A Parashá Ki Tissá contém um diálogo interessante entre Moshê e D’us. (Shemot 33,18-23) “Mostra-me, rogo, Tua glória”, pede Moshê. Ao que D’us responde: “Não podes ver minha face... verás Minhas costas, mas Minha face não será vista.”
É óbvio que a Torá fala em termos simbólicos. “Face” refere-se a uma revelação clara da Divindade, tal qual o rosto de uma pessoa revela seu interior; avistar as “costas” de uma pessoa revela muito menos sobre ela. Mas o que foi que D’us mostrou a Moshê?
Rashi, o grande comentarista, explica que D’us mostrou a Moshê o nó de Seus tefilin.
Que tipo de resposta foi essa, para o pedido de Moshê?
Para conseguir entender, temos que inserir o diálogo em seu devido contexto. Moshê fez esse pedido após o pecado do Bezerro de Ouro. Após tão grave pecado, como poderiam chegar a ser perdoados? Que mérito teriam para que D’us os absolvesse da idolatria? Rashi explica que a resposta de D’us foi ensinar a Moshê o jeito correto de um judeu rezar por misericórdia Divina.
O pecado, em si, desafia a lógica. Como pode um judeu, membro de uma nação descrita como “pessoas de fé, descendentes de pessoas de fé”, chegar a pecar? Como pode um judeu, que acredita, no fundo do coração que D’us criou o Universo e continua a sustentá-lo a cada minuto do dia, negar isso indo contra a vontade de D’us?
A resposta é que todo e qualquer pecado origina-se no esquecimento. Um judeu só peca quando se esquece da verdadeira natureza do Universo, quando esquece que D’us é a única realidade absoluta é que se desvia do caminho certo. No instante em que o judeu se lembra disso, não há espaço para o pecado, que automaticamente deixa de existir.
É esse o significado do nó dos tefilin. Se o pecado não passa de uma conseqüência do esquecimento, ele só precisa ser lembrado por D’us para que não peque. Isso é realizado pelo talit e tsitsit cuja função é lembrar ao judeu de sua missão na vida, como consta na Torá: “E os vereis e lembrareis”. Os tefilin têm a mesma função: “E serão como lembretes [acima da testa] entre teus olhos.”
Mais especificamente, é o nó dos tefilin que simboliza isso, como um nó serve tanto como lembrete (tal qual se amarra um nó em volta do dedo para lembrar algo), como símbolo do nó que une D’us ao povo judeu.
Ao mostrar a Moshê o nó dos tefilin, D’us estava lhe ensinando como procurar expiação, pois se sempre tivermos em mente que não existe nada além de D’us, não há espaço para o pecado.
Clique aqui para comentar este artigo