna de Machpelá, exclamou perante os patriarcas: "Ajudem-me nesta hora, quando seus filhos estão prestes a serem abatidos como cordeiros!" Os patriarcas levantaram-se e posicionaram-se diante dele.

Dirigindo-se a D'us, Moshê orou: "Lembre-se de Avraham, Yitschac e Yaacov, Teus servos para os quais jurastes em Teu Sagrado Nome, 'Eu multiplicarei sua semente como as estrelas do céu!' Lembre as doze tribos sagradas, Teus servos, e salve o povo judeu em seu mérito!"

Ao cabo de quarenta dias de incessante oração, D'us finalmente concordou em perdoar o povo de Israel - não em seu próprio mérito, mas por conta dos seus antepassados. Disse D'us: "Levante-se e lidere o povo de Israel até a Terra Santa! Meu anjo, e não Minha presença, irá à frente de vocês. Decidi que, em vez de destruir o povo de Israel de uma vez, removerei os efeitos do seu pecado gradualmente através das gerações. Sempre que cair uma punição sobre o povo judeu por conta de seus pecados, incluirei nela um pouco da punição pelo pecado do bezerro de ouro.

Após Moshê ter orado durante quarenta dias, D'us concordou em não castigar o povo de Israel. Disse: "Ao invés de castigá-los, agregarei uma pequena parte do castigo pelo pecado do bezerro de ouro a cada castigo que impuser aos judeus no futuro."

Moshê, então, retornou ao seu povo. Apesar de ter evocado a piedade Divina, salvando assim o povo da destruição, Moshê ainda não obteve perdão pelo pecado.