Quando Avraham completou 75 anos, veio a Divina Ordem: "Vá por si mesmo!" Agora que completou suas explorações e atingiu seus objetivos, volte-se interiormente e embarque numa jornada até o âmago de seu próprio ser.

Paradoxalmente, quanto mais pessoal é a jornada, mais necessitamos de auxílio e conselhos.

Um senso de direção bem desenvolvido pode nos guiar através do sistema de estradas mais complicado; um senso social perspicaz pode negociar as políticas mais embaralhadas; os dados e padrões de aprendizagem armazenados em nosso cérebro facilitam nossa busca de novos campos de estudo. Mas quando procuramos um caminho para o interior de nós mesmos, o conhecimento e as habilidades de uma vida inteira tornam-se subitamente ineficazes. Encontramo-nos nas trevas, sem outro recurso que o de chamar nosso Criador: "D'us, quem sou eu?" clamamos. "Preciso de uma pista para descobrir o motivo pelo qual fui criado."

Este paradoxo está implícito na primeira instrução registrada na Torá para o primeiro judeu. Quando Avraham recebe ordens de "Vá por si mesmo," este homem engenhoso e auto-suficiente é ordenado a deixar de lado seus talentos inatos ("tua terra"), a personalidade desenvolvida em sete décadas e meia de interação com seu meio-ambiente ("teu local de nascimento"), e a sabedoria descoberta e formulada por sua mente fenomenal ("da casa de teu pai"), e seguir "cegamente" D'us até "a terra que Eu te mostrarei."

Em nossas jornadas externas, nosso conhecimento, talentos e personalidade são as ferramentas com as quais exploramos o mundo além de nós. Mas ao buscarmos nosso verdadeiro "eu", estas mesmas ferramentas - que constituem um "eu" exterior e auto-imposto por si mesmo - oculta tanto quanto revela, distorce ao mesmo tempo em que ilumina.

Empregamos estas ferramentas em nossa busca - não possuímos outras. Porém se nossa jornada deve levar à quintessência do "eu", ao invés de algo ilusório, deve ser guiada por Ele, que nos criou à Sua imagem, e esboçou o projeto de nossa alma em Sua Torá.