Versículo 14:27
E estendeu Moshê a sua mão sobre o mar e voltou o mar, ao romper da manhã, à sua força.

A palavra l'eitanô (à sua força) pode também ser interpretada como "à sua condição anterior" (litna'ô). D'us criou o mar com a pré-condição de que se abriria para os filhos de Israel.

-Midrash Rabá


Do diário de Rabi Yosef Yitschac de Lubavitch:

"Quinta-feira, 14 de Sivan de 5662 (19 de junho de 1902), Serebrinka.

"A viagem de Lubavitch a Serebrinka segue pelas estradas Shileve e Zari'etche através das aldeias de Slabaditch, Chaimovka e Shubkes, e passa pela cidade de Rudnia. De Rudnia pega-se a auto-estrada até o desvio para Serebrinka. Ao passarmos pela estalagem à beira da estrada de Chaimovka, papai deu ordem de parada, lavou as mãos, e ainda sentado no coche, fechou seus olhos e recitou tefilá haderech, a prece da estrada, para uma viagem segura.

"Mais tarde, ao passarmos por um arvoredo, papai respirou fundo e, dizendo que estava exausto, pediu que o coche andasse mais devagar. Fechando os olhos, recostou-se de lado e descansou por um quarto de hora. Meu coração encolheu-se dentro do peito à vista de sua saúde enfraquecida. Abriu então os olhos e deu ordens para que os cavalos voltassem a seu passo regular.

"À distância, vimos dois andarilhos que descansavam à beira da estrada. Quando nos aproximamos, reconheci dois chassidim, Reb Peretz e Reb Menachem Mendel, ambos professores na escola de Beshenkovitz. Quando disse a papai quem eram, ele disse ao cocheiro que diminuísse a velocidade e que passasse perto do local onde estavam sentados. Ao passarmos pelos dois, tivemos uma magnífica visão:

"Reb Peretz e Reb Menachem Mendel estavam sentados com seus tsitsits e kipot, e os casacos, sapatos, chapéus e bengalas pousados ao lado. Reb Menachem Mendel senta-se apoiado nos cotovelos, os olhos fechados; está ouvindo seu amigo Reb Peretz, que também senta-se com os olhos fechados e está revisando um discurso de ensinamento chassídico em um ritmo especial usado na revisão de Chassidut, gesticulando com as mãos no modo empregado por alguém quando está explicando um pensamento profundo.

"Paramos por vários minutos e observamos os dois, que nada perceberam. Quando retomamos nossa viagem, papai declarou que estavam revisando o discurso 'Quem mediu a água com seu passo', que era pronunciado por papai no segundo dia da Festa de Shavuot.

"Contei a papai que Reb Peretz e Reb Menachem Mendel haviam me dito que este Shavuot assinalava sua 33ª viagem anual a Lubavitch, a primeira foi em 5631. Desde então, todos os anos, incluindo os anos nos quais papai estava fora de casa, eles caminhavam até Lubavitch. É seu costume chegar a Lubavitch antes de Shavuot e ficar durante o Shabat que se segue à festa. Então voltam para casa, novamente viajando a pé.

"Passamos pela cidade de Rudnia e chegamos à estrada, que passa pelo mercado. Esperando por nós estavam os rabinos, os principais chefes de família e seus três professores – Reb Yerachmiel, Reb Yehoshua e Reb Nassan Yitschac – juntamente com seus alunos, uns 50 meninos. Todos haviam ido para saudar papai e abençoá-lo. Papai mandou parar o coche e falou à assembléia por vários minutos, abençoando-os para um verão pacífico e repleto de fartura.

"Continuamos viagem. Aparentemente a cena com Reb Perez e Reb Menachem havia provocado uma profunda impressão em papai, pois ao partirmos, ele disse: 'Por 5611 anos, nove meses, treze dias e quinze horas, e muitos minutos, um certo pedaço de terra tem esperado por Peretz e Mendel. Tem esperado que eles lá se sentassem e revisassem as palavras de Torá, e assim cumprir e trazer à luz, a vontade Divina que está imbuída da Idéia celestial original da Criação, que está selada na infinita luz Divina expressa em Sua essência. Esta vontade celestial e conhecimento de forma alguma se chocam com o livre arbítrio que o Todo Poderoso garantiu a cada indivíduo'.

"'Os professores chassídicos são os verdadeiros luminares do lar judaico. São os Avrahams de sua geração, que trazem Divindade ao lar judaico. Rabi Dovber de Lubavitch mostraria maior consideração aos professores que aos rabinos, e diria: 'São os professores que fazem os judeus receptivos à Divindade.'

"Neste ponto, saímos da auto-estrada para uma via secundária. Logo passamos por fileiras de árvores e a casa na colina tornou-se visível. Este é nosso alojamento de verão na propriedade rural de Serebrinka, que o Todo Poderoso nos conceda uma chegada com sucesso. Reb Gershon, o ferreiro, havia preparado sopa e leite, e tinha arrumado a refeição na varanda, com vista para os campos. Após tomar uma chávena quente de sopa, fui visitar o parque, como contado acima, e agora sento-me e escrevo. O ar é bom e tudo está quieto e repousante."