A mitsvá referente ao escravo hebreu foi escolhida para ser a primeira da parashá de Mishpatim. O Povo de Israel foi libertado do Egito a fim de tornar-se servo de D'us. Um judeu deve tratar seu servo com consideração. Todo senhor hebreu deve libertar seu escravo o mais tardar seis anos após o início de sua servidão.
Nossa parashá trata de um ladrão que não consegue reembolsar o que roubou. O ladrão é vendido pelo tribunal a fim de reembolsar a vítima de seu crime com o dinheiro da venda.
Moshê ensinou aos judeus:
"Um judeu que roube dinheiro e não possa devolvê-lo deve ser vendido como servo a outro judeu. Será vendido pelo tempo necessário para devolver o dinheiro que roubou. Porém, não pode ser vendido por mais de seis anos."
Os juízes do tribunal que vendiam o ladrão tomavam o dinheiro da venda e o devolviam à pessoa que foi roubada.
Como Tratar um Judeu que é Vendido como Servo
Embora o ladrão tenha pecado e seja castigado tornando-se escravo, a Torá ordena que seu amo o trate bem. A Torá refere-se ao ladrão como 'escravo', porém seu dono não pode utilizar o termo 'escravo' como uma alcunha desdenhosa. Deve considerá-lo um irmão. De fato, de acordo com a lei da Torá, o mestre deve conceder a seu escravo hebreu condições tão excelentes que deve parecer ao empregador que não adquiriu um servo para si, mas sim um senhor!
É evidente que, na Torá, a posição do servo é mais que tolerável, pois ao fim de seis anos de servidão, o servo pode dizer (21:5): "Amo meu senhor... não quero ser libertado."
Algumas das leis da Torá concernentes ao escravo hebreu são:
- Um amo que compra um servo judeu não pode vendê-lo a ninguém mais.
- É proibido encarregá-lo de trabalhos desnecessários, por exemplo, "Ferva-me água" quando não deseja água.
- Tarefas inferiores e humilhantes também são proibidas, tais como lavar os pés de seu amo, ou calçar-lhe os sapatos; mesmo se estas mesmas tarefas sejam realizadas de bom grado por um filho a seu pai, ou por um discípulo a seu mestre.
- O amo não deve obrigar o servo a trabalhar habitualmente de noite. Pode usá-lo somente durante o dia.
- Um senhor deve compartilhar qualquer tipo de alimento que possuir. Se ele comer pão branco, não pode alimentar o escravo com pão preto. Se beber vinho, não pode dar água ao escravo. Se ele dormir sobre uma cama boa, não pode deixar o escravo dormir sobre palha.
- Se o amo tiver apenas uma forma de pão ou uma taça de vinho bom, ou somente um travesseiro, o amo deve dá-lo ao escravo.
- Se o escravo já tiver alguma profissão antes de servir ao amo, é proibido pedir-lhe que realize qualquer tipo de trabalho, a não ser os que já estava acostumado a fazer.
- A servidão de um escravo hebreu jamais excede seis anos, a partir da data em que foi vendido. Após seis anos, é automaticamente libertado. Se, durante este período, o escravo ficar doente e o amo incorrer em despesas por sua causa; mesmo assim o escravo não lhe deve nada ao partir.
- Se, quando iniciar a servidão ele for casado, é obrigação de seu amo sustentar também sua esposa e filhos.
- Se o escravo for solteiro, o amo não pode lhe entregar uma criada canaanita para viver com ele; a fim de adquirir novos escravos advindos dessa união.
- Se for casado ao ingressar na servidão, o amo pode lhe entregar também uma criada canaanita, com o objetivo de criar os escravos para si.
A Torá provê de maneira maravilhosa a um ladrão que não consegue reembolsar o roubo. Em vez de trancafiá-lo atrás das grades, e expor a família ao destino de vergonha e fome, D'us coloca o ladrão em meio a uma família judia. Seu amo não apenas providencia as necessidades do servo, mas também as de sua esposa e filhos. Contudo, para conscientizá-lo de quão baixo afundou, o amo pode entregar-lhe uma criada canaanita, cujos filhos permanecem sob a posse do dono. Este é um tipo de casamento proibido a um judeu livre. Esta situação deve fazer com que o ladrão se conscientize de sua auto-imposta degradação, e dar-lhe incentivo para elevar-se, de modo que o sétimo ano possa libertá-lo não apenas dos laços físicos, mas encontrá-lo também como um homem espiritualmente livre, pronto para reingressar na sociedade como um judeu novo em folha.
Quando o Servo é Posto em Liberdade
Não obstante, um judeu não pode seguir sendo servo toda a vida. Quando o servo é posto em liberdade?
- O servo judeu é posto em liberdade no começo do sétimo ano a partir de sua venda. Ele nunca pode ser vendido por mais de seis anos. Ao ir-se, não precisa pagar nenhum dinheiro ao amo. Ao contrário, o amo deve dar-lhe presentes (como leremos na Parashá Reê).
- Se durante os anos de serviço ocorrer um ano Jubileu (Yovel), o servo será posto em liberdade ao começo do ano Jubileu. (Depois de cada sete anos sabáticos, o qüinquagésimo ano é um ano Jubileu).
- Se alguém dá ao servo dinheiro para comprar sua liberdade, este pode pagar o saldo devido ao amo e se libertar. Por exemplo, se foi vendido por um período de três anos a um preço de três mil reais, mil reais por ano, pode redimir-se ao final do primeiro ano pagando ao amo dois mil reais, ou, ao final do segundo ano, pagando mil reais.
- Se o amo morre e não tem filhos, o servo é posto em liberdade. Se o amo tem um filho, o servo continua trabalhando para o filho.
- Se o amo deseja pôr o servo em liberdade antes que expire seu período, pode fazê-lo.
Faça um Comentário