A perfeição do mundo requer a divulgação dos sete mandamentos Noahides

D'us “criou o mundo para que fosse estabelecido” (Yeshayahu 45:18). Isso implica um nível de conduta civilizada, que somente pode ser atingido quando também os não-judeus cumprem suas mitsvot. Na verdade, a perfeição do mundo que leva à Era Messiânica exige a divulgação dos sete mandamentos que D'us, através da Torá, forneceu a todas as nações do mundo.

Estas são as Sete Leis Noahides, segundo enumeradas pelo Talmud Babilônico, Sanhedrin 56 a:

  1. Promova a justiça – Um imperativo é buscar e promover a justiça social, e uma proibição de qualquer mau uso da justiça.
  2. Não blasfemar – Proíbe uma maldição dirigida ao Ser Supremo.
  3. Não à idolatria – Proíbe a adoração de qualquer ser humano ou coisa criada. Também é proibida a fabricação de ídolos ou envolvimento com o oculto. Isso necessita de um entendimento da unidade do D'us de Israel e de Sua natureza.
  4. Não às relações ilícitas. Proíbe o adultério, incesto, relações homossexuais e bestialidade, segundo as definições da Torá.
  5. Não ao homicídio. Proíbe assassinato e suicídio. Causar ferimento também é proibido.
  6. Não roubar. Proíbe tirar ilegalmente o que pertence a outra pessoa.
  7. Não coma o membro de uma criatura viva. Promove o tratamento bondoso da vida animal. Também encoraja uma apreciação de todos os tipos de vida e respeito pela natureza como criação Divina.

A autoridade dessas leis deriva do versículo “E D'us o ordenou sobre o homem…” (Bereshit 2:16). Foram dadas novamente às nações do mundo através dos ensinamentos de Moshê em Marah (Shemot 15:25-16), mas são conhecidas pelo nome de Nôach porque primeiro se tornaram plenamente aplicáveis em sua época, quando comer carne passou a ser permitido.

Os judeus que perguntam qual deveria ser sua atitude para com os amigos não-judeus deveriam conhecer uma formulação completa para a integridade e bem-estar não-judaicos, que podem ser aplicados onde quer que eles morem. Esses princípios podem ser ensinados livremente a todos os não-judeus que encontrarem.

Na Cabalá e Chassidut, os Sete Mandamentos são equivalentes às sete sefirot inferiores. As dez sefirot, pelas quais D'us fez o mundo e o homem, são divididas em três atributos “intelectuais”: Sabedoria, Entendimento e Conhecimento (chochma, bina e daat), e sete “emocionais”: Bondade, Força, Beleza, Eternidade, Glória, Fundação e Soberania (chessed, guevura, tiferet, netzach, hod, yesod e malchut). Os três atributos intelectuais estão associados com o povo judeu que fornece interpretações legais e espirituais das Sete Leis aos descendentes de Nôach. Cada lei imita uma das sete sefirot “emocionais”.

Comportamento sexual inadequado é a perversão do amor, e está relacionado com chessed. A transgressão sexual afeta o amor de D'us por nós e prejudica a capacidade de amar das pessoas, ao passo que relações sexuais permitidas são louvadas no Céu, e facilitam a Divina influência em toda a criação.

Assassinato é a perversão da força e poder, e corresponde a guevura.

Roubo é a destruição da harmonia nos relacionamentos humanos, e corresponde a tiferet, a mistura harmoniosa de bondade e força que permite o equilíbrio social. Num mundo onde questões de moralidade comercial estão no topo da agenda, este mandamento promove conduta ética numa área onde é profundamente necessária.

Idolatria e blasfêmia  correspondem respectivamente a netzach e hod, que com frequência são comparadas aos dois suportes da fé. A idolatria é uma violação da ordem Divina, e blasfêmia do amor Divino. Como o mandamento de D'us e seu amor são inseparáveis, cada um por sua vez facilita o outro, portanto esses dois mandamentos apóiam e ampliam um ao outro, Somente D'us é adorado, diretamente e sem qualquer intermediário, e somente Ele deseja e ouve as preces por causa de Seu amor por toda a humanidade.

Comer um membro de animal vivo corresponde à sefirá de yesod, associada ao impulso reprodutivo. O elo entre comer e sexualidade é bem conhecido. Comer carne viva ativa o aspecto predatório tanto do ato de comer quanto das relações sexuais. Aumenta o desejo pelas relações sexuais puramente exploradoras que se assemelham a comer, pois tal comida contém o verdadeiro “calor da vida” que desperta paixões egoístas. A voracidade sexual e a crueldade de todos os tipos são retificadas ao se abster de carne viva conforme definida pela Torá. Isso por sua vez inspira práticas gentis e respeitosas, como aquelas direcionadas a manter o meio ambiente.

Um sistema judiciário funcional corresponde a malchut, a sefirá mais baixa, que decreta em supremacia, mas é altruisticamente devotada ao serviço público. Esta é a responsabilidade do bom governo. Nossos sábios declaram: “A guerra vem ao mundo através da demora da justiça, da perversão da justiça e do ensinamento da Torá não de acordo com a Lei Judaica”. (Avot 5:8). Quando tanto judeus quanto não-judeus podem estudar Torá sem distorção de seu significado haláchico (Lei Judaica), a verdadeira paz se torna possível.


Nota:
Um guia completo sobre as 7 leis básicas pode ser encontrado na Enciclopédia Talmudit, sob o item “Ben Nôach”.

Uma compreensão filosófica está disponível nas “Sete Leis de Nôach”, por Aaron Lichtenstein. Veja também a Declaração do Congresso dos Estados Unidos: H.J. Res. 104, Public Law 102-14, 20 de março de 1991; e a palestra do Rebe de Lubavitch sobre Shabat Beshalach 5743/1983.

Yermeyahu Bindman nasceu na Inglaterra e mudou-se para Israel em 1979. É autor de Lord George Gordon (o convertido inglês do Sec. 18): “Rabi Moshê Chaim Luzatto – Sua Vida e Obras,” e de “As Sete Cores do Arco-Íris”, uma completa explanação sobre os conceitos do artigo acima.