Quando Shimon e Levi atacam a cidade de Shechem e subjugam os habitantes para salvar sua irmã Diná, a Torá muda de tom para descrevê-los como sendo "os dois filhos de Yaacov" (Bereshit 34:25). Nesta altura certamente já estamos bem informados sobre a genealogia deles. Rashi comenta que ao repetir o óbvio, a Torá está destacando o fato de que, embora obviamente eles fossem filhos de Yaacov, não estavam agindo como tal, pois não procuraram seu conselho a respeito desta questão.

Se nos perguntassem qual a qualidade essencial para que alguém seja considerado "agindo como um filho", nossa primeira ideia seria provavelmente honrando os pais ou cuidando de suas necessidades. Mas Rashi aparentemente está nos revelando algo ainda mais profundo. Os fatores mais básicos para ser considerado como "um filho" é que busque o conselho de seus pais.

De fato, se examinarmos a etimologia da palavra hebraica para filho, "ben", temos a mesma impressão. Quando Nôach (Noé) nasceu, a Torá o declara fazendo referência a seu pai Lemech. "E ele teve um filho (ben)".

Rashi comenta que a palavra ben está relacionada à forma radical "baná" significando construir, e que a partir de Nôach finalmente a palavra foi reconstruída. Na noite de sexta-feira e nos serviços matinais de Shabat nos referimos aos que estudam Sua Torá como "filhos' e "construtores". Por isso entendemos que o papel de um filho é construir algo sobre os princípios do pai; transformar em realidade suas ideias.

Assim, a Torá sutilmente repreende Shimon e Levi por agirem sem o conselho e consentimento de seu pai. Seu relacionamento estava sendo meramente biológico, pois não estavam agindo em concordância com sua vontade.

A Torá chama aos Filhos de Israel "filhos de D'us". Como filhos de D'us, devemos nos inspirar para realizar todas nossas ações consultando nosso Pai, através de Sua Torá, para verdadeiramente construirmos este mundo sobre Seus princípios.