"Como é a vida de casado?" Greg pergunta a seu velho amigo Mike.
"É muito simples", responde Mike, "quando ficamos noivos, era eu que mais falava e ela escutava. ;Depois, quando nos casamos, ela era quem mais falava e eu quem mais escutava. Agora, dez anos depois, nós dois falamos bastante e são os vizinhos que escutam".
A descrição bíblica do papel da mulher
Esta semana começamos a leitura da Torá. A porção da abertura, Bereshit, capta os primeiros 1.600 anos da história humana. Ela está cheia de contos intrigantes que condensam os mais profundos mistérios e desafios da condição humana, incluindo o enigma por trás da relação -homem e mulher.
Tudo começa com um verso "inocente", descrevendo a razão de ser de ter dois gêneros distintos no mundo. "E D`us disse: 'Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma ajudante, oposta a ele". Até este ponto, Adão e Eva foram fundidos em um só corpo. Aqui eles foram divididos em duas criaturas diferentes, cada uma possuindo a sua estrutura e personalidade única. No entanto, a escolha de palavras que a Torá emprega para descrever o papel do cônjuge feminino - "uma ajudante oposta a ele" - parece contraditório. Muito tem sido escrito para explicar o significado deste verso.
Um pensador judeu, o Rabino Shneur Zalman de Liadi, interpreta a frase exatamente do jeito que soa: A mulher torna-se uma "ajudante" de seu marido às vezes, por ser contra ele. O que isso pode significar é que, para um marido se tornar o máximo que ele pode ser, ele deve professar a coragem de acolher as ideias e sentimentos do seu cônjuge que são "contra" às suas próprias.
O marido que grita
Alguns homens não toleram bem quando suas esposas discordam deles. Eles ficam irritados e frustrados, às vezes até mesmo gritam com suas esposas por se atreveram a desafiar os seus pontos de vista "sagrados". O que muitas vezes transparece como resultado é que a mulher, a fim de manter uma atmosfera pacífica em casa, permanece em silêncio ou afasta-se.
Quem perde mais?
É o marido que mais perde, de acordo com este versículo na Torá. Francamente, um homem às vezes tem que ser salvo de si mesmo, de seu ego, suas inseguranças, pontos cegos, imprudência e tentações. Quando um homem aprende a abraçar verdadeiramente a personalidade contrastante de sua esposa e sua diversidade, ele chega a níveis que nunca alcançaria por conta própria.
Isso não significa, é claro, que é um preceito bíblico que ;cada mulher discorde do marido 100 por cento do tempo. Para uma relação ser bem sucedida, esposas e maridos precisam aprender a arte do compromisso. Ela deve aprender a ver as coisas da perspectiva dele, e vice-versa, e ambos devem ser flexíveis, gentis e razoáveis.
O que isto significa, porém, é que é improdutivo e insalubre um homem criar um clima na casa em que sua esposa deve sempre concordar com suas opiniões, respondendo "amém" a todas as suas declarações e loucuras.
Manter o equilíbrio
Mas como é que os casais garantem que as devidas proporções são preservadas? Como podemos assegurar que o "contra ele" componente da cônjuge não sobrecarregue e subjugue a dimensão de "ajudante" dela?
O Talmud afirma que no início D’us havia planejado criar homem e mulher como duas pessoas distintas. No final, no entanto, Ele os criou como um só e somente depois Ele os dividiu em duas pessoas distintas. Por que D'us "mudou de ideia", por assim dizer?
Talvez Ele quisesse nos ensinar como um casal deve se relacionar entre si. No relacionamento conjugal, devemos ter ;tanto o "no princípio" quanto o "no final." No início, marido e mulher devem ser dois; cada uma das partes deve expressar a sua opinião livre e desinibidamente. Cada um deles deve desafiar o seu ;cônjuge para crescer mais alto e mais profundamente. Então, no final, eles devem encontrar uma maneira de conciliar os diferentes pontos de vista em um padrão unificado de comportamento, tornando os muitos - em um.
Este pode ser um dos símbolos atrás de uma interessante distinção entre os tefilin (filactérios) que os homens judeus envolvem em suas cabeças e os tefilin amarrados em seus braços. Os tefilin que colocamos na nossa cabeça estão visivelmente divididos em quatro seções ou câmaras. Cada câmara contém um outro fragmento de pergaminho inscrito com uma porção da Torá. Os tefilin que colocamos em nosso braço, no entanto, são conspicuamente feitos de uma câmara e todas os quatro porções são inscritas em um único pedaço de pergaminho colocado em um recipiente.
Por quê?
No nível "cabeça" - o nível analítico - a diversidade entre os casais é desejável. Que cada um argumente o seu ponto. No entanto, no ;nível "braço" - o nível de implementação e ação - deve haver um caminho, um veredicto, um padrão de comportamento. Se não, o caos pode reinar.
O anseio de D’us de não ficar sozinho
D’us ;e Seu povo são comparados frequentemente na Torá a um marido e mulher. Assim, este versículo - "Não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajudante oposta a ele" - também pode ser entendido simbolicamente como uma declaração sobre a relação entre D’us e a humanidade.
Antes da criação do mundo, D’us, o derradeiro "Homem" era "só". Mesmo após a criação do mundo, D’us poderia ter revelado Sua presença em nossas vidas para nós reconhecermos que D’us é na verdade sozinho, pois todo o universo é essencialmente uma extensão de Sua luz e energia.
No entanto, D'us escolheu o contrário. Ele escolheu criar um mundo que ocultaria completamente a Sua realidade e até mesmo se oporia a ele. D’us escolheu criar um ser humano com a capacidade de negá-Lo, ignorá-Lo e até expulsá-Lo de sua vida. Por que D'us organizaria uma tal situação?
A resposta é, porque "não é bom que o homem esteja só; vou dar-lhe uma ajudante oposta a ele." O que isso representa, simbolicamente, é que o mais profundo prazer e ajuda Divina decorre precisamente dessa oposição a Ele. Quando um ser humano, que por sua própria natureza, se sente absolutamente separado de D’us, racha a casca de sua condição física para descobrir a luz de D’us; quando uma pessoa desafia a aspereza de sua natureza para encontrar a pequena chama do idealismo gravado nos recessos de seu coração - este concede a D'us um prazer e alegria tão grandes que estando sozinho Ele nunca poderia ter alcançado.
O propósito de nossa criação, em outras palavras, não era para gerar luz, mas para transformar a escuridão em luz. Então, da próxima vez que sua esposa não concorde com você, ou da próxima vez que você "discorde" de D’us emocional ou psicologicamente - não fique frustrado. Pelo contrário, esta é uma oportunidade para você experimentar a derradeira razão de ser de seu casamento.
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