Certa vez, um não-judeu passou por uma sinagoga e ouviu a voz do rabino ensinando as crianças: "Estas são as vestes que devem fazer: a placa peitoral, o avental..." O mestre lia a parashá que versava sobre os adornos do Sumo Sacerdote. O não-judeu parou e indagou: "Quem recebe todas essas roupas maravilhosas?" "O Sumo Sacerdote judeu" - responderam. O não-judeu pensou: "Converter-me-ei para que receba estas roupas gloriosas!"

Dirigiu-se à casa de estudos do Sábio Shamai. "Aceite-me como um convertido ao judaísmo, com a condição de que me torne Sumo Sacerdote!" Shamai expulsou-o com o bastão que estava em suas mão. (Agiu assim de boa-fé, a fim de proteger a honra da Torá. Considerou o pedido uma afronta à Torá.)

O pretenso convertido então tomou o rumo da casa de estudos do Sábio Hilel, e repetiu seu desejo de converter-se ao judaísmo a fim de se tornar Sumo Sacerdote. Hilel aceitou-o. Contudo, advertiu-o: "Antes de assumir uma posição elevada, uma pessoa deve familiarizar-se com as regras de conduta a essa pertinente. Vá estudar as leis referentes ao sacerdócio!"

O homem estudou Torá, e logo chegou ao versículo: "O não-cohen que se aproxima disso (do serviço sacerdotal) morrerá." "A quem este versículo se refere?" - inquiriu. Disseram-lhe: "A qualquer um que não nasceu da família de Aharon, mesmo o próprio Rei David!"

O convertido compreendeu o total significado dessas palavras. Raciocinou: "Se mesmo um judeu de nascimento não pode assumir as funções de um cohen, eu, um estrangeiro, certamente não poderia tornar-me um!" Voltou a Shamai e disse-lhe: "Por que não me disse que não poderia me tornar um Sumo Sacerdote, uma vez que a Torá proíbe um não-cohen de realizar o serviço?"

Para Hilel, disse: "Que possa se tornar o receptáculo de todas as bênçãos Celestiais. Sua humildade trouxe-me para sob as asas da Shechiná."

Mais tarde, esse convertido teve dois filhos. Chamou um de Hilel, e o outro de Gamliel (o nome do neto de Hilel). Sua família ficou conhecida como "guerê Hilel - os convertidos de Hilel."