Se um judeu quiser pegar os ovos ou os filhotes de um ninho, ele deve, antes, afugentar o pássaro-mãe. Se a ave retornar, ele precisa afugentá-la novamente. Não é permitido pegar os ovos ou os filhotes do ninho enquanto a mãe ainda estiver perto. Esta mitsvá se aplica apenas às aves selvagens casher. Se alguém cria patos ou galinhas em seu quintal, pode pegar os ovos.
A Torá não nos diz porque temos de afugentar a mãe do ninho. Uma explicação é que D’us não quer que destruamos uma família inteira de pássaros de uma vez. Do mesmo modo, Ele proibiu-nos de abater a mãe de um animal e suas crias no mesmo dia. Estas mitsvot nos ensinam a sermos misericordiosos.
Outra explicação é que a mãe-pássaro fica muito triste ao ser separada de seu ninho. Ela chora de sofrimento, despertando, assim, a misericórdia de D’us. Por conseguinte, D’us é misericordioso com todos os que por Ele clamam.
Contudo, não precisamos de uma explicação para cumprirmos uma mitsvá. Ao realizar uma mitsvá, devemos pensar: "Fazemos a mitsvá porque D’us a ordena!"
Qual a recompensa da mitsvá de de afugentar a mãe do ninho? A Torá promete: "Será bom para ti. Terás uma vida longa."
Que outra mitsvá da Torá promete vida longa? A mitsvá de honrar os pais.
É muito mais difícil cumprir a mitsvá de honrar os pais que a de afugentar a mãe do ninho. A mitsvá de kibud av vaem (honrar pai e mãe) demanda muito mais tempo e dedicação!
Afugentar a mãe do ninho, em comparação, é bem mais simples. Não constitui grande esforço, e leva só alguns instantes.
Como a Torá pode prometer a mesma recompensa tanto para uma mitsvá difícil como para uma fácil?
O seguinte mashal, parábola, nos ajudará a compreender.
O Jardim do Rei
Um rei possuía um lindo jardim, com diversas espécies de árvores, como laranjeiras, macieiras e pereiras. No jardim também cresciam plantas raras, e verduras fresquinhas. O rei contratou jardineiros para cuidarem do jardim. Cada jardineiro era responsável por uma planta.
Ao término de um mês, o rei mandou que todos os jardineiros se apresentassem, pois ele iria lhes pagar. O rei perguntou ao primeiro jardineiro: "De que planta você cuidou?"
"Da pimenteira," respondeu o operário.
"Por isso, você receberá uma moeda de ouro," disse-lhe o rei. Satisfeito, o trabalhador recebeu seu salário e saiu.
"Você cuidou de que planta?" perguntou o rei ao próximo trabalhador.
"Cuidei das esplêndidas flores brancas," replicou o jardineiro.
"Por isso, você receberá meia moeda de ouro," disse o rei.
Ao questionar o terceiro jardineiro, este respondeu que cultivara a oliveira.
"A oliveira me é muito cara," disse o rei. "Você receberá duzentas moedas."
E desse modo, o rei pagou todos os jardineiros. Alguns receberam altos salários, outros bem menos. Não demorou muito para que os jardineiros começassem a discutir e brigar entre si.
"Sua Majestade," reclamaram, "porque não nos disse o salário para cada planta antes que começássemos a trabalhar? Assim, poderíamos ter escolhido com quais plantas trabalharíamos!"
"É exatamente por isso que não lhes revelei seu salário de antemão," sorriu o rei. "Preciso de todas as plantas deste jardim. Se eu tivesse lhes dito que o pagamento para determinadas plantas é menor, ninguém se daria ao trabalho de cultivá-las."
A Lição da Parábola
D’us quer que cumpramos tantas mitsvot quantas forem possível. Se Ele nos tivesse dito de antemão a recompensa para cada mitsvá, as pessoas se dedicariam mais para cumprir as mitsvot de maior relevância, e negligenciariam as de menor recompensa. Para nos mostrar que não devemos tentar calcular que mitsvá é mais "valiosa", D’us nos dá a conhecer que ambas as mitsvot, honrar os pais e afugentar a mãe do ninho têm a mesma relevância. Disto aprendemos que não podemos saber a recompensa de cada mitsvá . Isto nos ajuda de duas maneiras:
1. Cumpriremos igualmente todas as mitsvot.
2. Cumpriremos as mitsvot leshem shamayim, para cumprir a vontade de D’us, e não por termos alguma recompensa em mente.
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